EUA se dizem 'preocupados' com ataques de Israel à Síria
Governos de Irã, Turquia e Líbano também condenaram ações promovidas por Tel Aviv em Damasco e na província de Sweida, no sul do território sírio
O regime israelense lançou ataques aéreos contra a região de Sweida, no sul da Síria, nesta quarta-feira (16/07). O edifício do Ministério da Defesa sírio – localizado na capital Damasco, nas proximidades do palácio presidencial – foi um dos alvos da escalada sionista, que matou ao menos uma pessoa e feriu 28.
Israel ameaçou intensificar o bombardeio na região se as forças do governo sírio não forem retiradas do sul do país, onde há combates entre drusos e forças de segurança. A Síria condenou a intervenção israelense, acusando o país vizinho de violar o direito internacional.
Tribos beduínas sunitas, aliadas ao governo, e tropas drusas, opositoras ao presidente líder sírio Ahmed al-Sharaa e aliadas a Israel, estão em confronto na região. O governo sírio enfrenta uma relação tensa e conflituosa com as milícias drusas, especialmente na província de Sweida, no sul do país. A intervenção do governo local busca recuperar a ordem e também alega que os drusos são grupos ilegais.
Um cessar-fogo foi anunciado pelo ministro Murhaf Abu Qasra no X, mas não foi respeitado. Os ataques na região continuam, e provocaram diferentes reações pelo mundo.
Nos Estados Unidos, o secretário de Estado Marco Rubio disse que seu país está “muito preocupado” com a escalada da violência.
“Vamos trabalhar nessa questão. Acabei de falar por telefone com as partes relevantes. Estamos muito preocupados com isso e, com sorte, teremos algumas atualizações ainda hoje. Mas estamos muito preocupados com isso”, disse Rubio.
Por sua ver, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou veementemente os ataques militares israelenses que tiveram como alvo a Síria nos últimos dias, expressando preocupação com os recentes confrontos na região de Sweida, que mataram dezenas de civis.
Em uma declaração na terça-feira (15/07), Esmaeil Baqaei abordou as agressões militares em andamento do regime sionista contra a integridade territorial da Síria, que ocorreram junto com a ocupação contínua de partes significativas do território sírio.
Já o Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou os ataques e disse que eles eram uma tentativa de sabotar os esforços da Síria para alcançar paz, estabilidade e segurança.
“O povo sírio tem uma oportunidade histórica de viver em paz e se integrar ao mundo. Todas as partes interessadas que apoiam esta oportunidade devem contribuir para os esforços do governo sírio para restaurar a paz”, ressaltou o comunicado.
Omer Celik, porta-voz do partido governista AK do presidente Recep Tayyip Erdogan, também condenou os ataques. “Os ataques de Israel representam uma ameaça à segurança de toda a região e do mundo”, escreveu no X.
Conselho do Golfo
O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) composto por Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos condenou os ataques nos “termos mais fortes”.
O secretário-geral do CCG, Jasem Mohamed Albudaiwi, disse que os ataques israelenses foram uma “violação flagrante” da soberania da Síria, “uma violação das leis e normas internacionais e uma séria ameaça à segurança e estabilidade regionais”.
Albudaiwi reiterou o apoio do Conselho à integridade territorial da Síria, acrescentando que a continuação dos ataques israelenses constitui uma “escalada irresponsável” e desconsidera os esforços internacionais para alcançar a estabilidade na Síria e na região.

Forças israelenses lançaram ataques contra posições militares sírias, incluindo o prédio do Ministério da Defesa e o quartel-general do Estado-Maior em Damasco
Tasnim News Agency / Reprodução
O presidente libanês Joseph Aoun condenou nos “termos mais fortes” os ataques de Israel a Damasco, referindo-se a eles como uma “violação flagrante da soberania de um estado árabe irmão”.
“O presidente Aoun afirmou que a continuação desses ataques expõe ainda mais a segurança e a estabilidade da região ao aumento da tensão e da escalada, expressando a total solidariedade do Líbano com a República Árabe Síria, seu povo e seu estado”, declarou no X.
Aoun reiterou o apelo à comunidade internacional para “exercer pressão” para interromper os ataques repetidos e respeitar a soberania da Síria, de acordo com o comunicado. “O presidente Aoun já havia enfatizado o comprometimento do Líbano com a unidade da Síria, sua paz civil e a segurança de sua terra e povo em toda a sua diversidade”, disse.
Reações na Europa
O Ministério das Relações Exteriores em Paris pede o fim dos “abusos contra civis” em Sweida depois que um observador de guerra acusou as forças do governo de conduzirem execuções e outros abusos na cidade do sul da Síria. “Os abusos contra civis, que condenamos veementemente, devem acabar”.
O ministério fez um apelo por uma “cessação imediata dos confrontos” e instou todas as partes a respeitarem o cessar-fogo que fracassou após ter sido acordado na terça-feira (15/07).
Por sua parte, o ministro das Relações Exteriores da Noruega disse que os ataques recentes de Israel podem minar os esforços para uma transição pacífica de poder na Síria.
“Profundamente preocupado com os recentes ataques aéreos israelenses e o aumento das tensões internas. A escalada corre o risco de minar os esforços para uma transição pacífica, de propriedade da Síria”, escreveu Espen Barth Eide no X. Acrescentou estar “alarmado” com a “escalada de violência” na Síria e pediu a todos os intervenientes que exercessem “máxima contenção”.
Ao mesmo tempo, a União Europeia disse estar “alarmada” com os confrontos e instou “todos os atores externos” a “respeitarem plenamente o direito internacional”.























