Sábado, 6 de dezembro de 2025
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“Tiramos 12 milhões de pessoas da pobreza”, afirmou o presidente Javier Milei durante a apresentação da proposta de Orçamento para 2026. No entanto, os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censo (INDEC), referentes ao segundo semestre de 2025, mostram que a pobreza infantil é o principal problema social na Argentina, atingindo 45,4% das crianças de 0 a 14 anos.

Considerando as faixas etárias, a pesquisa revela que a pobreza é mais prevalente entre adolescentes de 12 a 17 anos, alcançando 47,6% deste grupo. Em seguida, de 8 a 11 anos marcam 47% e as de 0 a 5 anos, representam 42,1%.

Em comparação, 27,7% das pessoas entre 30 e 64 anos são pobres, enquanto entre os adultos com mais de 65 anos, a taxa de pobreza cai para 10,8%. Essa disparidade evidencia a vulnerabilidade de crianças e adolescentes à perda de renda familiar.

Por outro lado, a última medição de pobreza do INDEC recebeu diversas críticas. Isso porque, segundo o instituto, a pobreza diminuiu 21 pontos percentuais em relação ao ano anterior, ao comparar o primeiro semestre de 2024 (52,9%) com o primeiro semestre de 2025 (31,6%).

Queda de 21 pontos na pobreza anunciada pelo governo esconde aumento de 12 pontos após desvalorização de 2023

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Gage Skidmore

Queda do poder aquisitivo

Oito em cada dez trabalhadores não conseguem pagar suas contas com o salário, e 26% conseguem cobrir as despesas por apenas duas semanas.

De acordo com uma pesquisa recente da plataforma Bumeran, 86% dos trabalhadores argentinos afirmam que sua renda não cobre as necessidades básicas. Um estudo regional com 1.854 pessoas no país foi realizado, e os resultados são alarmantes: apenas 11% conseguem manter seu orçamento mensal integralmente com o salário, e uma parcela igualmente baixa consegue poupar. Além disso, 24% gastam toda a sua renda no pagamento de dívidas.

Segundo uma análise do Centro Argentino de Economia Política (CEPA), liderada por Hernán Letcher, o mercado de trabalho formal entrou em colapso constante desde o segundo turno das eleições de 2023 até junho passado. O número de empregados registrados caiu 2,4%, o que representa aproximadamente 236.139 trabalhadores a menos, enquanto a quantidade de empregadores também despencou, com cerca de 16.322 empresas a menos.