Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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O número dois da revista Samuel traz, como reportagem de capa, dossiê sobre um rotundo fracasso civilizatório: o combate às drogas. Nosso objetivo foi apresentar ao leitor um painel de informações e pontos de vista sobre esse dilema.

Reprodução

O consumo de substâncias químicas que alteram a percepção dos sentidos está integrado às sociedades modernas. Não apenas tem se intensificado o uso de produtos legalizados (por exemplo, o álcool) como se expandiu o uso de drogas clandestinas. O ciclo de hábito e dependência, hoje particularmente enraizado na classe média, transformou-se em mercado para uma das mais potentes e agressivas indústrias do planeta.

Os efeitos sociais, cristalizados em índices de violência urbana e dramas de saúde pública, levaram os principais governos a declarar guerra a essas substâncias. Os resultados, no entanto, são frustrantes. Na prática, a vanguarda dessa operação, formada pelos países mais ricos, abriu batalha contra produtores e comerciantes das nações pobres, associada à criminalização do consumo, e poupou os vínculos de seu sistema financeiro com os cartéis do tráfico.

A estratégia acabou por transferir dependentes químicos, de hospitais e centros de saúde onde deveriam ser tratados, para instituições penitenciárias nas quais o consumidor geralmente é constrangido a traficar para pagar o vício ou defender a vida.

As cadeias estão lotadas de usuários e pequenos traficantes, rapidamente inseridos na máquina da criminalidade.

Também mostrou-se trágico o recurso à repressão contra milhões de pobres e miseráveis cuja única alternativa de sobrevivência está conectada à indústria da droga. O camburão é o que se oferece a esses setores, sem criar condições para que exerçam outras atividades econômicas e tenham acesso aos serviços públicos.

O tráfico continua atuante, pois os recursos humanos oriundos da marginalização social são quase inesgotáveis. Mais ainda: sua atividade alimenta o contrabando de armas e as lavanderias de dinheiro sujo. Os únicos que tombam nessa guerra são os pés de chinelo, pois as elites sempre dão um jeito de se proteger do arrastão. Um punhado de barões da droga acaba caindo, mas o sistema continua intacto.

Esse é o retrato apresentado pelo dossiê da Samuel, também integrado pela discussão de soluções novas diante do fracasso. São dezenove páginas, com artigos de oito publicações, de quatro países: um cardápio que, esperamos, possa ser útil e interessante para nossos leitores.

Revista traz dossiê que analisa as políticas de combate aos entorpecentes ao redor do planeta

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