Coriolano, nosso contemporâneo
A melhor maneira de se transpor um clássico é contextualizá-lo em uma situação bem específica da era em questão, e não mostrá-lo como um conflito eterno
Há uma longa história dessas transposições bem-sucedidas de Shakespeare – isso só para mencionar algumas adaptações cinematográficas recentes: Otelo em um clube contemporâneo de jazz (Noite insana, de Basil Dearden, 1962), Ricardo III em uma fictícia Grã-Bretanha fascista da década de 1930 (Richard Loncraine, 1995), Romeu e Julieta em Venice Beach, Califórnia (Baz Luhrmann, 1996), Hamlet no centro de Nova York (Michael Almereyda, 2000).
Não parece que o presidente Reagan exigiu a mesma coisa do governo sandinista da Nicarágua? Eles só tinham de dizer “Ei, tio!” para os Estados Unidos… E a corte de Xerxes não é retratada como um tipo de paraíso multicultural de diferentes estilos de vida? Lá não participam todos de orgias, diferentes raças, lésbicas e gays, aleijados etc.? Os espartanos, desse modo, com sua disciplina e seu espírito de sacrifício, não estariam muito mais próximos de algo como o Talibã defendendo o Afeganistão contra a ocupação dos Estados Unidos (ou, na verdade, contra a tropa de elite da Guarda Revolucionária Iraniana, disposta a se sacrificar no caso de uma invasão dos Estados Unidos)? Historiadores perspicazes já haviam notado esse paralelo – eis o texto da contracapa de Fogo persa, de Tom Holland:
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