Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo da Arábia Saudita aprovou nesta quarta-feira (29/03) um memorando que oficializa o ingresso do país como “observador” e “parceiro de diálogo” da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, por sua sigla em inglês), bloco de países da Eurásia promovido pela China para aumentar sua influência na região.

A decisão foi confirmada pelo rei Salman bin Abdulaziz um dia depois que seu filho, o príncipe e primeiro-ministro Mohammad bin Salman, manteve uma conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping, segundo informação da agência estatal Saudi Press.

O príncipe e primeiro-ministro Mohammad bin Salman, vale lembrar, é figura envolvida em dois casos de grande repercussão no Brasil e no mundo: ele teria sido mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em outubro de 2018, e também foi quem presenteou a delegação brasileira que visitou o país em 2021 com joias avaliadas em cerca de R$ 16 milhões, as quais o casal Michelle e Jair Bolsonaro teriam tentado se apropriar, segundo caso que está sob investigação.

A Organização de Cooperação de Xangai é composta por oito membros, incluindo China, Rússia e Índia, que abrangem quase metade da população mundial e mais de 30% do PIB global.

A adesão saudita à entidade pode ser considerada um passo adiante no projeto chinês de ampliar suas relações no Oriente Médio.

Monarca árabe Salman bin Abdulaziz confirmou adesão do país à Organização de Cooperação de Xangai, um dia após reunião do primeiro-ministro Mohammad bin Salman com Xi Jinping

Xinhua

Conversa por telefone entre presidente chinês Xi Jinping e primeiro-ministro saudita Mohammad bin Salman selou adesão do país à SCO

Recentemente, Pequim surpreendeu o mundo ao mostrar resultados em seu esforço por aproximar os governos da Arábia Saudita e do Irã. No início de março, os dois países retomaram oficialmente suas relações diplomáticas em acordo realizado sob moderação de diplomatas chineses.

O fato de a Arábia Saudita estar se aproximando da China e do Irã não significa necessariamente um afastamento dos Estados Unidos, seu tradicional aliado, mas pode indicar a possibilidade de uma mudança de cenário no futuro [o que poderia ser uma má notícia também para Israel, caso se fortaleçam as relações entre Riad e Teerã].

Vale lembrar que o Irã já é país observador na SCO e pretende se tornar membro pleno. Ademais, a entidade não é um bloco militar, embora um dos objetivos manifestados em seu estatuto seja “o fortalecimento da segurança na região da Eurásia”, assim como a cooperação econômica e cultural entre os membros.

Outros países que aderiram recentemente à SCO são Egipto, Qatar e Turquia, e todos eles já manifestaram o desejo de se tornarem membros de pleno direito a médio prazo.

No caso de Ancara, o presidente Recep Tayyip Erdogan manifestou publicamente essa intenção durante a cúpula da Organização de Xangai, realizada no Uzbequistão em setembro de 2022.

(*) Com informações de Saudi Press, RT e TeleSur