Arianna Huffington definiu a aquisição de sua invenção, o Huffington Post, pela America On Line como um processo que vai fazer seu negócio deixar de correr como um trem bala para voar como um jato supersônico. “Continuamos viajando rumo à mesma direção, com as mesmas pessoas a bordo, com os mesmos objetivos, mas agora estamos indo muito, muito mais rápido”, completou.
A venda do Huffington Post, com valores significativos (315 milhões de dólares) para uma grande corporação como a AOL abre a corrida de grandes negócios da Internet em 2011 com um novo viés. Como em nenhum negócio anterior, o que está em jogo não é um conjunto de produtos que recebem o nome genérico de “conteúdo”. Desta vez, o que foi vendido foi um a capacidade específica de reunir – ou editar, como antigamente se dizia – produção jornalística de qualidade, interessante, popular e com um recorte político claro, cobrindo um amplo espectro da opinião pública dos EUA.
O HuffPo, o nome abreviado da brincadeira de sucesso, surgiu em maio de 2005, como reação de uma mulher de posses e de ação, Arianna Huffington, que decidiu montar uma rede que pudesse responder ao Drudge Report, um site que agregava manchetes mundo afora, priorizando um recorte conservador.
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Arianna fez mais e melhor, muito melhor. Agregou notícias, mas principalmente blogueiros influentes, que trouxeram informação e opinião de qualidade para sua página. Agregou jornalismo de verdade, jornalismo com frescor de internet, com opinião que também informa, e informação que constrói opinião. Combinou pautas populares e de fofocas com o noticiário quente. E comparar os dois sites hoje é impossível – o Drudge toma uma surra do Huffington .
Embora o dinheiro venha da AOL, que já errou tanto na sua vida de sucessos e de fracassos (a fusão com o grupo Time Warner foi desfeita em 2009, para não falar da tentativa de entrar no mercado latino-americano, Brasil incluído), a opção pela fusão, deixou claro Arianna, foi do HuffPo. Depois de anos de investimento, o site começou a dar lucro e virou o xodó da nova internet. Decidiu procurar parceiros e não demorou a aparecer gente interessada.
“Sabemos que estamos criando uma empresa que pode ter um enorme impacto, alcançando uma audiência global, nas mais variadas plataformas”, disse Arianna, que assumirá o controle de todo conteúdo editorial da AOL, como presidente e editora-chefe da recém-criada Huffington Post Media Group.
Ipod, Iphone, celulares – em matéria de internet, todo um futuro ainda está para ser conquistado. E Arianna, com sua aposta numa cobertura equilibrada (mas não neutra), que combina ferramentas específicas da internet com saberes que os jornalistas aprimoraram desde o século XVIII, parece ter convencido a AOL de que tem o mapa da mina. Um mapa da mina, aliás, que cita explicitamente o Huffington Post Brazil como uma prioridade.
Essa é a parte bonita da história de alguém que tinha 1 milhão de dólares para gastar e que multiplicou este milhão por 300, além mostrar que definitivamente havia um novo modo de fazer jornalismo pronto para ser usado.
A parte menos glamourosa é a concentração e o sentido que a fusão dará ao Huffington Post. O New York Times, na reportagem que trata do negócio, lembrou que a AOL tinha uma longa tradição de identificar-se como um grupo politicamente independente dentro do cenário político norte-americano, equidistante de democratas e de republicanos.
A dúvida que cabe pôr, no entanto, é a oposta: qual será o futuro da saudável posição política liberal (pró-democrata, portanto) do Huffington Post dentro do conglomerado? Não foi ela que fez do HuffPo o HuffPo?
*Haroldo Ceravolo Sereza é diretor de redação dos sites Opera Mundi e Última Instância
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