Avós da Praça de Maio lançam campanha no Uruguai para encontrar netos roubados pela ditadura
Organização argentina lança trabalho conjunto entre os países na tentativa de resgatar 197 crianças ainda desaparecidas
A associação civil argentina Abuelas de Plaza de Mayo (avós da Praça de Maio), juntamente com a Comissão pelo Direito à Identidade, lançou nesta segunda-feira (03/11) o Núcleo Uruguaio, uma iniciativa que promove o trabalho conjunto entre Uruguai e Argentina para encontrar netos nascidos entre 1975 e 1983 — período que abrange os anos finais de governos autoritários e a própria ditadura militar argentina (1976-1983).
“Atualmente, o objetivo da Rede é promover a busca e o direito à identidade”, explicou o Ministério das Relações Exteriores do Uruguai em um comunicado. A rede oferece “orientação a pessoas que têm dúvidas sobre sua identidade e/ou que desejam contribuir com informações sobre possíveis casos de apropriação indevida”.
As avós da Praça de Maio estimam que o terrorismo de Estado se apropriou das identidades de cerca de 500 crianças, a maioria delas nascidas em cativeiro durante a ditadura argentina (1976-1983). Mais de 300 pessoas ainda estão desaparecidas.
No Uruguai, a ditadura (1973-1985) deixou 197 pessoas desaparecidas; até o momento, os restos mortais de 33 foram encontrados. Todo dia 20 de maio acontece no país a Marcha do Silêncio, organizada por familiares de desaparecidos que seguem exigindo respostas das autoridades sobre os crimes do regime militar.
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Macarena Gelman, neta do poeta Juan Gelman e da cofundadora das Abuelas María Eugenia Casinelli, que se reencontrou com a família em 2000, afirmou durante a apresentação do evento que a ajuda das autoridades será fundamental para uma campanha de busca que, acrescentou, tentará ir além de Montevidéu.
“Como filha de argentinos que foi encontrada aqui, tenho motivos para acreditar que eu não era necessariamente a única filha de argentinos que poderia estar aqui”, afirmou ela.
O evento também contou com a presença do Presidente da República, Yamandú Orsi, da Vice-Presidente, Carolina Cosse, e da Diretora da Secretaria de Direitos Humanos sobre o Passado Recente, Alejandra Casablanca, entre outras autoridades.
A rede opera em 40 cidades na Argentina, Espanha, França, Itália, Estados Unidos e Canadá, e é composta por instituições governamentais, ONGs e voluntários. Ela colabora com as Avós da Praça de Maio e o Banco Nacional de Dados Genéticos. Ao longo do tempo, estabeleceu “núcleos de busca” em países onde as Avós da Praça de Maio não tinham filiais, como Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá e diversos países europeus.























