Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta sexta-feira (18/07) uma “investigação independente, oportuna e transparente” sobre as mais de 500 mortes resultantes de um conflito armado na região de Sweida, no sul do país, iniciado na última semana.

Por meio do alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, a ONU também solicitou que sejam investigadas as “graves violações e abusos dos direitos humanos”.

“Esse derramamento de sangue e violência devem parar. A proteção de todas as pessoas deve ser a principal prioridade”, declarou Turk em comunicado, acrescentando que “os responsáveis devem ser convocados para responder” pelo confronto.

Para o representante da ONU, “é fundamental que medidas sejam adotadas a fim de impedir que a violência se repita”.

Já organizações da sociedade civil em Sweida lançaram um apelo internacional para pedir a abertura de um corredor humanitário e a intervenção imediata de apoio à população.

“A cidade enfrenta uma crise gravíssima há mais de cinco dias, com as condições piorando rapidamente e colocando em risco a vida de milhares de civis”, denunciou Qusay Maklad, membro de uma ONG em Sweida.

Segundo ele, o município enfrenta uma “situação dramática” em meio à “falta total de eletricidade, água e acesso à internet, isolando cada vez mais a população”.

“Os moradores locais necessitam desesperadamente de uma assistência imediata para evitar uma catástrofe maior”, reforçou.

O conflito em Sweida teve início em 11 de julho com hostilidades entre os drusos, que formam a maior parte da população local, e tribos beduínas com apoio de forças do governo. O confronto se intensificou na última terça-feira (15/07) com a entrada de Israel no conflito sob a justificativa de “defender o povo druso”.

Na quarta-feira (16/07), o governo sírio anunciou um cessar-fogo após realizar um acordo com os drusos e retirar suas tropas da cidade. Na quinta (17/07), o presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, anunciou a transferência da responsabilidade da manutenção de segurança na cidade de Sweida, no sul do país, a grupos locais e xeques drusos.

O mandatário do país informou a decisão para “evitar o alastramento de uma nova guerra em larga escala”. Na declaração, explicou que Damasco tem duas opções: “uma guerra aberta com entidades israelenses bancadas às custas do nosso povo druso, de sua segurança e da estabilidade da Síria e de toda a região” ou “dar aos anciãos e xeques drusos a oportunidade de recobrar o juízo e priorizar o interesse nacional”.

Conflito em Sweida teve início em 11 de julho com hostilidades entre drusos, que formam maior parte da população local, e tribos beduínas com apoio de forças do governo
Tasnim News Agency

Apesar das diferenças com a minoria drusa, al-Sharaa afirmou que o povo “está sob a proteção e responsabilidade do Estado” e criticou Israel por ter atacado alvos civis e estatais, como o quartel-general militar sírio e áreas próximas ao palácio presidencial em Damasco.

“A entidade israelense recorreu a um ataque em larga escala contra instalações civis e governamentais, que teria empurrado a situação para uma escalada se não fosse a intervenção eficaz da mediação americana, árabe e turca, que salvou a região de um destino desconhecido”, concluiu o presidente.

Reações

A nova crise no Oriente Médio gerou comentários da União Europeia. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou estar acompanhando “com atenção os últimos acontecimentos na Síria” e pediu “às autoridades locais para proteger todos os membros das minorias religiosas e étnicas, sem distinção”.

“Saúdo a atual trégua negociada pelos EUA e parceiros regionais e peço a todas as partes que honrem seus compromissos”, escreveu Costa nas redes sociais.

A China condenou nesta sexta-feira (18/07) os ataques aéreos de Israel contra Damasco. Segundo Geng Shuang, representante do país na ONU, a ofensiva viola a soberania síria e complica o processo de paz do país.

Geng afirmou que a situação em Sweida “se deteriorou drasticamente” e que “todas as partes devem respeitar o direito internacional humanitário”. “Ataques contra civis são inaceitáveis em quaisquer circunstâncias”, acrescentou.

A China pediu estabilização regional e apoiou o cessar-fogo acordado pelas autoridades interinas sírias, instando todas as partes a respeitá-lo e trabalhar para a redução da tensão.

Geng também destacou a complexidade da crise síria, enfatizando que o caminho para a paz enfrenta “enormes desafios”. Nesse sentido, propôs um processo político inclusivo, baseado na Resolução 2254 do Conselho de Segurança, que aborde as preocupações de todas as partes por meio do diálogo para promover a unidade nacional e a reconciliação.

“A China está disposta a trabalhar com a comunidade internacional e contribuir construtivamente para esse objetivo”, finalizou.

Após a China, a Turquia e 10 países árabes (Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita, Iraque, Omã, Catar, Kuwait, Líbano e Egito) emitiram uma declaração conjunta na última quinta-feira (17/07).

No documento, reafirmaram seu apoio à segurança, unidade e soberania da Síria, condenando os ataques israelenses e todas as formas de interferência estrangeira nos assuntos internos do país.

(*) Com Ansa e TeleSUR