Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo russo disse nesta segunda-feira (16/12) que são os sírios que devem determinar seu próprio destino. Mas falou de um governo “inclusivo”, que respeite a diversidade de interesses étnicos e religiosos do país.

O comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que Moscou acompanha de perto a evolução dos acontecimentos na Síria desde a queda de Bashar al-Assad.

Al-Assad era apoiado por Moscou e exilou-se na Rússia. Desde então, um governo provisório vem se consolidando, encabeçado pelo Hayat Tahrir al Sham (HTS), grupo que liderou a coalizão islâmica  que tomou o poder .

“Para a Rússia, é importante que o futuro da Síria seja definido pelos próprios sírios. Acreditamos que as relações de amizade e respeito mútuo entre os povos de nossos países, que vem de décadas, continuarão a se desenvolver construtivamente”, disse o governo de Vladimir Putin.

Por uma sociedade ecumênica

O comunicado lembrou que cristãos e muçulmanos de diversas congregações religiosas viveram lado a lado na Síria durante séculos, incluindo os do Patriarcado Ortodoxo Grego de Antioquia e Todo o Oriente que, sediado em Damasco, tem fortes relações com a Igreja Ortodoxa Russa.

Vyacheslav Argenberg/ Wikimedia commons
A população síria tem uma maioria de muçulmanos, mas 10% da população é cristã

O Patriarcado tem como prioridade declarada a luta pelo fim do sofrimento no Oriente Médio através da construção de sociedades multirreligiosas tolerantes e da criação de um Estado palestino.

A organização religiosa tem jurisdição na Síria, Líbano, Iraque, Irã, Península Arábica e algumas áreas da Turquia, além dos ortodoxos de língua árabe de todo o mundo

“Acreditamos que o caminho para uma normalização sustentável da situação na República Árabe Síria passa pelo lançamento de um diálogo sírio inclusivo que visa alcançar um consenso nacional e promover um processo de resolução política abrangente, de acordo com os princípios básicos estabelecidos na resolução 2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, afirmou o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

Confrontos étnicos ou religiosos são uma preocupação sobre o futuro da Síria.

Dos 23 milhões de sírios, 90% são árabes, mas também há curdos (9%) e pequenas comunidades armênias, circassianas e turcomanas.

Em termos de religião, 74% dos sírios são muçulmanos sunitas, 16% são muçulmanos xiitas (entre alauitas, drusos e ismaelitas) e 10% cristãos (ortodoxos, maronitas ou latinos).

Os xiitas estão especialmente preocupados com o futuro do novo governo.

Futuro das bases russas na Síria ainda incerto

O governo russo também informou que mantém contato com o novo governo sírio, mas que ainda não tomou nenhuma decisão final sobre as duas bases militares que mantém no país.

Segundo a Reuters, as forças militares russas estavam se retirando nas linhas de frente no norte da Síria e nas Montanhas Alauítas. Mas se mantinham nas duas bases militares que o país mantém no país.

A agência menciona quatro autoridades sírias como fontes.

Ainda na segunda-feira, Assad fez suas primeiras declarações desde que foi deposto. Ele deu detalhes sobre sua fuga e disse que a Síria estava agora “nas mãos de terroristas”.

(*) Com Sputinik.