Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A China se pronunciou nesta sexta-feira (26/09) sobre a decisão dos Estados Unidos em relação à criação de uma versão norte-americana do TikTok, separada da empresa original chinesa ByteDance.

Segundo o jornal Global Times, o Ministério das Relações Exteriores da China alertou que os EUA devem garantir condições equitativas para que companhias estrangeiras, em especial chinesas, invistam na nova empresa.

“O lado norte-americano precisa fornecer um ambiente aberto, justo e não discriminatório para os investidores chineses”, afirmou o porta-voz Guo Jiakun.

Questionado durante coletiva de imprensa em Pequim sobre a avaliação financeira do acordo, a autoridade enfatizou que “a China respeita a vontade da empresa em questão”, mas que “gostaria de ver negociações comerciais produtivas, em conformidade com as regras de mercado, que levem a uma solução em conformidade com as leis e regulamentos da China e que leve em consideração os interesses de ambas as partes”.

A posição chinesa vem após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que seu homólogo da China, Xi Jinping, teria dado sinal verde para o acordo durante uma ligação entre os dois presidentes.

“Tive ótima conversa com o presidente da China, Xi Jinping”, afirmou o republicano.

O TikTok, que tem 170 milhões de usuários nos Estados Unidos e 15 milhões de seguidores apenas na conta pessoal de Trump, foi elogiado pelo presidente como um fator que contribuiu para sua vitória na reeleição, em 2024. A Casa Branca inclusive lançou uma conta oficial na plataforma em agosto passado.

TikTok dos EUA

Trump assinou nesta quinta-feira (25/09) uma ordem executiva que abre caminho para que o aplicativo opere no território de seu país, que seria a criação de versão norte-americana do TikTok.

Já nesta sexta-feira (26/09), assinou decreto oficializando o plano de venda das operações do TikTok nos EUA para investidores norte-americanos e internacionais.

As medidas atendem às exigências legislativas de 2024, que determinava a proibição do aplicativo caso seus ativos não fossem vendidos até janeiro de 2025. O prazo havia sido estendido para 16 de dezembro, dando tempo às negociações que envolvem separar as operações do TikTok nos EUA da estrutura global da ByteDance e garantir aprovação do governo chinês.

O embate sobre o futuro do TikTok, que há anos enfrenta pressões políticas em Washington, ganha novo capítulo com a ordem executiva de Trump. O governo dos EUA justifica a medida com base em preocupações de segurança nacional, enquanto Pequim insiste na necessidade de respeito às regras de mercado e ao interesse das duas nações em manter relações comerciais estáveis.

Envolvimento de investidora de Abu Dhabi reflete promessa do país de investir até US$ 1,4 trilhão nos EUA na próxima década
Nordskov Media/X

De acordo com o jornal The New York Times, o governo republicano vinha negociando há meses a entrada de investidores não chineses para viabilizar a operação local da plataforma.

Agora, a medida assinada por Trump estabelece um prazo de 120 dias para que um grupo de investidores conclua a operação e garanta a continuidade do aplicativo no país.

Em pronunciamento, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, destacou que o novo arranjo garante maior segurança aos usuários. “Este acordo realmente significa que os [norte-]americanos poderão usar o TikTok com mais confiança do que tinham no passado”, disse.

“Seus dados estarão protegidos e não serão usados como arma de propaganda contra nossos concidadãos”, acrescentou.

Família real de Abu Dhabi nos investimentos

Segundo Vance, a nova companhia do TikTok nos Estados Unidos terá valor de mercado estimado em US$14 bilhões (R$76,3 bilhões). Apesar do alto valor, é consideravelmente menor do que a estimativa da proprietária chinesa do TikTok, ByteDance, de cerca U$330 bilhões (R$1,7 trilhão).

Trump, por sua vez, disse que a coalizão reúne “investidores americanos, empresas americanas, grandes nomes, grandes investidores”.

Apesar do discurso do mandatário em relação aos investimentos nacionais, fontes próximas às negociações confirmaram que a empresa de investimentos MGX, dos Emirados Árabes Unidos, presidida pelo xeque Tahnoon bin Zayed Al Nahyan, deve integrar o grupo de acionistas com 15% de participação e um assento no conselho.

Já entre as companhias norte-americanas, estão a gigante de tecnologia Oracle e a gestora Silver Lake. O presidente citou ainda o magnata Rupert Murdoch e o executivo Michael Dell como participantes.

Por outro lado, a proprietária chinesa do TikTok, ByteDance, manterá participação de 19,9% na operação dos EUA.

A MGX, da família real de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, não comentou o assunto. O envolvimento da firma emiradense se insere em um movimento do país do Golfo de acordo com sua promessa de investir até US$ 1,4 trilhão nos Estados Unidos na próxima década.

As negociações sobre o TikTok avançam em paralelo a outros interesses estratégicos entre os dois países. O NYT lembra que, em maio, durante visita de Trump a Abu Dhabi, seu governo concordou em vender 500 mil chips de inteligência artificial aos Emirados, possibilitando a construção de um dos maiores campi de data centers do mundo.

Embora não haja provas de contrapartidas entre os negócios, dois senadores democratas pediram investigação sobre possíveis violações de regras éticas nas negociações envolvendo os Emirados e o governo Trump.

(*) Com Ansa, Brasil247 e informações de The Guardian