Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A revista inglesa The Economist, especializada em assuntos internacionais, publicou um artigo em 11/04 expondo que o exército israelense vinha numa escalada de fracassos militares e morais em Gaza, pela incompetência e fiasco dos generais e indisciplina moral e vandalismo dos soldados sionistas.

Sobre os fracassos catastróficos, a publicação diz que “Primeiro, […] não alcançou os seus objetivos militares em Gaza. Em segundo lugar […] agiu imoralmente e violou as leis da guerra, com o ataque em Damasco. As implicações tanto para as IDF [Forças de Defesa de Israel] como para Israel são profundas.”

Agora, Israel se vê diante de um novo dilema: revidar ou não os ataques bem-sucedidos do Irã contra alvos militares sionistas na madrugada do dia 14 de abril. Os chefões militares realizam reunião após reunião e não chegaram a uma posição sobre quando e como fazer um ataque retaliatório ao Irã.

No fundo, eles têm medo do que pode acontecer. Além de aconselhados por seus financiadores dos EUA, França, Reino Unido e regimes traidores árabes, os chefes militares sionistas estão levando a sério as declarações dos líderes da Guarda Revolucionária Islâmica, quando afirmam que o Irã usou armas antigas durante o ataque massivo ao território israelense e o executou com meios mínimos.

“Atacamos usando armas antigas e meios mínimos. Nesta fase, não utilizamos mísseis Khorramshahr, Sajjil, Kheybar Shekan, Haj Qasem e Hypersonic 2, mesmo assim ultrapassamos todo o poder dos sistemas ocidentais e israelenses com forças mínimas”, afirmou major-general Amir Ali Hajizadeh, comandante das forças especiais militares do da República Islâmica. A mensagem foi clara: pode vir quente que estamos fervendo!

Militares iranianos desfilam equipamentos militares durante cerimônia em Teerã, em outubro de 2020.
(Foto: M. Sadegh Nikgostar / FARS)

Uma publicação da jornalista sionista Emily Schrader no X na madrugada de sexta-feira 19, desencadeou uma série de sonhos na mídia estadunidense e sionista sobre um ataque israelense a sete cidades iranianas, incluindo a central nuclear iraniana na cidade de Isfahan. Não tardou e a verdade sobre esse sonho sionista numa calma noite persa veio à tona. 

Imagens divulgadas logo em seguida demonstraram que o que ocorreu foi a ativação de defesas aéreas em alguns locais ao redor da cidade iraniana de Isfahan, após a detecção de pequenos drones de curto alcance vindos do interior, que foram abatidos com o uso de metralhadoras no solo, e que não houve uso de defesa antimísseis.

O estado sionista faz de conta que não vê que as capacidades iranianas são bem superiores que as suas. Israel só foi capaz de abater drones e alguns mísseis iranianos porque contou com vasto apoio militar e tecnológico instalado na região pelos EUA, França e Reino Unido, além do apoio dos regimes árabes traidores dos Emirados Árabes, Arábia Saudita, Jordânia e Egito. Sem essa aliança pró-sionista, o estrago teria sido bem maior.

A operação Promessa Verdadeira, do Irã, levou à destruição seletiva e provocou desavenças entre os líderes sionistas, que passaram a não confiar uns nos outros, segundo o jornal estadunidense Wall Street Journal. Em sua conta na rede social X, o líder sionista de oposição, Yair Lapid, culpou Netanyahu pela perda total da dissuasão israelense. “Este primeiro-ministro tornou-se uma ameaça existencial para Israel. Este governo fracassado deve ir para casa e seus ministros devem falar menos”, escreveu ele.

Ato contínuo, o Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, vem presenciando a fuga diária de milhares de colonos judeus, que estão exercendo o seu legítimo direito ao retorno para Europa. Um analista do Mossad avaliou que se esta situação de fracasso em Gaza e a possível derrota para o Irã continua; a fuga de colonos judeus poderá alcançar o número de 4 milhões de pessoas, provocando um gritante desequilíbrio populacional entre israelenses e árabes.

Se o regime de Israel pretende mesmo continuar fazendo mal aos palestinos, libaneses e ao Irã, que se prepare para uma rebordosa pelo menos dez vezes maior que a de 14 de abril. A demonstração de força do Irã foi a menos punitiva que o país persa poderia exercer. Nem ‘Iron Dome’, ‘Estilingue de Davi’, nem o sistema foram capazes de impedir o ataque preciso contra o alvo principal estipulado, a base aérea de Nevatim, no deserto de Negev, de onde partiram os caças que atacaram a Embaixada iraniana em Damasco.

O Irã demonstrou que não é como Israel, que realiza ataques covardes e genocidas. O ataque iraniano não atingiu nenhum alvo como áreas civis, hospitais, escolas, sinagogas, padarias, depósitos de água, jornalistas, ambulâncias ou creches!

A operação militar levada a cabo pelo Irã contra a entidade ocupante sionista foi um direito natural à legítima defesa, assegurado no Art. 51 da Carta da ONU, e uma resposta merecida ao crime de atacar o consulado iraniano em Damasco e de assassinar vários líderes da Guarda Revolucionária. Agora Israel  tem certeza de que não será capaz de se defender depois do colapso para sempre do seu poder de dissuasão e da sua queda humilhante face à resistência em Gaza e outras frentes.

Após o tapa na cara deste 14/4, Israel terá que escolher entre uma guerra aberta, que terminará com a eliminação do regime sionista, ou aceitar o conselho do chefão Joe Biden para “engolir” o golpe do Irã. O ataque iraniano representou um segundo 7 de outubro e um ponto de virada na história das lutas e movimentos de resistência na Palestina, Líbano, Síria, Iraque e Iêmen. Israel foi longe demais e seus fracassos em Gaza está levando o regime chefiado pelo carniceiro Benjamin Netanyahu ao péssimo resultado do seu fim.

(*) Sayid Marcos Tenório é historiador, especialista em Relações Internacionais e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal). Instagram: @soupalestina