Bad Bunny será atração principal do Super Bowl 2026 e provoca polêmica na extrema direita dos EUA
Artista porto-riquenho defende a independência do seu país e critica a política anti-imigração de Donald Trump
No último domingo (28/10), a Liga Nacional de Futebol Americano (NFL, na sigla em inglês) anunciou que o porto-riquenho Bad Bunny será a atração principal do show do intervalo do Super Bowl, campeonato de futebol americano, marcado para fevereiro de 2026. O anúncio rapidamente gerou forte reação da extrema direita norte-americana, que acusa o artista de adotar posturas “anti-EUA”.
A polêmica não ficou restrita às redes sociais: o próprio governo Trump entrou no debate. Corey Lewandowski, assessor do Departamento de Segurança Interna, classificou a decisão como “vergonhosa”, afirmando que o cantor “parece odiar os Estados Unidos”.
As declarações foram dadas em entrevista ao podcast conservador The Benny Show, na qual Lewandowski afirmou que o governo estaria preparando uma grande operação antimigração para realizar batidas durante o evento.
“Não há nenhum lugar neste país que ofereça um refúgio seguro para pessoas que estão aqui ilegalmente. Nem no Super Bowl nem em qualquer outro lugar”, disse o assessor de extrema direita. Em tom ameaçador, Lewandowski acrescentou: “Nós vamos encontrá-los. Vamos detê-los. Vamos levá-los a um centro de detenção e deportá-los. Portanto, tenham em mente que essa é uma situação muito real sob esta administração”.
A escolha de Bad Bunny para o Super Bowl ocorre após o porto-riquenho ter deixado os Estados Unidos de fora de sua atual turnê mundial, Debí tirar más fotos. Segundo o próprio artista, a decisão foi motivada pelo receio de que seus shows fossem usados pelas autoridades migratórias para realizar batidas contra imigrantes.
“No suelte’ la bandera ni olvide’ el lelolai”
O cantor porto-riquenho, três vezes vencedor do Grammy e líder nas indicações ao Grammy Latino 2025, não é apenas um dos artistas mais influentes e mais ouvidos do planeta, mas também um defensor ativo pela independência de Porto Rico — que segue sob status colonial em relação aos Estados Unidos — e dos direitos dos imigrantes no país.

Rapper leva ao mundo a luta por independência de Porto Rico
@badbunnypr / Instagram
Em uma cena do videoclipe mais recente da música NUEVAYoL, um grupo de imigrantes, sentado ao redor de um rádio em uma ambientação dos anos 1970, faz silêncio para ouvir um anúncio. Nesse momento, surge a voz de Trump: “Cometi um erro, quero pedir desculpas aos imigrantes da América. Estou nos Estados Unidos, sei que a América é todo o continente. Quero dizer que este país não é nada sem os imigrantes”. O vídeo foi lançado em 4 de julho — data em que os EUA celebram sua independência.
Influentes youtubers ligados ao movimento Maga (sigla em inglês para Faça a América Grande Novamente), como Nick Adams, fizeram um chamado aberto para boicotar o Super Bowl LX, classificando a escolha do artista como “um ato de provocação política”.
Diante das críticas recebidas por Bad Bunny, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, usou as redes sociais para escrever: “O que significa a censura a Bad Bunny? Acho que o leitor deve entender que estão destruindo a democracia no mundo”. O mandatário ainda deixou o que soou como um convite público ao artista: “Seria bonito um bom show do Bad Bunny na Colômbia”.
BAILE INoLVIDABLE
O show do intervalo do Super Bowl é um dos eventos mais populares dos Estados Unidos. Ele acontece desde a primeira edição do campeonato, em 1967, já que a partida sempre contou com apresentações musicais no intervalo. No entanto, foi a partir dos anos 1990 que o espetáculo se transformou em um verdadeiro fenômeno de massa. Desde então, artistas como Michael Jackson, Diana Ross, Madonna, Stevie Wonder, Prince e os Rolling Stones já passaram pelo palco.
Atualmente, a apresentação reúne mais de 130 milhões de espectadores todos os anos, além de contar com milhões de visualizações nas redes sociais.
Neste ano, a performance do rapper Kendrick Lamar foi cercada de polêmicas e críticas por parte do movimento Maga, depois que o artista — vencedor de 22 prêmios Grammy — usou o show para reforçar suas já conhecidas reivindicações em favor da cultura negra norte-americana. Suas letras fizeram referência à desigualdade sistêmica e ao racismo nos Estados Unidos.























