Rumo à COP30, líderes indígenas e ativistas ambientais navegam em flotilha para Belém
Iniciativa visa chamar a atenção do mundo para a proteção dos territórios e biodiversidade, além de exigir que demandas civis sejam atendidas no evento global
Lideranças indígenas e ativistas ambientais de diversas partes da América Latina chegaram nesta quarta-feira (05/11) em Belém, no Pará, para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP30), que reunirá mais de 60 países entre os dias 10 e 21 de novembro.
Os ambientalistas chegaram após uma viagem de três dias percorrida em flotilha pelo Rio Amazonas, com o objetivo de chamar a atenção para a proteção dos territórios indígenas e da biodiversidade, além de garantir que suas demandas sejam contempladas nas negociações do evento.
O projeto que se chama “Viagem para Resistir ao Fim do Mundo” foi organizado pelo veículo brasileiro Samaúma, e pela ONG Saúde e Felicidade, que possui sede em Santarém (PA). A iniciativa prevê que as ações climáticas mais eficientes acontecerão fora dos locais oficiais do evento, enquanto reuniões de alto nível devem acontecer a portas fechadas.
O jornal britânico The Guardian publicou nesta mesma quarta-feira uma reportagem detalhando o trajeto rumo ao evento climático, e destacando que durante a viagem os participantes expressaram as suas principais insatisfações com as autoridades mundiais. Um dos pontos importantes dessas queixas é o protesto contra governos e corporações que danificam o meio ambiente.

Ativistas climáticos do barco às margens do rio Amazonas
Soll/SUMAÚMA
Queixas das delegações
Outra críticas é referente aos preços elevados das hospedagens durante a COP30 e a inacessibilidade de determinados grupos que desejam participar do evento, como os indígenas.
No caso do alto custo das hospedagens, o tema levou algumas delegações oficiais a diminuírem a quantidade de representantes. Nesse sentido, muitas organizações não governamentais encontraram alternativas para viajar. A utilização de barcos para chegar a Belém do Pará foi uma delas.
Por outro lado, o The Guardian lembrou que eventos como a COP são convidativos “para lobistas corporativos e bilionários que voam em jatos particulares”.
A flotilha Yaku Mama (“Mãe Água”) partiu em outubro deste ano das margens do rio Napo, na cidade de Coca, no Equador. A viagem inverteu a rota feita séculos atrás pelos colonizadores europeus, transformando-a em um caminho de conexão, união e resistência dos povos originários. No barco, havia uma faixa que dizia “fim dos combustíveis fósseis – justiça climática já”.
Alerta do secretário-geral
Na semana passada, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres reconheceu que é inevitável o fracasso do mundo em alcançar a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, sendo que os planos nacionais para reduzir as emissões são insuficientes.
Ainda assim, ele pediu para que os delegados “mudem o rumo” para impedir que a floresta amazônica se transforme em uma savana e que outros biomas também sejam afetados.
Segundo o The Guardian, líderes indígenas disseram que suas localidades sofreram a pior seca das suas vidas no ano passado, a qual devastou plantações, secou rios e deixou comunidades isoladas. O atual cenário político, com do presidente Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, só piorou a situação, pois levou esse país a abandonar o Acordo de Paris.
Com informações do The Guardian.























