ABC retira 'Jimmy Kimmel Live' do ar após comentários sobre assassinato de Kirk
Apresentador afirmou que 'gangue MAGA' tenta ganhar pontos políticos no ocorrido
A emissora norte-americana ABC anunciou na quarta-feira (17/09) que estava retirando do ar “indefinidamente” o programa noturno “Jimmy Kimmel Live”. A decisão ocorreu após o apresentador ter dito que a “gangue MAGA” está tentando “caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles”.
Durante o monólogo de abertura na noite de segunda-feira (15/09), Kimmel afirmou que “chegamos a novos níveis baixos no fim de semana, com a gangue MAGA tentando desesperadamente caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles, e fazendo tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso”.
Segundo o The New York Times, a decisão de suspender o programa foi tomada por Robert A. Iger, presidente-executivo da Disney, e Dana Walden, chefe de televisão da empresa. A medida também ocorreu horas depois de o presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, ter atacado Kimmel e sugerido que sua agência reguladora poderia tomar providências contra a ABC pelos comentários feitos na segunda-feira (15/09).
“Francamente, quando vemos coisas assim — quero dizer, podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil”, declarou Carr ao apresentador do podcast Benny Johnson na quarta-feira. “Essas empresas podem encontrar maneiras de mudar a conduta e tomar medidas, francamente, em relação ao Kimmel, ou haverá trabalho adicional para a FCC pela frente.”
Pouco depois das declarações do presidente da Comissão, a Nexstar, proprietária de emissoras afiliadas da ABC em todo o país, afirmou que interromperia a transmissão do programa “por um futuro próximo” devido às declarações do apresentador.

O late-night talk show americano criado e apresentado por Jimmy Kimmel, transmitido pela ABC estava no ar desde 2003
By Erin Scott, Public Domain / Wikimedia commons
A rede de televisão, que é de propriedade da Walt Disney Company, não explicou sua decisão. Entretanto, a medida é uma clara representação da pressão política do governo Trump, que, através de uma publicação na Truth Social, chamou a ação de “ótimas notícias para a América”. Em contrapartida, os democratas criticaram imediatamente a suspensão, com o senador Chuck Schumer, líder da minoria no Senado, definindo-a como “ultrajante”.
De acordo com o NYT, durante a transmissão de quarta-feira, era planejado que Kimmel abordasse a reação aos seus comentários. No entanto, os executivos da Disney decidiram suspender o programa antes do início das gravações. O conselho da empresa não estava envolvido, segundo uma fonte com conhecimento das discussões internas.
Logo em seguida, a Sinclair, outra proprietária de emissoras de TV locais, disse que também suspenderia o programa e pediu que Kimmel se desculpasse e “fizesse uma doação pessoal significativa” à família de Kirk e ao grupo político do ativista, Turning Point USA. Após o programa sair do ar, Carr foi ao programa Fox News de Sean Hannity e descreveu as ações da Nexstar e da Sinclair como “sem precedentes”.
O líder democrata Schumer denunciou a pressão sobre a ABC feita pelo governo republicano como “desprezível, repugnante e contrária aos valores democráticos”. “Trump e seus aliados parecem querer calar discursos que não gostam de ouvir”, disse Schumer à CNN. “Não é isso que as democracias fazem. É isso que as autocracias fazem. E não importa se você concorda com Kimmel ou não, ele tem direito à liberdade de expressão”.
Devido à coerção republicana, o programa “The Late Show with Stephen Colbert”, com mais de três décadas no ar, será cancelado após maio de 2026 pela CBS. A rede afirmou ser por motivos financeiros, mas especula-se que o cancelamento foi realizado para obter favores do governo Trump enquanto a fusão com a Paramount estava pendente. Colbert, assim como Kimmel, critica frequentemente Trump e suas políticas.























