Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O primeiro-ministro sionista Netanyahu anunciou que seriam os ataques por terra ao território da Faixa de Gaza retomados, com o intuito de torná-la 100% controlada pelo Estado sionista. Junto com esta decisão, anunciada em 7 de agosto de 2025, e aprovada pelo Gabinete três dias depois, foi elaborado pelo governante um mote ordenador desta nova incursão terrestre: o de “terminar o trabalho e derrotar o Hamas em Gaza”. Esta diretiva, que foi amplamente anunciada pelos meios de comunicação, demonstra pela sua própria enunciação o pressuposto de que a insurgência não foi ainda afetada ou debilitada mortalmente, sendo necessária, portanto, uma nova onda de ação terrestre para fins de conquistar os cerca de 25% do estreito enclave que não estão sob controle físico do Estado sionista.

Visivelmente, o Estado sionista desligou de vez o vínculo com o resgate dos cativos desde 7 de outubro de 2023. Sua prioridade sempre anunciada de destruir a insurgência (e não a negociação) como forma de alcançar a libertação dos seus nacionais parece agora – face à deterioração das condições de reprodução biológica da população do enclave e dos próprios cativos – tomar o seu contorno final. Os meios de comunicação indicam dia a dia um número cada vez menor de cativos sobreviventes. As imagens de alguns deles passando por condições de subnutrição iguais às que a população da Faixa de Gaza tem suportado não abalou a convicção do governo sionista. Ao contrário, as mesmas imagens que decretam o fracasso da extrusão dos cativos pela força são utilizadas pela diplomacia sionista para reabilitar o pacto de morte total da população da Faixa de Gaza em nome da derrota física da insurgência.

 Leia também – Gaza: se não é genocídio, é guerra total 

As oposições a esta nova escalada fora do Estado sionista estão cada vez mais realçadas, acrescentando à crescente lista de reprovação moderada e/ou contraditória variados atores políticos que estão se pronunciando como forma de lidar com uma situação extremamente adversa. Isto ocorre porque tudo está indicando que a política social genocida praticada pelo Estado sionista contra o povo palestino está alcançando um “ponto de não retorno”. Ou seja, mesmo se estancada a sua forma mais selvagem de extermínio, já existem elementos suficientes para que a diminuição demográfica ocorra mesmo sem escalar o nível das agressões, apenas administrando o impedimento de acesso a recursos suficientes para a reprodução da vida biológica e social pela população do território que cada vez mais subsiste de forma precária. No interior do Estado sionista a brutal repressão aos movimentos de contestação desta orientação por parte de seu governo nos parece ter produzido os efeitos desejados. Estes movimentos já não possuem energias suficientes para produzir uma alteração da rota da política traçada em decorrência dos episódios de 7 de outubro de 2023. Resumem-se, nas suas manifestações públicas, a repetirem palavras de ordem e exigir negociação ao invés da destruição física dos que mantêm seus entes sob cativeiro. A repressão a esta livre manifestação de opiniões políticas nunca se faz por esperar. Poucas vezes tais manifestações alcançam a capacidade de dar a devida magnitude do que está se passando, fato demonstrado por pesquisas de opinião pública que indicam aprovação de mais de 3/4 da população ao que se passa na Faixa de Gaza. E quando parcelas da população local reconhecem que existe um problema a ser enfrentado, por inúmeras vezes utilizam o eufemismo de “questão humanitária” como uma forma de negar a prática da política social genocida efetuada pelo seu governo.

De forma surpreendente, o novo “grito de guerra” do governo sionista se ergue em plena implementação de uma matança inexplicável e inaceitável. E o indicador mais fidedigno desta situação é que, como já anunciamos acima, a insurgência sobrevive. Segundo informações não totalmente verificáveis, novos quadros foram incorporados à resistência, oriundos do despojamento total e das condições de vida deterioradas impostas à juventude palestina. Estima-se que a insurgência, composta por mais de quinze grupos, é composta por 40 mil combatentes.

Soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) operando na Faixa de Gaza em julho de 2014. (Foto: IDF spokesman Unit)

Soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) operando na Faixa de Gaza em julho de 2014.
(Foto: IDF spokesman Unit)

Esta nova proposta de implementação da ação militar em larga escala por parte do governo sionista ocorrerá após um imenso alargamento da sua atuação no seu entorno regional. No Líbano, as pressões militares e políticas do governo sionista e seus aliados europeus e norte-americano está empurrando o país para um novo impasse político e militar, com riscos de eclosão de uma nova guerra civil. O gabinete aprovou (sem muita convicção ou disposição de realmente fazê-lo) a imposição do desarmamento do Hezbollah.  O desrespeito por parte do Estado sionista aos acordos de cessar fogo estabelecidos em novembro de 2024 é notório, apesar da parte libanesa cumprir fidedignamente o que foi acordado: o cumprimento da Resolução 1.701 da ONU que obriga as tropas libanesas ocuparem o sul do Rio Litani, deslocando a força militar do Hezbollah. Na Síria, entre idas e vindas, o novo governante tenta alcançar um modus vivendi com o Estado sionista, mas sem sucesso na sua empreitada. A recente agressão aos drusos por parte de milícias estrangeiras que vivem no país (ao que se sabe fora do controle do governo central) gerou uma reação militar dos sionistas que já ocupam parte do sul do país em defesa do que consideram ser seus aliados incondicionais. Aqui também se assiste a reprodução em escala reduzida da política social genocida, agora praticada por integrantes das forças militares do governo contra populações alauitas e cristãs. Tal como ocorre na Faixa de Gaza, o mesmo desdém da “comunidade internacional” é manifestado pelo destino trágico destas minorias; nenhuma cobrança pública é feita ao novo governo sírio. A vitória do sionismo externo é, no caso sírio, muito palpável. Na Cisjordânia continua a limpeza étnica e a expansão territorial dos assentamentos nos territórios palestinos. Religiosos moradores nos assentamentos ilegais atacam tresloucadamente a população originária local, cometendo crimes tão graves quanto os que os nazistas perpetraram. Há um clima de guerra fria entre o Estado sionista e o governo da Turquia, devido a disputas pelo controle de regiões e recursos sírios. O papel ambíguo da Turquia em relação a tudo que envolve o Oriente Médio está se explicitando na medida em que ganha corpo a implantação da política externa do país: o neo-otomanismo. Suas consequências para o futuro do Oriente Médio ainda não estão claras pois, tal como o Estado sionista, os formuladores de política externa daquele país dependem de condições militares e políticas externas à sua capacidade de implementar a ocupação/dominação territorial equivalente ao “Grande Israel”. No caso turco, já o sabemos, o caráter de dependência das devidas “permissões” do ocidente coletivo para os planos expansionistas não é de forma nenhuma tão assegurado quanto o do congênere sionista.

No front diplomático, o capital político do Estado sionista está em recuo, devido ao seu isolamento e desgaste produzido pela implementação da sua política social genocida contra o povo palestino. Há um pressentimento generalizado de que esta ação acabe por incorporar ao patrimônio institucional das democracias ocidentais a prática genocidária, mesmo que embasada em argumentos ocidentalizados como o “combate ao terror”. Não obstante esta limitação, o Estado sionista se mantém firme na defesa e manutenção incólume das suas posições militares e na estrutura logística de oferta de bens e serviços à sua economia por parte até mesmo de governos que manifestam reprovação ao que ocorre na Faixa de Gaza. O desgaste com os ataques que sofreu dos mísseis lançados pela República Islâmica do Irã na “Batalha dos Doze Dias” (de 13 a 25 de junho de 2025) parece ter afetado muito mais a capacidade sionista de se defender de tais armas do que a de abalar o poder de fogo do inimigo com aviação baseada em países da região. De qualquer forma, esta “derrota relativa” não pode ainda ser totalmente mensurada devido à forte censura militar sobre tais assuntos na imprensa sionista. Países importantes da União Europeia apontam para o reconhecimento do Estado da Palestina, depois de décadas de procrastinação de uma medida que poderia ter ajudado a evitar o que se passa atualmente. Mesmo não apontando concretamente para o alívio imediato da implementação da política social genocida pelo Estado sionista contra o povo palestino, tal posição talvez se torne a última oportunidade de, no longo prazo, representar o reavivamento da decisão inicial da partilha da Palestina. A fraqueza e o condicionamento de tantas varáveis para que esta ação diplomática seja implementada é tamanha que só podemos considerar que o que está em jogo para as democracias avançadas do Ocidente coletivo é a busca de um grau razoável de imunidade e distanciamento das consequências políticas posteriores ao término da política social genocida dos sionistas. Também devemos considerar nesta clave a pressão contínua e ampliada das manifestações populares na Europa ocidental e Estados Unidos da América em favor da causa palestina. Elas são muito maiores e mais difundidas do que a mídia tradicional aponta; podemos constatar a sua extensão nas plataformas de reprodução de vídeos (Youtube e Tik Tok) que demonstram tanto a força destas ações coletivas quanto a dura repressão que recai sobre elas. Assim, de forma contraditória, o combate à insurgência palestina incentiva a formatação de um modelo de manifestação que tanto a apoia quanto, por vezes, se pretende também insurgente. Este risco de propagação da contestação social pela via da crítica da conduta dos governos perante ao que ocorre na Faixa de Gaza e na Palestina de uma forma em geral deve, na percepção dos governantes ocidentais, ser estancado com medidas paliativas e retóricas!

De tudo que alinhamos acima, devemos ter em consideração que presenciamos a manifestação de muitos setores de que existiria um certo esgotamento das linhas de força mais gerais da política social genocida dos sionistas, indicando que em algum momento no futuro esta questão poderá ser encaminhada segundo os cânones do direito internacional. No presente, a continuidade da aplicação da política social genocida, da forma como a anunciada pelo governo sobre a ampliação do controle sobre o território da Faixa de Gaza, indica que esta posição não é realista. Dois fatores regulam esta nova proposta de ação. O primeiro é a própria existência do povo originário da terra da Palestina. O segundo é a existência da insurgência. O Estado sionista não pretende conviver com nenhum destes dois, mas a insurgência possui prioridade no enfrentamento, já que ela fornece elementos para a construção da identidade nacional. Até o presente, a estratégia sionista foi a de mesclar povo palestino com a insurgência, tornando-os artificialmente uma só entidade. Agora a realidade parece indicar que se faz necessário mais uma ação física de enfrentamento da insurgência que, pela primeira vez desde outubro de 2023, passa a ser vista como algo independente da população que a cerca. Esta ação encontra dificuldades no esgotamento da força militar sionista, no início da integração dos religiosos Haredim no seio das forças armadas e no número de baixas que certamente ocorrerão entre as tropas invasoras. Tais óbices, muitas vezes apresentados como limitantes estruturais do Estado sionista, não possuem por si só a capacidade de frear o aprofundamento da política social genocida.

O porquê a incapacitação do Hamas não ocorreu após vinte meses de bombardeios e destruição da infra-estrutura e da extrema limitação da capacidade de reprodução da vida biológica e social certamente poderá, quando possível, ser constatado com a eficácia militar da insurgência na luta direta contra as tropas terrestres sionistas. Somente quando os números de mortos e feridos do lado sionista se tornarem públicos é que saberemos a extensão das perdas da sua força militar. Se os números reais fossem de conhecimento público neste momento, talvez a crise na atuação do Estado sionista seria ampliada exponencialmente, já que a sociedade local vive o sonho de viver num mundo idílico onde basta a pusilânime narrativa sionista demonstrar alguma eficácia para que a realidade do povo palestino seja desconsiderada. A conduta da população do Estado sionista se apresenta neste quesito de uma forma muito parecida à dos investidores em mercados de papéis com remuneração variável: quando a realidade concreta de perdas severas e dificuldades no campo militar se apresentam, a reação popular se torna “avessa ao risco”. Por ter uma conduta tão tosca do ponto de vista político é que não conseguem formatar uma proposta viável para combater o mal que estão diagnosticando. Lembremos que, no momento, alguns analistas já apontam a discrepância existente entre os números de baixas (mortos e feridos) oferecidos pelos militares sionistas com aqueles disponibilizados pelos serviços de saúde.

Em todos os artigos que precederam esta série no Opera Mundi, sempre tomamos em conta que a vitória dos sionistas (apesar de inúmeros revezes) estaria praticamente assegurada, fosse no campo militar, fosse nos campos econômico e político. No terrenos das ideias o Estado sionista não pode contar como antes com um reconhecimento amplo, mas apenas reafirmar pela eficácia de suas instituições (entre elas a política social genocida contra o povo palestino) que é vitorioso e não há questionamentos possíveis que possam alterar esta narrativa. Reconhecemos, no entanto, sem alterar o diagnóstico oficial, que existam dificuldades crescentes para a manutenção da política social genocida dos sionistas, que muitos percalços estão à frente do seu Estado para implementar o que temos chamado nesta série de artigos de pax israelensis. As perdas humanas, a destruição física oriunda dos ataques dos mísseis iranianos, a desorganização da economia, o aumento vertiginoso das despesas públicas, o início da recusa da direita norte-americana em arcar com os custos da manutenção do Estado sionista, etc., são elementos muito comuns nas análises dos que vaticinam (mais do que analisam) uma crise terminal do sionismo, a viabilidade da sua ocupação das terras palestinas e da ação imperialista de seu Estado. Mas estas situações só podem ser tomadas como limitantes no interior de algo que podemos caracterizar como um “Estado westphaliano” completo. Elas não podem ser, em nosso entendimento, aplicadas para uma “entidade” como o Estado sionista. Sem possuir uma Constituição democrático-republicana-burguesa ou mesmo fronteiras definidas geograficamente, o Estado sionista não passa de uma ficção daquilo que se propõe a ser: um Estado para o povo judeu. Resume-se a ser uma caricatura de Estado, impondo-se quase exclusivamente através da força militar que, como uma charneira que vincula o imperialismo pós-descolonização ao Oriente Médio, exerce um esforço desenfreado de montagem de uma engenharia política de controle tanto de importantes territórios que se vinculam fisicamente à Europa, Ásia e África quanto são possuidores de generosas fontes de energia fóssil. Já definimos anteriormente o seu conteúdo: é um Estado sub-imperialista, seguindo as análises desenvolvidas pela Teoria da Dependência, e especialmente de um de seus mais proeminentes analistas, Rui Mauro Marini.

O papel desta “entidade” não é o condão de defender o povo judeu da perseguição anti-semita milenar, já que a maioria dos judeus existentes no mundo vivem fora do Estado sionista. E mesmo muito dos que lá habitam possuem dupla nacionalidade, prova incondicional da relatividade do papel protetor desta instituição. Sua funcionalidade plena se constitui numa ação deliberada de preservação de uma constante produção de instabilidade políticas dos países do Oriente Médio, quase todos contendo heterogeneidade étnica, nacional ou religiosa. Este ponto é o que deve ser considerado para a compreensão plena do papel do Estado sionista, como ele se viabilizou. Dentro da produção desta constante busca de uma nova ordem política favorável aos interesses do ocidente coletivo, a derrubada de governos ou a exacerbação das diferenças acima apontadas, é exigido de sua ação externa a aplicação de uma contínua pressão política (golpes de Estado, atuação de ONGs), econômica (sanções), militar (ataques aéreos) e de inteligência infiltrada (viabilizando “decapitações” de estruturas governamentais) para minar as bases do conteúdo westphaliano dos Estados Nacionais do Oriente Médio. Sendo assim, a fórmula de ação do sionismo externo é a de enfraquecimento do conteúdo de políticas públicas e identidade nacional dos países no Oriente Médio no sentido de criar uma ordem política regional que no fundo é… uma desordem política e institucional.

Será nesta clave de articulação do sionismo externo com a pax israelensis que encontraremos uma chave de interpretação do funcionamento do Estado sionista. Dentro dela, para viabilizar materialmente o seu funcionamento, há uma espécie de subsídio ilimitado que é ofertado pelo imperialismo para a população beneficiária da usurpação dos territórios palestinos em termos de bem-estar social e poderio econômico. Estas situações são artificialmente sustentadas. É esta a base econômica algo fictícia o Estado sionista – que em nossa opinião deve ser interpretada como uma forma de “parasitismo social” –, que se apresenta como ator político privilegiado e viável para impor normas de funcionamento das instituições dos Estados do Oriente Médio. Estes quase que “naturalmente” tendem a repelir esta interferência extra-regional.

O clima de tensão que é proveniente desta posição privilegiada dos sionistas em contraposição com a enfraquecida capacidade política, militar e institucional dos Estados componentes do que o ocidente coletivo chama de “Oriente Médio” (apesar da imensa riqueza gerada pela venda de petróleo e gás) é uma das causas da aplicação da política social genocida pelos sionistas contra o povo palestino. A argumentação de que a insurgência oriunda do islã político introduz uma ameaça existencial ao Estado sionista para justificar a aplicação da sua política social genocida é uma “falsa questão” apresentada como uma narrativa anacrônica que é pautada na vivência europeia do povo judeu, onde predominava o anti-semitismo. 

A eventual derrocada do Estado sionista só poderá ocorrer com a reprodução no ocidente do mesmíssimo conteúdo (não ideológico ou religioso, mas político e social) do movimento político que se estabeleceu na oposição local ao sionismo: a insurgência coletiva. A ação de reconhecimento futuro por parte de parte da União Europeia do Estado da Palestina já dialoga com esta delicada situação, tentando evitar um agravamento da insurgência potencialmente já existente nas contínuas manifestações da sociedade civil destes países contra o genocídio do povo palestino. Para serem eficazes no combate ao apoio dos seus governos à política social genocida, estas deveriam contar por parte dos manifestantes com uma agenda crítica do impacto do imperialismo do ocidente coletivo. Esta degrada tanto as condições de vida das populações dos Estados Nacionais do Oriente Médio quanto as próprias formas de reprodução de vida da classe trabalhadora nos seus países de origem. Os dois processos estão interligados.

Encerramos nosso artigo com mais uma manifestação de solidariedade e pesar pelo martírio do querido e brilhante jornalista Anas Al-Sharif, que junto com quatro colegas da sua emissora, a Al Jazeera, foram covardemente mortos pelos sionistas em local de abrigo e repouso dos profissionais junto ao Hospital Al Shifa. O martírio destes cinco profissionais demonstra com precisão a capacidade do sionismo em identificar possíveis e/ou futuras lideranças que criem e sustentem a identidade nacional palestina. A acusação de que o profissional possuía laços com a insurgência não parece ser crível; é antes de tudo uma lição de como o sionismo trata os que dele não fazem parte ou que não atendem seus interesses.

Palestina livre do Rio ao Mar.

Este artigo é a 23ª parte da série “Gaza, ano zero: as raízes do Holocausto do povo palestino”.

(*) Bernardo Kocher é Professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense (UFF)