Sábado, 27 de dezembro de 2025
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Aos urubus da direita latino-americana e imperial, que profetizam um cenário de impasse político e até de guerra civil caso Hugo Chávez fique impossibilitado de assumir seu novo mandato, a melhor resposta só poderia ser emitida pelas urnas. Pela segunda vez em menos de três meses, o povo se manifestou sobre o futuro do país.

Nas eleições estaduais de 16 de dezembro, os venezuelanos renovaram, por expressiva maioria, o apoio à Revolução Boliviariana. O PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), espinha dorsal da sustentação política do governo, ganhou em 20 dos 23 Estados do país. Conquistou cinco governos estaduais que estavam em mãos oposicionistas – entre eles, Zulia e Carabobo, que se destacam entre os Estados mais ricos e populosos – e não perdeu nenhum. No total dos votos, repetiu-se a vantagem de 11 pontos percentuais obtida por Chávez na eleição presidencial de 7 de outubro.

Aos oposicionistas restou, como prêmio de consolação, a apertada reeleição de Henrique Capriles no Estado de Miranda, o que dá ao rival derrotado por Chávez condições de se candidatar a uma nova tentativa na hipótese de eleições para presidente em 2013.

O que mais impressiona na cobertura midiática sobre a situação venezuelana é a visão distorcida dos fatos

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O que mais impressiona na cobertura midiática sobre a situação venezuelana é a visão distorcida dos fatos. Por interesse político ou simples desinformação, vende-se a ideia de que o gigantesco processo de mudanças iniciado em 1999 está em vias de ser interrompido. Os venezuelanos são retratados como um bando de ingênuos, hipnotizados por um mago. Busca-se, assim, ocultar o óbvio: se votaram a favor de Chávez, repetidas vezes, é por que nele veem algum benefício. Do mesmo modo, sua eventual ausência não deixará um vazio. Se é verdade que a liderança pessoal do presidente exerceu um papel decisivo até agora, também é inegável o surgimento de dirigentes altamente capazes, em todos os níveis.

A designação de Nicolás Maduro como vice-presidente e sucessor de Chávez é a melhor garantia possível contra o risco de desagregação das forças atualmente unidas em torno do comandante revolucionário. Divergência e disputa são inerentes à política, mas a inquestionável legitimidade de Maduro certamente representará um poderoso fator de coesão em dias difíceis.

Mais importante do que isso são as sucessivas demonstrações de que o povo venezuelano tem consciência de suas conquistas e está disposto a defendê-las em quaisquer circunstâncias. Ele protagonizou, nestes últimos 14 anos, o que existe no mundo de mais próximo a uma revolução socialista. O poder e a riqueza, monopolizados pela elite local submissa ao imperialismo, estão se transferindo para os trabalhadores, em uma escala e velocidade extraordinárias.

Da Venezuela de hoje, duas coisas se pode afirmar com certeza. A primeira é que o país nunca voltará a ser o que era antes da chegada de Chávez à Presidência. A segunda é que, se alguém tentar que isso aconteça, o povo reagirá com toda a energia, sem vacilação.

(*) artigo publicado originalmente na revista Brasil de Fato