Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Após a conclusão do inquérito que apura a existência de uma organização criminosa acusada de articular uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, a Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira (21/11) Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas.

Recentes investigações da PF revelaram que havia planos de assassinato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice Geraldo Alckmin para que não assumissem o cargo.

Além de Bolsonaro, também foram indiciados o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa derrotada do ex-presidente em 2022, e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e acusa os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. É a terceira vez que Bolsonaro é indiciado.

Imprensa internacional afirma que presidente indiciado pela terceira vez 'flertava repetidamente com a ameaça de ruptura democrática'

Imprensa internacional afirma que presidente indiciado pela terceira vez ‘flertava repetidamente com a ameaça de ruptura democrática’
Jair Bolsonaro/Facebook

Confira a repercussão na imprensa internacional:

Guardian

O jornal britânico Guardian colocou o episódio como uma “conspiração criminosa destinada a destruir o sistema democrático do Brasil por meio de um golpe de Estado de direita”, e chamou o ex-presidente de “um capitão do exército desonrado que se tornou político populista”.

New York Times

O New York Times, veículo norte-americano, por sua vez, colocou que as autoridades brasileiras estavam recomendando acusações criminais contra o político de extrema-direita devido ao “seu papel em uma ampla conspiração para se manter no poder depois de perder a eleição presidencial de 2022″.

“As acusações aumentam drasticamente os problemas legais de Bolsonaro”, continuou o jornal, afirmando que estas “destacam a extensão do que as autoridades chamaram de uma tentativa organizada de subverter a democracia brasileira”.

O Times também relembrou que a PF já indiciou Bolsonaro outras duas vezes, por seu “esforço para falsificar seus registros de vacinação contra a Covid-19″ e “um plano para desviar joias que ele recebeu como presentes de líderes estrangeiros enquanto estava no cargo”.

A matéria terminou com o jornal dizendo que, em 2022, “Bolsonaro começou a semear em alto e bom som dúvidas infundadas sobre a segurança das máquinas de votação do país”, e que tal episódio “alarmou muitas pessoas no Brasil, um país governado por uma ditadura militar brutal de 1964 a 1985″.

Washington Post

O também norte-americano Washington Post seguiu uma linha similar, relembrando que “outras investigações se concentram em seus possíveis papéis no contrabando de joias com diamantes para o Brasil sem declará-las adequadamente e na orientação de um subordinado para falsificar o status de vacinação contra a COVID-19 dele e de outros”.

El País

Enquanto isso, o periódico espanhol El País afirmou que o político “pretendia ignorar o resultado da eleição e impedir que o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva voltasse ao poder”.

“Durante todo o seu mandato, Bolsonaro adotou um discurso que flertava repetidamente com a ameaça de ruptura democrática”, continuou o texto.

O veículo destacou, ainda, que o ex-presidente “chegou ao ponto de proclamar que desobedeceria ao Ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes, além de insultá-lo”, e que “em outubro de 2023, recusou-se a reconhecer a vitória eleitoral de Lula em outubro de 2022 na eleição mais acirrada da história do Brasil”.

Al Jazeera

A agência catari Al Jazeera recordou que “pouco depois de Lula assumir o cargo em janeiro de 2023, milhares de apoiadores de Bolsonaro, irritados com os resultados das eleições, invadiram o palácio presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal na capital, Brasília”.

“Na época, alguns manifestantes disseram que queriam criar as condições para um golpe militar, e há muito tempo há dúvidas sobre o envolvimento de Bolsonaro na instigação dos tumultos”, disse ainda o texto, que adotou tom crítico aos apoiadores do político.

Clarín

O jornal argentino Clarín noticiou o indiciamento trazendo, em um primeiro momento, todos os fatos relacionados à decisão da Polícia Federal, explicitando que a prisão de Bolsonaro não foi solicitada.

O periódico explicou que o documento divulgado pela PF “encerra a primeira fase da investigação sobre supostas tramas subversivas desenvolvidas por Bolsonaro junto com alguns de seus ministros e seus colaboradores mais próximos”, chamando de “cabeça e coração da antiga administração” os 37 suspeitos que também foram indiciados por tentativa de golpe.

Ainda, o Clarín traz a informação de que além do envolvimento no ataque de 8 de janeiro, o qual chamou de “atos golpistas”, em Brasília, a investigação ainda aborda os planos desarticulados pela polícia para envenenar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, nesta semana durante o evento do G20 no Rio de Janeiro.

Le Monde

De forma similar, o jornal francês Le Monde trouxe as informações factuais, e relacionou o caso com uma postagem de Bolsonaro no X, antigo Twitter.

Destacou o veículo: “Jair Bolsonaro acusou o juiz responsável pela investigação de agir fora ‘da lei’”, que continuou, trazendo a publicação, que dizia que o juiz Alexandre de Moraes “faz tudo o que a lei não manda”.