Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, afirmou neste domingo (22/09) que sente “pena pelo Brasil” ao recordar a defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez recentemente da ditadura de Augusto Pinochet no Chile, quando justificou o assassinato do pai da socialista pelo regime.  

No início do mês, com a Amazônia em chamas em consequência dos incêndios florestais, Bachelet criticou a “redução do espaço cívico e democrático” no Brasil. Bolsonaro respondeu com elogios à ditadura de Pinochet (1973-1990).

“Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, bem, que dia que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil”, disse Bachelet em entrevista à Televisão Nacional do Chile (TVN).


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O capitão da reserva do Exército e atual presidente do Brasil elogiou a “coragem” da ditadura chilena para deter a esquerda e “comunistas como seu pai”, um general da Aeronáutica que morreu na prisão em 1974 depois de ser torturado pelo regime.

"Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, bem, que dia que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil", disse

UN Photo/ Jean Marc Ferré

Bachelet disse ter "pena pelo Brasil"

Bachelet afirmou que a “redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil”, em uma longa entrevista à TVN, divulgada parcialmente neste domingo pelo jornal La Tercera, na qual considera que na área de direitos humanos “não existe nenhum país perfeito”.

Venezuela

Sobre outros temas, a ex-presidente voltou a se defender de novas informações da imprensa que vinculam sua campanha para conquistar o segundo mandato à frente do Chile em 2014 a contribuições da empreiteira brasileira OAS.

“Minha verdade é a mesma de sempre. Eu não tenho, nunca tive vínculos com OAS nem com qualquer outra empresa”, disse Bachelet, que considerou “estranho” o retorno do tema à imprensa.

Ao falar sobre seu papel na crise da Venezuela, Bachelet respondeu que muitos, de modo equivocado, a observam como a “virgem Maria”, aquela que pode solucionar o problema.

“Sou Alta Comissária e quero manter minha relação com o Estado venezuelano para seguir trabalhando e para ajudá-los a resolver a situação crítica dos direitos humanos”, disse. Para as Nações Unidas, “Juan Guaidó é o presidente da Assembleia e o presidente eleito é Nicolás Maduro”, completou a socialista.

Na mesma entrevista, Bachelet, que governou seu país entre 2006-2010 e 2014-2018, garantiu que não voltará a ser candidata à presidência do Chile.