Ataque ao Mais Médicos: EUA cancelam vistos de familiares do ministro Alexandre Padilha
Governo Trump tem aplicado sanções contra funcionários brasileiros por colaboração entre programa de saúde e médicos cubanos
O governo dos Estados Unidos cancelaram, nesta sexta-feira (15/08), os vistos dos membros da família do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na esteira das retaliações contra funcionários do governo brasileiro ligados ao programa Mais Médicos, sob a alegação de que “o programa apoiaria trabalho forçado em Cuba”.
Padilha, que também foi ministro da Saúde durante o governo Dilma Rousseff (2011-2016) foi o responsável pela implementação do programa Mais Médicos, criado com o objetivo de atender regiões remotas e com escassez desses profissionais. Entre 2013 e 2018, médicos cubanos participaram do programa por meio de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
A informação foi divulgada pela GloboNews e confirmada pela CNN Brasil. A família do ministro, sua esposa e filha de 10 anos de idade, foi informada dos cancelamentos nesta manhã por meio de comunicado enviado pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo.
Nos e-mails recebidos, o governo norte-americano afirmou que os vistos foram cancelados porque, após a emissão, “surgiram informações indicando” que a esposa do político brasileiro e sua filha, de 10 anos, não eram mais elegíveis. Padilha não teve seu visto revogado porque o documento está vencido desde 2024, e portanto não é passível de cancelamento.
Até o momento, o governo de Donald Trump cancelou os vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta e atual coordenador-geral para 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

Após sanção aos funcionários brasileiros, Padilha defendeu programa que, segundo ele, “sobreviverá aos ataques injustificáveis”
Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Em comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, justifica que os servidores teriam contribuído para um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano” por meio do Mais Médicos.
Após a sanção aos funcionários brasileiros, Padilha defendeu o programa que, segundo ele, “sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”.
Exportação de médicos
Os EUA impõem, há mais de 60 anos, um duro bloqueio econômico à ilha caribenha com o objetivo de mudar o regime político do país, estabelecido após a Revolução de 1959. Como a exportação de médicos é uma das principais formas de Cuba conseguir recursos frente ao bloqueio, o governo de Donald Trump tenta, desde o início de seu segundo mandato, constranger os países que recebem profissionais cubanos.
O programa de cooperação cubano existe desde a década de 1960. Ao longo da história, 605 mil médicos cubanos atuaram em 165 nações. Países como Portugal, Ucrânia, Rússia e Espanha, Argélia e Chile já receberam médicos da ilha, segundo dados do Ministério da Saúde de Cuba.
No Brasil, durante o governo de Jair Bolsonaro, o Mais Médicos mudou de nome – para Médicos pelo Brasil – e o acordo com a Opas foi encerrado. Em 2023, o programa foi reformulado e ampliado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, rebatizado como Mais Médicos, com prioridade para profissionais brasileiros e abertura de vagas para outras áreas de saúde, como dentistas, enfermeiros e assistentes sociais.
(*) Com Agência Brasil e Ansa























