Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Após o Ministério da Cultura e Turismo da China aconselhar no domingo (16/11) aos cidadãos chineses a evitarem viagens ao Japão num futuro próximo, o Ministério das Relações Exteriores do Japão enviou nesta segunda-feira (17/11) Masaaki Kanai, um funcionário responsável por assuntos da Ásia e Oceania, para se encontrar com seu homólogo chinês, Liu Jinsong.

Segundo a imprensa, espera-se que Kanai explique que a política de segurança de Tóquio não mudou e que inste a Pequim a se abster de ações que prejudiquem as relações bilaterais. Os países enfrentam tensões diplomáticas, após as recentes declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre Taiwan e os “riscos significativos” para a segurança dos cidadãos chineses, informou a emissora estatal CCTV.

A Guarda Costeira da China também informou no domingo que alguns de seus navios estavam patrulhando as águas de ilhas controladas pelo Japão, mas reivindicadas por Pequim.

As tensões bilaterais também se expandiram, quando o Ministério das Relações Exteriores da China anunciou que o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, não se encontraria com Takaichi na cúpula do G20 que acontecerá no final desta semana (22 e 23 de novembro).

Além disso, em outro parâmetro, datas de lançamento de dois filmes japoneses na China também foram adiadas. Vale ressaltar que a China é o maior parceiro comercial de Tóquio, assim como uma das maiores fontes de turistas para o país.

Japão e China entram em crescente atrito após premiê Takaichi afirmar que conflito com Taiwan poderia desencadear uso de forças militares

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@takaichi_sanae / X

Conflito entre os países

Um porta-voz da Embaixada da China no Japão questionou se Tóquio está “tentando repetir seus erros do passado” na noite de segunda-feira (10/11), em resposta à declaração da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmando que uma emergência em Taiwan, caso envolvesse o uso de navios e forças militares chinesas, poderia constituir uma “situação de risco de sobrevivência” para o Japão, e que as Forças de Autodefesa do Japão poderiam exercer o direito de autodefesa-coletiva.

Karen Kuo, porta-voz da autoridade administrativa da região de Taiwan, afirmou em comunicado que o governo taiwanês “leva a sério as declarações ameaçadoras feitas por autoridades chinesas em relação ao Japão. Tal comportamento claramente ultrapassa a etiqueta diplomática”.

Essa última disputa começou apenas uma semana depois de Pequim acusar Takaichi de comportamento “escandaloso” por se encontrar com um importante assessor do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, à margem da Apec, e publicar fotos do encontro nas redes sociais.

Embora a Constituição japonesa do pós-guerra proíba o uso da força como meio de resolver disputas internacionais, uma lei de 2015 – aprovada quando o mentor de Takaichi, Shinzo Abe, era primeiro-ministro – permite o exercício da autodefesa coletiva em certas situações, mesmo que o país não esteja diretamente sob ataque.

Uma pesquisa publicada pela Kyodo News no domingo (16/11) mostrou que 49% dos entrevistados disseram que apoiariam uma intervenção militar do Japão em Taiwan, enquanto 42% se opuseram.