Irã defende Hezbollah em meio ao projeto de desarmamento no Líbano
Viagem de conselheiro de Segurança Nacional iraniano ao Iraque e Beirute marca posição contra plano e fortalece cooperação regional
O secretário supremo do Conselho de Segurança Nacional do Irã, Ali Larijani, anunciou que Teerã assinará um importante acordo de segurança com o Iraque enquanto se prepara para iniciar uma viagem regional ao Iraque e Líbano, reafirmando o firme apoio iraniano ao movimento de Resistência diante das crescentes pressões por desarmamento.
“No Iraque, realizaremos reuniões com amigos, autoridades e representantes de diversas correntes políticas. Ouviremos suas opiniões e apresentaremos nossas propostas para fortalecer a cooperação bilateral”, afirmou Larijani em uma declaração a repórteres nesta segunda-feira (11/08), segundo o jornal libanês Al Mayadeen.
Ele destacou que Teerã “não adota a abordagem de certos países que se concentram apenas em sua própria segurança, ignorando a segurança de outros povos da região”.
Em seguida, o representante iraniano seguirá para o Líbano, país que descreveu como “importante e influente na região, com o qual compartilhamos laços fortes”. Sua visita incluirá a entrega de mensagens oficiais e a reafirmação das “posições firmes do Irã” em Beirute, enfatizando “a importância da unidade nacional no Líbano e a necessidade de preservá-la em todas as circunstâncias”. Ele acrescentou que a independência libanesa é “de grande importância” para Teerã.
Posição oficial do Irã sobre o Líbano
Na coletiva de imprensa semanal, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Ismail Baghaei, reiterou a posição de Teerã em relação ao Líbano, defendendo sua soberania, independência e direito de proteger o território contra agressões israelenses. Ressaltou também o direito do país à autodefesa e de decidir seu futuro por meio de suas instituições nacionais.

Ali Larijani, assinará um importante acordo de segurança com o Iraque e levará mensagens ao Líbano, reafirmando o apoio de Teerã ao Hezbollah
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Baghaei observou que diante da agressão da “entidade sionista”, a única alternativa viável para os Estados é manter-se plenamente preparados para defender suas terras. Acrescentou ainda que as visitas de Larijani ao Iraque e ao Líbano visam fortalecer a segurança e a estabilidade regionais frente aos acontecimentos recentes.
Ele condenou o que descreveu como “crime brutal” cometido por Israel contra jornalistas em Gaza na noite anterior (10/08), classificando-o como crime de guerra, e afirmou que 240 jornalistas já foram vítimas de ações semelhantes desde o início da agressão contínua à região.
Disputa sobre desarmamento no Líbano
A visita de Larijani ocorre em meio a tensões políticas no Líbano, após o governo, liderado pelo primeiro-ministro Nawaf Salam e pelo presidente Joseph Aoun, aprovar um plano, apoiado pelos EUA, para colocar todas as armas no país sob controle estatal até o final de 2025.
A decisão, tomada em 5 de agosto durante uma série de sessões ministeriais, provocou protestos de ministros do Hezbollah, movimento de resistência, e do Amal. O Exército libanês tem até 31 de agosto para apresentar um plano de implementação.
O Hezbollah condenou a medida, chamando-a de “pecado grave” que mina a soberania do Líbano e “serve plenamente aos interesses de Israel”. O xeque Naim Qassem, secretário-geral adjunto do grupo, afirmou que o movimento “não se desarmará” e que qualquer negociação sobre o tema depende da retirada israelense dos territórios libaneses ocupados e do fim dos ataques aéreos diários.
Mohammad Raad, chefe do bloco parlamentar do Hezbollah, classificou a decisão como “suicídio” e declarou: “Dizer ‘entreguem suas armas’ é dizer ‘entreguem sua honra’”.
Autoridades iranianas expressaram apoio inequívoco à posição do Hezbollah. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, afirmou que o grupo “mantém plena capacidade de se defender” e que decisões sobre suas armas “cabem exclusivamente à sua liderança”.
Ali Akbar Velayati, conselheiro do líder supremo do Irã, declarou que Teerã “se opõe totalmente ao desarmamento do Hezbollah”, descrevendo a medida como resultado da pressão dos EUA e de Israel — pressão que, segundo ele, fracassará, assim como tentativas semelhantes no passado.
A viagem de Larijani, a primeira desde que foi nomeado pelo presidente Masoud Pezeshkian em 5 de agosto, tem como foco reforçar as alianças regionais do Irã e sustentar sua oposição à pressão externa sobre movimentos aliados. Seus encontros em Bagdá deverão promover a cooperação em segurança, enquanto a passagem por Beirute enviará um sinal claro do firme apoio de Teerã à Resistência.























