Barganhas vão definir cenário pós-eleitoral britânico
Barganhas vão definir cenário pós-eleitoral britânico
O Reino Unido ainda não sabe quem vai formar o governo depois das
eleições de ontem. A expectativa é que nenhum partido consiga maioria
absoluta na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, de 650 cadeiras.
No momento, os conservadores lideram com 285 deputados, seguidos do
Partido Trabalhista, com 231, os liberais-democratas com 50. Os
pequenos partidos já elegeram 27 deputados.
Falta os resultados de apenas 57 distritos, então é improvável que o
Partido Conservador chegue à maioria absoluta de 326 deputados.
Com as eleições mais disputadas dos últimos 36 anos, o comparecimento
foi de 70%. A votação foi até 22h pela hora de Londres. Mas muita gente
que deixou para votar à noite em Londres, em Birmingham e em Leeds não
conseguiu.
O cenário político é confuso. Como primeiro-ministro, Brown só é
obrigado a renunciar se a oposição conservadora obtiver maioria
absoluta na Câmara. Cabe ao primeiro-ministro a iniciativa de articular
um novo governo.
Sem barganha
Grande sensação da campanha na mídia, mas derrotado nas urnas, o
Partido Liberal-Democrata não tem o cacife que sonhava ter para
barganhar a formação de uma coalizão de governo. Sua votação está em
23%. Deve eleger 55 deputados, menos de 10% da Câmara.
Para o líder conservador, David Cameron, “os trabalhistas perderam a
autoridade para governar o país”. O governo responde que os
conservadores também não receberam um mandato popular para governar o
país.
Os conservadores conquistaram 37% dos votos. Só para comparar, nas
eleições de 2005, o Partido Trabalhista, então sob a liderança do
primeiro-ministro Tony Blair, abalado por levar o país à guerra no
Iraque, teve 36% dos votos e fez uma maioria de 67 deputados.
Derrotados
Durante a campanha, quando estava por cima na mídia, o líder
liberal-democrata, Nick Clegg, declarou que não formaria governo com
Brown. Mas é isto que deve estar na cabeça do primeiro-ministro.
Uma coligação liberal-trabalhista criaria um governo fraco, de
derrotados. O Partido Trabalhista recebeu 29% dos votos. Juntos, eles
devem fazer uma bancada menor do que os conservadores, mas podem alegar
que têm a maioria no voto popular.
Alguns analistas consideram mais provável e mais estável a formação de
um governo conservador apoiado por pequenos partidos como os
protestantes da Irlanda do Norte.
*Nelson Franco Jobim é jornalista, mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, editor de Internacional da TV Brasil, professor de jornalismo e pesquisador associado do Centro de Estudos das Américas da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Artigo originalmente publicado no blog Vida Global.
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