Arce denuncia supostas tentativas de golpe eleitoral na Bolívia
Presidente acusou ação de ‘grupos que defendem seus próprios interesses’; brasileiro naturalizado estaria envolvido em um dos casos
O presidente da Bolívia, Luis Arce, realizou um pronunciamento nesta quarta-feira (08/10), no qual denunciou duas supostas tentativas de “golpe contra a democracia” no país. A declaração acontece 11 dias antes do segundo turno das eleições no país, marcado para 19 de outubro.
Em cenário montado no Palácio Quemado (sede presidencial do país), e acompanhado por todos os seus ministros, Arce afirmou que as duas iniciativas golpistas teriam como alvo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).
“Queremos alertar e denunciar o golpe em curso contra a democracia por grupos que têm seus próprios interesses em mente”, comentou o mandatário.
Projeto retirado
Uma das iniciativas indicadas por Arce seria um projeto de lei apresentado pelo senador Pedro Benjamin Vargas que teria como objetivo inabilitar os mesários escalados para trabalhar durante o segundo turno, sob a acusação de que teriam realizado fraudes durante o primeiro turno eleitoral, realizado em 17 de agosto.
O projeto falava também do adiamento do segundo turno para que fosse realizada uma nova seleção de mesários, o que acarretaria, também, no adiamento da transição dos políticos eleitos – o que significaria, portanto, a prorrogação dos mandatos das atuais autoridades.
Porém, diante da repercussão negativa do projeto na opinião pública, Vargas decidiu retirar a proposta, horas depois do pronunciamento presidencial.
Evo Morales
Vale destacar, porém, que o senador pertence ao mesmo partido de Arce, o Movimento ao Socialismo (MAS), embora pertença a uma ala diferente, mais alinhada ao ex-presidente Evo Morales (2006-2019), que abandonou a sigla em 2024.

Presidente boliviano Luis Arce, diante dos microfones e cercado por ministros, durante pronunciamento
Agência Boliviana de Informação
Não obstante, a simpatia histórica de Vargas para com Evo não se transformou em colaboração com a tentativa frustrada do ex-mandatário de inscrever sua candidatura para as eleições deste ano, na qual o parlamentar preferiu apoiar a campanha de Andrónico Rodríguez, da sigla progressista Movimento Terceiro Sistema (MTS), que terminou o primeiro turno em quarto lugar, com 8,5% dos votos válidos.
Por essa razão, o ex-presidente boliviano publicou uma declaração negando “categoricamente” estar envolvido com a iniciativa do senador Vargas e criticando aqueles que o qualificaram como “evista”.
“Não há, nem haverá, qualquer tipo de negociação que viole a independência do órgão eleitoral ou o calendário democrático do país. Em hipótese alguma nossa representação parlamentar endossará a prorrogação do mandato de qualquer autoridade. A soberania do povo é respeitada nas urnas”, expressou Evo.
Brasileiro envolvido
A outra suposta tentativa de golpe envolveria um político brasileiro naturalizado boliviano, chamado Peter Erlwein Beckhauser, ligado ao partido Frente de Unidade Nacional, que apoiou o candidato de direita Samuel Doria Medina – que terminou o primeiro turno em terceiro lugar, com 19,7% dos votos.
Segundo a denúncia do governo boliviano, Beckhauser tenta anular os resultados do primeiro turno eleitoral, alegando ter provas de supostas irregularidades em mais de 3,6 mil atas eleitorais – ele teria apresentado uma denúncia formal sobre o caso no Ministério Público de La Paz.
O segundo turno das eleições na Bolívia, marcado para o dia 19 de outubro, será disputado por dois candidatos de direita: Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, e Jorge Quiroga, da Aliança Liberdade e Democracia.
Com informações do La Razón.























