Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
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O Chile convocou o embaixador brasileiro em Chile, Paulo Soares Pacheco, para apresentar uma nota formal de protesto sobre as acusações do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o mandatário chileno Gabriel Boric. As informações são do jornal La Tercera.

No debate entre os candidatos à presidência da República realizado neste domingo (28/08) pela TV Bandeirantes, Bolsonaro afirmou que Boric colocou fogo no metrô de Santiago nas manifestações ocorridas no Chile em 2019. “Quem o ex-presidiário [Lula] apoiou? Maduro na Venezuela. Você vê para onde está indo a autonomia da nossa Argentina? Lula apoiou o presidente do Chile, que praticou atos de incendiar o Metrô.”

“Como governo achamos que essas declarações são muito graves, obviamente são absolutamente falsas. Lamentamos que em um contexto eleitoral aproveitemos e polarizemos as relações bilaterais por meio da desinformação e notícias falsas”, disse Urrejola.

“Convocamos o embaixador brasileiro em nome do secretário-geral de política externa e lhe enviaremos uma nota de protesto. A desinformação e as notícias falsas corroem a democracia, mas também neste caso corroem a relação bilateral. Estamos absolutamente convencidos de que esta não é a forma de fazer política, porque se tratam de dois chefes de Estado democraticamente eleitos, onde existe uma relação de respeito para além das diferenças ideológicas.”

De acordo com a reportagem, Bolsonaro tem promovido sinais de hostilidade contra o governo Boric. Há mais de cinco meses o Chile aguarda uma resposta sobre o nome proposto para atuar como embaixador no Brasil, Sebastián Depolo. A falta de resposta vem sendo interpretada como uma negativa de Bolsonaro.

No debate realizado neste domingo, presidente brasileiro acusou Gabriel Boric de incendiar metrô em protestos de 2019

Wikicommons

Bolsonaro afirmou que Boric colocou fogo no metrô de Santiago nas manifestações ocorridas no Chile em 2019

A chancelaria chilena emitiu, também, um comunicado de imprensa em que repudia as falas de Bolsonaro. Leia a íntegra abaixo:

O Governo do Chile considera que as declarações feitas contra o presidente Gabriel Boric pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante um debate presidencial realizado ontem, são inaceitáveis e não condizem com o tratamento respeitoso que os chefes de Estado que os chefes de Estado devem uns aos outros e nem com as relações fraternas entre dois países latino-americanos.

O uso político da relação bilateral para fins eleitorais, baseado em mentiras, desinformação e deturpação, corrói não apenas o vínculo entre nossos países, mas também a democracia, prejudicando a confiança e afetando a irmandade entre os povos.

O presidente Boric declarou publicamente as diferenças que o separam do presidente Bolsonaro, mas ao mesmo tempo destacou a importância de manter boas relações entre os Estados do Brasil e do Chile.

Além dessas infelizes declarações, o Governo do Chile expressa sua convicção de que nosso país e o Brasil têm não apenas uma história comum, mas também enormes desafios a enfrentar de forma colaborativa, razão pela qual espera continuar fortalecendo os laços permanentes de amizade e cooperação entre nossos países.