Ataque dos EUA no Caribe matou dois cidadãos de Trinidad e Tobago
Segundo jornal local CNC3, bombardeio de Washington contra ‘embarcação associada a redes narcoterroristas ilícitas’, na verdade, atingiu barco de pescadores
O mais recente ataque promovido pelos Estados Unidos no Caribe, em meio às ameaças contra a Venezuela, matou dois cidadãos de Trinidad e Tobago, de acordo com as famílias das vítimas.
A ofensiva anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, na última terça-feira (14/10) matou seis pessoas, entre elas Chad “Charpo” Joseph, um homem ligado à comunidade pesqueira do país, segundo o jornal local CNC3.
O periódico aponta que o homem de 26 anos era morador da região litorânea de Las Cuevas, mas estava passando alguns meses com sua família na Venezuela, que fica a apenas 11 quilômetros de distância de Trinidad e Tobago.
Joseph estava no navio pesqueiro ao lado de outro trinitário-tobagense, apenas identificado como Samaroo, e quatro venezuelanos.
A família de Joseph classificou o ataque como “um ato de maldade”. Sua mãe, Lenore Burnley, afirmou que ele não estava envolvido com drogas ou tráfico, de acordo com as alegações de Washington sobre o barco.
“Acho errado. Não está certo. A lei marítima diz que eles deveriam parar o barco e interceptá-lo, não explodi-lo daquele jeito. Essa é a nossa lei marítima de Trinidad e Tobago, e acho que todo pescador e todo ser humano sabe disso”, afirmou, ressaltando que soube da morte de seu filho por relatos de outras pessoas e que não poderá realizar um funeral.

Washington afirmou, sem provas, que ataque foi realizado “contra embarcação associada a redes narcoterroristas ilícitas”
Official White House Photo by Daniel Torok
Já um amigo da vítima, que se identificou como Kern, afirmou ao CNC3 que a ação norte-americana foi realizada sem provas.
“O que os EUA estão fazendo é desumano. Se explodirem o barco, que provas eles têm de [que há] drogas. Qual é o desfecho que a família está tendo agora?”, perguntou ele.
De acordo com Kern, “o clima na comunidade pesqueira era de tristeza” devido à morte do colega, em meio a questionamentos sobre a legalidade do bombardeio.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a polícia de Trinidad e Tobago está investigando o ataque e a morte dos dois cidadãos do país. Segundo as autoridades, os dois homens estavam no barco atingido, mas não confirmaram suas mortes.
Washington afirmou, sem apresentar provas, que o ato foi realizado “contra uma embarcação associada a redes narcoterroristas ilícitas”.
“Sob minhas autoridades permanentes como comandante-chefe, esta manhã, o secretário da Guerra ordenou”um ataque cinético letal contra uma embarcação afiliada a uma Organização Terrorista Designada (DTO) que realizava tráfico de drogas na área de responsabilidade do Comando Sul dos Estados Unidos”, escreveu Trump por meio da rede Truth Social.
O governo venezuelano denuncia as ameaças norte-americanas no Caribe como forma de mascarar suas atividades para realizar golpes de Estado ou promover “mudanças de regime”, referindo-se ao governo do presidente Nicolás Maduro. Caracas também afirma que essas intervenções se escondem “por trás de supostas operações de combate ao narcotráfico”.























