Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo da Argentina, presidido por Javier Milei, anunciou nesta terça-feira (30/09) a chegada de militares dos Estados Unidos em seu território, especificamente na província da Terra do Fogo, região patagônica do país.

O anúncio foi feito por meio do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) 697/2025, publicado no Diário Oficial com as assinaturas do presidente e de todo o seu gabinete ministerial.

Na prática, a medida autoriza exercícios militares combinados com os Estados Unidos e o Chile, no âmbito do intitulado “Plano Anual de Exercícios Combinados das Forças Armadas”. As despesas decorrentes da participação argentina serão cobertas pelo Ministério da Defesado país.

A primeira operação, denominada “Solidariedade”, está programada para ocorrer de 6 a 10 de outubro em Puerto Varas, no Chile, e terá como foco a cooperação em resposta a desastres naturais, com base no Acordo de Cooperação bilateral entre os dois países assinado em 1997.

Para o exercício, a DNU autoriza o envio de pessoal e recursos militares argentinos entre 5 e 11 de outubro.

O segundo exercício, denominado “Trident “, ocorrerá na Argentina entre 20 de outubro e 15 de novembro, nas bases navais de Mar del Plata, Ushuaia e Puerto Belgrano. Incluirá operações combinadas de defesa naval e assistência humanitária, com a participação direta de tropas nortes-americanas.

De acordo com o decreto, o objetivo é “melhorar a interoperabilidade e fortalecer as capacidades nacionais em cenários de crise” .

Além de autorizar entrada de tropas dos EUA, governo da Argentina também vai financiar sua participação na parceria
Gage Skidmore/Flickr

Enquanto o “Solidariedade” se concentra na coordenação de emergência, o “Trident” está se preparando para ser o exercício taticamente mais significativo dos últimos anos, combinando forças navais, aéreas e de infantaria da Argentina, Chile e Estados Unidos.

Segundo o governo argentino, as manobras buscam “aumentar a cooperação regional” e promover as Forças Armadas Argentinas em operações multinacionais de segurança e defesa.

Ambaos os exercícios haviam sido contempladas em um projeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional, mas a iniciativa nunca foi considerada.

O Executivo argumentou a “excepcionalidade” da situação e recorreu ao DNU para autorizar a chegada de tropas estrangeiras. No entanto, a decisão gerou um debate político e jurídico, já que o Artigo 75 da Constituição estabelece que a entrada de forças estrangeiras no país depende de aprovação legislativa.

A Comissão Bicameral Permanente, da Câmara dos Deputados, analisará a validade do decreto nos próximos dias, embora, na prática, as operações já tenham cronograma confirmado.

A autorização coincide com um momento de tensão econômica e política na Argentina, em meio a aproximação de Milei com o governo Donald Trump e os protestos sociais contra as políticas do presidente argentino, que resultaram em maior pobreza e precariedade.

Grupos de oposição questionam a “cessão da soberania militar” de Milei sem discussão parlamentar e alertam que os exercícios podem abrir um precedente para o envolvimento direto de tropas norte-americanas em operações em território argentino.

(*) Com TeleSUR