Domingo, 7 de dezembro de 2025
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Atualizada às 16:57

O governo colombiano, representado pelo presidente Juan Manuel Santos, e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), representadas pelo líder guerrilheiro Timoleón Jiménez, assinaram nesta quinta-feira (23/06) um acordo histórico que põe fim ao conflito armado entre a guerrilha e as forças oficiais que já dura seis décadas no país.

A cerimônia, iniciada com o hino nacional da Colômbia, teve como principais atores, junto com Santos e Jiménez, Raúl Castro, presidente de Cuba, e Borge Brende, chanceler da Noruega, os principais mediadores dos diálogos de paz, além de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, entidade que monitorará a aplicação do acordo.

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Agência Efe

Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, e Rodrigo Londoño Echeverri, líder das FARC, observados por Raúl Castro

Chile e Venezuela, países que acompanharam o processo, foram representados por seus respectivos presidentes, Michelle Bachelet e Nicolás Maduro. Representantes de outros países, como Estados Unidos, México e El Salvador, da União Europeia e de organismos como a CELAC também estiveram presentes na cerimônia.

“Este é o resultado de um diálogo sério entre duas forças, sem que uma tenha derrotado a outra. Nem as FARC, nem o Estado são forças vencidas. Este acordo não é produto de imposições de uma parte à outra”, comentou Timoléon Jiménez em pronunciamento durante a cerimônia.
 
“Fomos adversários, mas agora temos que ser forças aliadas, pelo bem da Colômbia”, reforçou o líder guerrilheiro.
 
Juan Manuel Santos, em seu pronunciamento, ressaltou que o cessar-fogo dará mais oportunidades aos colombianos e permitirá o retorno de famílias que deixaram suas casas devido à violência decorrente do conflito entre o governo e guerrilha.
 
“[Este acordo] levará a uma democracia fortalecida, onde todos cabemos, onde todos poderemos opinar, discordar e construir. Onde as ideias se defendem com a razão e jamais com as armas”, disse o presidente.
 
Santos disse que não está e que jamais estará “de acordo com a visão política e econômica das FARC para o país”. Entretanto, “o que se reconhece hoje é a possibilidade de discordar e de ter posições opostas sem a necessidade de se enfrentar por meios violentos”, completou.

 

'Que este seja o último dia de guerra', disse líder das FARC, que assinou o acordo na capital cubana com Juan Manuel Santos, presidente colombiano

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Agência Efe

Grafite em Cali, cidade colombiana que foi um dos focos da violência do narcotráfico nos anos 1980 e 1990

Ban Ki-moon, por sua vez, ressaltou que o processo de paz da Colômbia, que avançou com a assinatura do cessar-fogo, “valida a perseverança de todos aqueles no mundo que trabalham para encerrar conflitos por meio de soluções pacíficas” e definiu o momento como “histórico”.
 
“Agora é crucial mobilizar a população e os recursos necessários para a concretização do acordo”, disse o secretário-geral da ONU.
 
Pontos do acordo

O governo colombiano e as FARC negociam desde novembro de 2012 em Havana um acordo que permita estabelecer uma paz “duradoura e estável” na Colômbia, com base em uma agenda de seis pontos. Destes, cinco já foram acordados, entre eles a luta contra o narcotráfico e a reparação às vítimas do conflito.

O anúncio do acordo sobre a deposição das armas e o fim do conflito – o ponto mais espinhoso da agenda de paz – foi feito ontem através de comunicado oficial das FARC e do governo colombiano. Nesta quinta-feira, houve a assinatura do acordo e a divulgação do “passo a passo” deste processo.

Rodolfo Benítez, representante de Cuba para os diálogos de paz, afirmou que o acordo assinado nesta quinta-feira estabelece o cessar-fogo definitivo; uma nova cultura que elimine o uso de armas no exercício da política, como parte das garantias de não repetição; a elaboração de um plano para que a deposição das armas se dê em 180 dias; o monitoramento e a verificação do acordo, que serão realizados pelo governo colombiano, pelas FARC e pela ONU e terá países membros da CELAC como observadores.

O representante da Noruega explicitou outros pontos do acordo, como a garantia de segurança e a luta contra organizações criminosas e paramilitares; uso legítimo de armas por parte do Estado em todo o território colombiano; pacto político nacional com partidos e movimentos políticos colombianos para que nunca mais se usem armas; a criação de uma comissão nacional de garantias liderada pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.