Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Dois reforços chegavam neste sábado (6/2) à praça Tahrir enquanto do lado de fora a polícia forçava um clima de normalidade nas ruas, retirando barricadas e liberando o tráfego de carros. O primeiro reforço veio com cerca de 500 ativistas de Suez, que chegaram em caravana. O segundo, em uma brigada internacional que trazia muitos buquês de flores, como símbolo da solidariedade internacional.

Um pouco depois, os tweets e mensagens de texto – um serviço restaurado apenas agora – desde a praça conclamavam mais ativistas à região, diante do rumor de que o exército iria forçar a evacuação. Foram atendidos: mesmo com a noite avançada, os egípcios chegavam em massa à praça. E o exército, que tentava barrar a entrada e havia prometido fazer cumprir as horas do toque de recolher, foi obrigado a ceder e abrir a passagem.

Leia mais:

Deputados alemães propõem acolher Mubarak

Para Hillary Clinton, há “riscos” nas revoltas dos países árabes

Enviado dos EUA para o Egito recomenda que Mubarak siga no cargo para dirigir transição

Uma nova verdade desponta no mundo árabe 

A mobilização adquire um claro caráter de organização para a resistência passiva, tendo inclusive recusado as propostas para avançar em direção ao palácio presidencial. É um feito extraordinário que tenha resistido numa praça simplesmente gigantesca e arterial na cidade.

No entanto, sua maior vitória é ter conseguido se renovar constantemente, ao pontuar dias especiais em que os atos se enchem de uma carga sentimental poderosa. Foi o caso do dia da Fúria, do dia da Partida e certamente segunda-feira, no dia dos Mártires. E, assim, vem quebrando, uma por uma, as táticas de quem se opõe à vontade popular.

Leia também:

Surpresa: a Tunísia era uma ditadura

Saara Ocidental, uma terra ocupada

Uma revolução começou — e será digitalizada

Wikileaks, vazamentos e uma nova diplomacia mundial

Sobre a barbárie imperialista, a crise do capital e a luta dos povos

Queda de presidente da Tunísia não deve aliviar protestos, diz especialista

Não se trata mais apenas de Mubarak. Todos os que tentam pactuar nas coxias um acordo pra manter o status quo social e geopolítico do Egito arriscam somar-se ao rol de instituições que o povo não esquecerá no seu acerto de contas de 30 anos. Hoje (6/2), queimaram-se em especial o Exército e o governo norte-americano. O general Hassan el-Rawani entrou na praça para discursar pedindo a volta à casa, mas em resposta ouviu a palavra de ordem “Não vamos sair, ele é que vai!”.

*Publicado originalmente no blog Um brasileiro no Egito. Luiz Gustavo Porfirio é historiador, ativista da causa palestina e enviado especial ao Egito pelo jornal Opinião Socialista.

Siga o Opera Mundi no Twitter 

Conheça nossa página no Facebook
 

Nas ruas do Cairo há mais ordem do que no que resta do governo

NULL

NULL

NULL