Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O jornalista Mino Carta, fundador e diretor de redação da revista CartaCapital, morreu nesta terça-feira (02/09) aos 91 anos. De acordo com o veículo, que não especificou a causa do óbito, Mino estava hospitalizado há duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde lutava contra “problemas de saúde” que se arrastavam há um ano.

Considerado uma referência do jornalismo brasileiro, o profissional foi responsável pela articulação de algumas das publicações mais icônicas do país. Sua carreira na área começou cedo, aos 16 anos, quando o seu pai, Giannino, recebeu de dois jornais italianos pedidos para escrever sobre a Copa do Brasil. Como não gostava de futebol, teria perguntado ao seu filho se aceitaria a encomenda em seu lugar.

Em 1956, Mino retornou para o seu país natal, Itália, onde passou a trabalhar na Gazetta del Popolo, de Turim. Também atuou como correspondente dos periódicos brasileiros Diário de Notícias e Mundo Ilustrado. Pouco depois, seu pai retornaria ao Brasil para assumir a editoria internacional de O Estado de S. Paulo. Na sequência, seu irmão, Luigi, aceitaria um convite de Victor Civita para trabalhar na Abril e, em pouco tempo, assumiria a direção na editora. 

Em 1960, aos 27 anos, Mino assumiu o comando da Quatro Rodas, que foi o pontapé para uma série de empreendimentos revolucionários: esteve à frente da equipe fundadora do Jornal da Tarde (1966) e foi o criador e primeiro diretor de redação da revista Veja (1968), da IstoÉ (1976) e, finalmente, da CartaCapital (1994).

Vale destacar que sua passagem pela Veja aconteceu em plena ditadura militar. Sob seu comando, a revista publicou a primeira grande reportagem denunciando 150 casos de tortura no regime, o que enfureceu os militares levou à apreensão da edição nas bancas. Entretanto, levou os outros veículos a pautarem o assunto. Mino se demitiu da revista em 1976, recusando o pedido do governo ditatorial de desligar um dos colaboradores.

Mino Carta, jornalista e fundador da CartaCapital, morre aos 91 anos
Reprodução/CartaCapital

De acordo com a publicação da CartaCapital desta terça-feira, Mino se dizia obrigado a criar os seus próprios empregos desde a saída da Veja. A primeira edição da CartaCapital foi em agosto de 1994, sendo as publicações mensais. Em 1996, a revista se tornou quinzenal e, em 2001, semanal.

“Mino costumava dizer que CartaCapital era a melhor revista que publicou e dirigiu, a mais próxima de sua concepção de jornalismo, baseada em três premissas: a fidelidade à verdade factual, o exercício do espírito crítico e a fiscalização do poder onde quer que ele se manifeste. Com um ponto-de-vista diferente, em contraposição ao pensamento único dominante na mídia, a publicação acaba de completar 31 anos”, escreveu a revista em homenagem ao fundador.

Além do jornalismo, Mino também atuou como escritor, e chegou a deixar três romances – Castelo de Âmbar (2000), A Sombra do Silêncio (2003) e A Vida de Mat (2016) – que formam uma trilogia memorialística, além do livro O Brasil (2013).