Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Congressistas dos Estados Unidos tentam conter a escalada das tensões entre Estados Unidos e Irã, após as declarações pró-Israel do presidente Donald Trump. Ele chegou a rejeitar, publicamente, os dados da Inteligência Nacional do país que negam a existência de um programa ativo de armas nucleares no Irã.

O relatório, apresentado no Congresso em março deste ano, pela diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, afirma categoricamente que o Irã não retomou seu programa de armas desde 2003 e que o líder supremo, aiatolá Seyed Ali Khamenei, não autorizou nenhuma reativação desde então.

“Não me importo com o que ela disse. Acho que eles estavam muito perto de ter uma [bomba]”, afirmou  Trump sobre os dados do relatório, ao chegar a Washington nesta terça-feira (17/06), adotando a narrativa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que defende uma ofensiva militar imediata contra Teerã.

Frente ao risco de uma participação direta dos Estados Unidos, parlamentares norte-americanos, incluindo o republicano Thomas Massie do Kentucky, mobilizam-se para evitar a escalara de agressões no Oriente Médio, após os ataques de Israel contra Teerã iniciados na última sexta-feira (13/06).

Congressistas tentam impedir entrada direta dos EUA no conflito entre Irã e Israel
Daniel Torok / White House

Congresso

Na terça-feira (17/06), Massie e o democrata Ro Khanna da Califórnia apresentaram uma Resolução de Poderes de Guerra, com o objetivo de impedir que Trump autorize ataques ao Irã sem o aval do Congresso. A proposta se baseia na Resolução dos Poderes de Guerra de 1973, que estabelece limites ao poder do Executivo em ações militares sem o aval legislativo.

“Esta não é a nossa guerra. Mesmo que fosse, o Congresso deve decidir tais questões de acordo com a nossa Constituição”, escreveu Massie, ao publicar nas redes sociais uma cópia do documento.

Já o deputado Ro Khanna afirmou que “os Estados Unidos não podem ser arrastados para mais uma guerra no Oriente Médio sem debate e votação no Congresso”. Ele alertou que o alinhamento automático com a guerra de Israel contra o Irã ultrapassa uma “linha vermelha”.

Khanna também explicou que a proposta é considerada uma resolução “privilegiada”, o que obriga os líderes da Câmara a levarem o texto à votação no plenário, mesmo contra a vontade do republicano Mike Johnson, presidente da Casa.

Além dos dois parlamentares, informa o Político, a proposta tem co-autoria de outros 13 democratas. São eles: Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), Ilhan Omar (Minnesota), Rashida Tlaib (Michigan), Pramila Jayapal (Washington) e Summer Lee (Pensilvânia). Também endossam o texto os deputados Don Beyer (Virgínia), Greg Casar (Texas), Lloyd Doggett (Texas), Chuy Garcia (Illinois), Delia Ramirez (Illinois), Jim McGovern (Massachusetts), Ayanna Pressley (Massachusetts) e Nydia Velázquez (Nova York).

O veículo informa que aliados de Trump, no entanto, podem tentar barrar o avanço do projeto na Comissão de Regras da Câmara, uma manobra já utilizada em outras ocasiões para proteger medidas do Executivo. Entre eles está o deputado republicano Mike Lawler, de Nova York, que afirmou: “se AOC e Massie forem sim, é bem provável que eu seja não”.

Reação no Senado

O movimento acompanha uma ação semelhante no Senado, apresentada pelo senadores Tim Kaine e Bernie Sanders nesta segunda-feira (16/06). A proposta visa reforçar a obrigatoriedade legal de que qualquer envolvimento militar dos EUA seja previamente aprovado pelos legisladores. É o que determina a Lei dos Poderes de Guerra de 1973.

Sanders vinculou a lei à necessidade de resistir à agenda belicista, enfatizando que “os ataques imprudentes e ilegais de Netanyahu violam o direito internacional e correm o risco de desencadear uma guerra regional”. E acrescentou: “o Congresso deve deixar claro que os Estados Unidos não serão atraídos para a guerra escolhida por Netanyahu“.

Com Almayadeen e Político.