Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Na última semana, os movimentos de resistência palestina anunciaram o fim da agressão sionista contra o povo da Faixa de Gaza, com o novo acordo de cessar-fogo. Foram dois anos de genocídio, com bombardeios contínuos e fome. Quase 70 mil palestinos foram assassinados, sendo cerca de 60% de mulheres e crianças, e a revista científica The Lancet calcula que, somadas às vítimas da fome e do deslocamento forçado, o número de mortos pode chegar a 350 mil. O massacre promovido por Israel foi denunciado em todo o mundo como crime de guerra, e o acordo que entrou em vigor no dia 10 de outubro é resultado direto da resistência do povo palestino e da solidariedade internacional. 

Com o acordo de trégua, uma parte dos prisioneiros palestinos foram libertados das masmorras israelenses. Muitos deles, jovens e mulheres, relatam torturas, como espancamentos, estupros, privação de sono, fome e sede. Além dos libertos, corpos foram entregues sem identificação, com sinais de execução sumária e torturas sistemáticas. A autoridade palestina denuncia ainda que muitos corpos foram devolvidos sem órgãos, um crime sem precedentes na história da humanidade.

Gaza ensinou, uma vez mais, que eles podem ter aviões e armas de destruição em massa, mas o povo tem a razão, e quem tem a razão não se ajoelha.  (Foto: jfgornet / Flickr)

Gaza ensinou, uma vez mais, que eles podem ter aviões e armas de destruição em massa, mas o povo tem a razão, e quem tem a razão não se ajoelha. 
(Foto: jfgornet / Flickr)

De fato, as libertações são uma vitória parcial, pois Israel ainda mantém reféns, como o líder palestino Marwan Barghouti, que está preso há mais de 20 anos e sendo vítima de torturas. Além disso, o acordo de cessar-fogo, embora represente o fim dos bombardeios, não prevê a criação de um Estado Palestino soberano e já é descumprido por parte de Israel. 

Gaza está devastada, com hospitais e escolas reduzidos a escombros, então a reconstrução do território continua a depender fundamentalmente da capacidade de organização do povo palestino, que até agora nos ensinou muito sobre a luta por liberdade. 

O imperialismo capitalista não é invencível

Essa é a primeira lição de Gaza para todos os oprimidos e explorados do mundo. Durante anos, o governo israelense, apoiado pelos Estados Unidos e pelas potências da OTAN, acreditou poder aniquilar Gaza. No entanto, a resistência não se dobrou. O mesmo império que alimenta guerras e golpes ao redor do mundo se viu encurralado e forçado a negociar.

Não é por menos que o verdadeiro mercador da morte, Donald Trump, chefe de Estado que abastece Israel com armas e legitima o massacre, tenta transformar-se agora em “negociador da paz”: a bravura dos palestinos e a pressão dos trabalhadores ao redor do planeta abalaram a força do imperialismo. Mesmo com a terrível campanha ideológica do sionismo, tornou-se impossível justificar o massacre. Gaza ensinou, uma vez mais, que eles podem ter aviões e armas de destruição em massa, mas o povo tem a razão, e quem tem a razão não se ajoelha. 

Sumud: o poder da fé de um povo

A palavra árabe “Sumud”, que carrega um profundo significado de força e resistência inabalável diante do horror da ocupação sionista, traduz a persistência de décadas do povo na Palestina histórica. Mesmo diante da destruição praticamente total de sua terra e do mais violento massacre do último século, algo fez com que o povo palestino não se entregasse. De cabeça erguida, as famílias voltam aos escombros para procurar sobreviventes, reerguem suas tendas, enterram seus mortos e hasteiam sua bandeira. Essa fé na sua libertação é tão poderosa que transformou também a nossa consciência e nos ensinou o significado da luta por liberdade.

Um morador de Gaza, no caminho de volta para casa, afirma: “Apesar do que Trump fez contra nós, apesar  de tudo que o canalha do Netanyahu fez contra nós, para nos expulsar de Gaza, não há uma casa de pé, mesmo se eles nos cortarem em pedacinhos, não vamos sair de Gaza, nem um único centímetro! Eles tentaram nos expulsar, mas é impossível! Esta é a bandeira da honra e da dignidade! Esta é a bandeira da Palestina!”

A solidariedade internacional dos trabalhadores é extraordinária

Enquanto os governos da burguesia foram coniventes com o massacre, os povos do mundo se levantaram pela Palestina. Milhares foram às ruas em Londres, Paris, São Paulo e Istambul. Na Itália, uma greve geral paralisou portos e fábricas em solidariedade ao povo palestino, exigindo o fim das exportações de armas para Israel. Da mesma forma, a Flotilha da Liberdade, composta por militantes de dezenas de países, navegou rumo a Gaza levando ajuda humanitária e denunciando o bloqueio sionista. 

São muitas as formas de solidariedade internacional que demonstram de maneira concreta que o internacionalismo não é palavra de ordem abstrata: é uma força extraordinária, capaz de pressionar governos e de impedir que a barbárie continue. Uma lição da capacidade de luta da classe trabalhadora do mundo todo. 

É justa toda forma de resistência

Por fim, também é fundamental observar que há uma derrota militar contra Israel. Isso porque, apesar das baixas, o forte e tecnológico aparato de guerra dos sionistas não foi capaz de exterminar a Resistência. De fato, a força material do opressor só se combate com força material organizada e, sem dúvidas, foram os próprios palestinos, e não os acordos diplomáticos ocidentais, que impuseram o cessar-fogo. Não dá para ignorar que é essa força que mantém viva a causa palestina há mais de 70 anos. 

O Povo Palestino resiste. É preciso expulsar Israel de Gaza, colocar fim aos campos de concentração sionistas e dar direito à plena autodeterminação dos palestinos sobre suas terras. Então seguimos na luta e as lições que o mundo aprendeu com a resistência em Gaza não podem ser esquecidas. Floresce nas ruínas a certeza de que nenhum império é invencível diante da fé de um povo que luta pela sua liberdade.