Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo da Argentina, presidido por Javier Milei, revelou os resultados de uma auditoria do Ministério da Saúde, acessada pela imprensa local, que comprova pagamentos excessivos à Agência Nacional de Deficiência (ANDIS).

A revelação dos dados preliminares ocorre em meio às denúncias sobre um suposto caso de corrupção entre a ANDIS e o governo, que teria sido descoberto após um vazamento de gravações de áudio atribuídas a Diego Spagnuolo, ex-diretor da agência.

Segundo o jornal argentino El Destape, que acessou a auditoria do Ministério da Saúde, os registros indicam que o governo pagou a mais por medicamentos comprados pela ANDIS na farmácia Suizo Argentina, ligada a Eduardo “Lule” Menem (primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem), mencionada como beneficiária e protetora do esquema.

O portal detalhou que a ANDIS pagou cerca de 27% a mais em um medicamento para leucemia do que o próprio Ministério da Saúde havia pagado pelo mesmo remédio. O El Destape explica que em agosto de 2024, o Ministério da Saúde havia comprado o medicamento por 8.274.027 pesos (cerca de R$ 130 mil), e um ano depois, em agosto de 2025, a ANDIS fez a mesma compra por 13.500.176 pesos (cerca de R$ 212 mil).

Revelação dos dados preliminares ocorre em meio às denúncias sobre um suposto caso de corrupção no governo Milei
Tomaz Silva/Agência Brasil

Novos áudios apontam para esquema de corrupção

Novas gravações atribuídas a Spagnuolo que respaldam a existência do esquema de corrupção foram divulgadas na última quarta-feira (27/08) no canal do YouTube do Carnaval Stream.

“Todas as empresas estão em destaque. Ou seja, é uma questão de perguntar para que os caras comecem a falar (…) Veja, nós já temos tudo distribuído. Você sabe que vende 10, eu sei que vendo 15, este vende, este vende 40 e este vende 30. Essa era a distribuição que havia. Mas hoje o que acontece? Hoje, a Suizo vende 55, 60 e vocês vendem 10, 10 e 20 (..) E sabe de uma coisa, esta [Suizo] tem mais grana que esta porque está fazendo isso agora”.

Segundo o jornal Clarín, o trecho com a voz atribuída a Spagnuolo refere-se ao esquema de “distribuição” de medicamentos com a farmácia Suizo Argentina e que os números mencionados indicam mudanças impostas no esquema.

“Eles são desleixados. E tudo isso é Lule”, afirma o ex-diretor da ANDIS referindo-se à responsabilidade de Eduardo “Lule” Menem, ligado à farmacêutica. Usando de tom vulgar e linguajar sexual, o ex-diretor da agência disse ainda que “Lule” está causando prejuízos através de Karina Milei, secretária-geral da Presidência e irmã do mandatário argentino.

Ainda se referindo a Karina, principal beneficiária do esquema de propina de acordo com os primeiros áudios, Spagnuolo questiona seu papel, dizendo que ela era “uma mulher que fazia bolos e lia cartas [de tarô] e agora “administra tudo isso”, referindo-se às ocupações da irmã de Milei antes de fazer parte do governo.

(*) Com informações de Clarín