Bons ares cinematográficos sopram em abril na Argentina
Destaques da 15ª edição do BAFICI, atualmente o festival de cinema é o de maior projeção internacional na América Latina
Abril é um momento e tanto para quem vai a Buenos Aires convencido a mergulhar na forte veia cultural e artística da cidade. Teatros, museus e centros culturais retomam suas atividades em meio a um clima agradável, não muito quente, nem frio como são os meses seguintes. E o melhor: em abril acontece o BAFICI, o festival de cinema independente de Buenos Aires – aquele que tem a melhor fama, entre todos os eventos cinematográficos da América Latina, de projetar para o mundo as novas safras de diretores e filmes latino-americanos.
Esse talento vem, em grande parte, do boom que o cinema argentino experimentou no começo dos anos 2000, movimento responsável ao mesmo tempo por projetar mundialmente o cinema latino. Fato é que o BAFICI soube aproveitar a oportunidade e transformou a produção local na grande estrela de suas atrações.
Na atual 15a edição, que acontece de 10 a 21 de abril, não é diferente. É verdade que o festival passa por mudanças, e a principal delas é que o jornalista e crítico de cinema Marcelo Panozzo estreia na direção artística, que por muitos anos foi tarefa de Sergio Wolf, ele também um crítico. Depois, a atraente e extensa (quase impossível de abarcar) programação de 400 filmes passa a se espalhar mais pela capital, abandonando a tradicional sede do festival, que era no shopping Abasto.
Wikicommons (2008)
Festiva é à luz do cinema, sem dúvidas, um dos mais importantes da América Latina
Indo à programação, este ano são inúmeros as atrações. O Chile é o país convidado, e essa, uma ótima oportunidade de entender a boa fase cinematográfica pela que passa o país.
De cara, é chileno o filme de abertura: “No”, de Pablo Larraín, que já estreou comercialmente no Brasil e esteve entre os candidatos a melhor filme estrangeiro do Oscar 2013. Se “No” para nós não é novidade (apesar de ser um ótimo filme), certamente uma série de títulos chilenos espalhados pelas diferentes mostras do evento são. Nas retrospectivas, por exemplo, há um repasso das obras de dois importantes realizadores chilenos, o documentarista e ator Ignacio Agüero (“El diario de Agustín”) e o especialista em gêneros Ernesto Díaz Espinoza (“Kiltro”). E dos panoramas, fazem parte longas bastante premiados recentemente, como “Joven y alocada”, de Marialy Rivas, e “Il futuro”, de Alicia Scherson.
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Argentina
Mas de volta à prata da casa, que é a estrela da festa. Quem quer conhecer as últimas novidades, deve acompanhar a competição argentina, com 15 títulos, entre eles “AB” (Iván Fund, Andreas Koedfoed), “Bomba” (Sergio Bizzio) e “La Paz” (Santiago Loza).
Na Competição internacional, a Argentina também aparece com três filmes entre os 20 selecionados: “Acá adentro” (Mateo Vendesky), “Leones” (Jazmín López) e “Viola” (Matías Piñeiro). Mais três são de outros países latino-americanos: “Anina”, de Alfredo Soderguit (Uruguai, Colômbia); “Soy mucho mejor que vos”, de Che Sandoval (Chile) e “Tanta agua”, de Ana Guevara e Leticia Jorge (Uruguai, México, Alemanha, Holanda).
Fora de competição, há expectativa em torno de “Los Posibles”, novo filme de Santiago Mitre, o diretor do melhor filme argentino de 2011, “El Estudiante”. Longa, por sinal, que faz parte do foco Bafici + Fipresci, um apanhado de 15 filmes argentinos imperdíveis que passaram pelo Bafici e ganharam o mundo, recolhendo prêmios em vários outros festivais.
Nesta seção, dá para percorrer anos de bom cinema argentino em dias assistindo a títulos seminais da nova produção local, como “Mundo Grua”, de Pablo Trapero, “Silvia Prieto”, de Martín Rejman, e “Historias extraordinarias”, de Mariano Llinás.
E se o assunto é tirar o atraso, tem também a retrospectiva de Adolfo Aristarain, dono de uma cinematografia notável, que inclui “Martín (Hache)” e outras pérolas.
América Latina
É boa representação latina em geral. Do Brasil, o destaque vai para a retrospectiva de Júlio Bressane, visto pelos argentinos como o maior nome do cinema experimental feito por aqui. Dos vizinhos, tem também muitas obras independentes e autorais, como “Hasta el sol tiene manchas” (México, Guatemala), de Julio Hernández Cordón, “Post Tenebras Lux” (México, França, Alemanha, Holanda), de Carlos Reygadas, e “Amor crónico” (Cuba, Estados Unidos), de Jorge Perugorría, entre otros.
Enfim… Nada como respirar os bons ares cinematográficos que sopram em abril.
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