Bolívia: urnas são fechadas e 1º turno eleitoral é encerrado
TSE informou que pleito ocorreu ‘pacificamente’; resultados preliminares devem ser divulgados às 22h, enquanto relatório completo levará dias
As urnas foram fechadas após o dia eleitoral deste domingo (17/08) na Bolívia. De acordo com o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o pleito ocorreu pacificamente e os resultados preliminares serão divulgados às 21h (22h no horário de Brasília).
Um relatório completo para certificar o resultado levará de três a quatro dias para ser concluído, pois todo o processamento é feito manualmente. Para vencer a eleição no primeiro turno, os candidatos precisam de maioria absoluta ou 40% dos votos, com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Caso contrário, um segundo turno entre os dois primeiros colocados ocorrerá em 19 de outubro .
O pleito ocorreu sob rigorosos protocolos de segurança e na presença de 3.500 observadores de 19 organizações nacionais e internacionais (14 internacionais e cinco nacionais), de acordo com informações fornecidas pela ministra das Relações Exteriores, Celinda Sosa.
De acordo com o presidente do TSE, Óscar Hassenteufel, às 12h (13h no horário de Brasília) 100% das seções eleitorais, ou seja, 34.026 no total, estavam abertas. Também informou que todas as seções no exterior estavam funcionando normalmente.
Hassenteufel observou que houve incidentes isolados, mas que não afetaram a normalidade do dia.
Presidenciáveis exerceram seus votos
Durante a manhã, os candidatos presidenciais José “Tuto” Quiroga, Jhonny Fernández, Samuel Doria Medina, Manfred Reyes Villa, Eduardo del Castillo e Andrónico Rodríguez votaram.
Contudo, Rodríguez foi agredido com pedras e gritos por um grupo de pessoas após exercer seu direito de voto no município de Entre Ríos, no departamento de Cochabamba.
O político conseguiu concluir o processo eleitoral apesar da violência sofrida. As autoridades locais relataram que reforçaram a segurança na área para evitar novos confrontos e garantir a realização pacífica da eleição.
Após o episódio, Rodríguez deixou a seção eleitoral e expressou na rede social X: “cumprimos nosso dever democrático de votar. Cada voto é uma voz, uma esperança e um compromisso com o futuro do nosso país”.
O presidente Luis Arce exerceu seu direito de votar antecipadamente enfatizou a importância das eleições “para preservar a democracia” e pediu aos cidadãos que compareçam às urnas e cumpram “seu dever de votar para eleger futuros líderes”.
Arce chegou cedo para votar na escola Miguel de Cervantes, localizada no bairro de Miraflores, em La Paz. Após votar, ele pediu aos cidadãos que comparecessem às urnas em massa como parte de um processo que ele descreveu como “um exercício de unidade e compromisso com a democracia”.
“Hoje é um dia muito importante para todo o país. E apesar daqueles que acreditavam que não chegaríamos a esse dia, e apesar daqueles que não queriam que esse processo chegasse ainda ao dia da eleição, felizmente o alcançamos graças a todos os esforços do governo nacional”, disse ele.
O presidente aproveitou a ocasião para afirmar que seu governo “entrará para a história por ter salvaguardado a democracia” após o golpe de Estado que derrubou o governo eleito de Evo Morales em novembro de 2019.
“O povo nos enviou para restaurar a democracia, e não apenas a restauramos, como a preservamos apesar de tudo, entregaremos uma solução democrática e uma transição democrática”, enfatizou.

Bolivianos escolheram próximo presidente, vice-presidente, 36 senadores, 130 deputados e nove representantes parlamentares perante organismos supranacionais
TSE Bolivia/X
Confira informações gerais sobre a eleição
Mais de 7,5 milhões de cidadãos bolivianos puderam eleger suas novas autoridades legislativas e presidenciais no primeiro turno deste domingo (17/08). O número inclui mais de 360 mil bolivianos residentes em 22 países, que exercerão seu direito ao voto de forma consular.
Apenas cinco países concentram 95% dos bolivianos que votarão no exterior. Em primeiro, a Argentina (162.531), seguido por Espanha (82.273), Brasil (47.623), Chile (44.801) e Estados Unidos (15.222).
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do país habilitou 3.733 locais eleitorais distribuídos em todo o território nacional para que os cidadãos escolham seu próximo presidente, vice-presidente, 36 senadores, 130 deputados e nove representantes parlamentares perante organismos supranacionais. As seções eleitorais foram abertas às 8h (9h no horário de Brasília) e funcionaram durante oito horas.
A Bolívia tem oito estados, chamados de departamentos. Cada um elegerá quatro senadores. Já os deputados são proporcionais à população. Assim sendo, Santa Cruz de La Sierra e La Paz, com mais de 2 milhões de eleitores registrados, terão 29 deputados cada. Cochabamba, que tem 1,4 milhões de bolivianos habilitados para votar, elegerá 14 deputados. Os demais estados são Potosí (13), Oruro (9), Tarija (9), Chuquisaca (9), Beni (8) e Pando (5).
Embora o TSE tenha inicialmente habilitado nove organizações políticas, a disputa presidencial se concentrou em sete forças principais:
Autonomia Para a Bolívia (APB-Súmate), com Manfred Reyes Villa
Aliança Liberdade e Progresso (ADN), com Jorge “Tuto” Quiroga
Aliança Popular, com Andrónico Rodríguez
Aliança Unidade, com Samuel Doria Medina
Partido Democrata Cristão (PDC), com Rodrigo Paz
Movimento ao Socialismo (MAS-IPSP), com Eduardo del Castillo
Aliança Força do Povo, com Jhonny Fernández
Diante do cenário eleitoral, é possível que pela primeira vez na história da Bolívia uma disputa presidencial chegue ao segundo turno. Uma segunda rodada de votos caso nenhum candidato consiga maioria absoluta ou mais de 10% de vantagem perante o segundo colocado foi instituída na Constituição de 2009 do país. Desde então, os candidatos do MAS sempre garantiram suas vitórias nos primeiros turnos.
Dois candidatos conservadores lideram as pesquisas para as eleições presidenciais na Bolívia. Segundo o último levantamento da AtlasIntel, o ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga lidera as intenções de voto com 22,3%, seguido pelo postulante de centro-direita Samuel Doria Medina, com 18%.
O presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, candidato independente da esquerda, aparece com 11,4%, atrás dos votos brancos e nulos (14,6%). Já Eduardo Del Castillo, candidato apoiado por Arce, está com apenas 8,1%, atrás até dos indecisos (8,4%).
Como todos os candidatos estão longe de obter maioria absoluta ou a vantagem de 10% sobre o segundo colocado, espera-se um segundo turno em 19 de outubro.
(*) Com Ansa, Brasil de Fato e TeleSUR























