Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O papa Francisco deu início nesta segunda-feira (07/10) aos trabalhos do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, que durante três semanas discutirá temas ligados à maior floresta tropical do planeta.

A missa de abertura da assembleia foi realizada no domingo (06/10), na Basílica de São Pedro, Vaticano, mas as discussões começaram apenas nesta segunda. Antes do início, o líder católico liderou uma procissão de sacerdotes, indígenas e outros fiéis da Basílica de São Pedro ao plenário do Sínodo, em um ato repleto de canoas, pagaias (um tipo de remo) e cartazes em defesa da Amazônia.

“Devemos nos aproximar dos povos amazônicos na ponta dos pés, respeitando sua história, sua cultura, seu estilo de bem viver”, disse o papa na abertura da assembleia. O Pontífice também pediu “prudência nas informações” que serão passadas para fora, lembrando que haverá um serviço de briefing para a imprensa.

O evento deve discutir novas formas de evangelização dos povos amazônicos e a criação de uma “ecologia integral” que garanta a preservação da floresta, em linha com a “Louvado seja”, encíclica ambiental de Francisco.

“Um processo como o Sínodo pode ser um pouco afetado se cada um disser o que pensa ao sair da sala. Informações dadas com imprudência levam a equívocos”, acrescentou. Jorge Bergoglio ainda alertou que os padres e bispos não foram ao Vaticano para “inventar programas de desenvolvimento social ou de tutela das culturas como se elas fossem um museu”.

“Isso não respeitaria a realidade de um povo, que deve ser soberana”, declarou. Além disso, pediu respeito às roupas e aos costumes dos povos indígenas. “Fiquei triste com um comentário de brincadeira sobre um senhor que tinha plumas no chapéu. Qual é a diferença entre as plumas e os tricórnios que alguns oficiais usam em nossos dicastérios?”, questionou.

"Devemos nos aproximar dos povos amazônicos na ponta dos pés, respeitando sua história, sua cultura, seu estilo de bem viver", disse papa na abertura da assembleia

Maria Cavins/Gabinete de Assuntos Públicos da USAG Itália

Papa iniciou nesta segunda (07/10) Sínodo da Amazônia

Discussão

O Sínodo acontece até o dia 27 de outubro e tem como relator o cardeal brasileiro e arcebispo emérito de São Paulo, Cláudio Hummes.

Em seu primeiro pronunciamento na assembleia, Hummes lembrou que a Amazônia sofre com uma “carência de presbíteros” que leva à ausência dos sacramentos, como a Eucaristia.

“As comunidades indígenas nos pediram que – embora confirmando o valor do celibato na Igreja -, frente à necessidade da maior parte das comunidades católicas na Amazônia, se abra caminho à ordenação sacerdotal de homens casados residentes na comunidade”, disse o brasileiro.

A proposta de ordenar homens casados – preferivelmente indígenas – como padres é motivo de oposição na Igreja Católica e gerou até acusações de heresia por parte de bispos ultraconservadores, como o cardeal americano Raymond Burke.

O Sínodo também discutirá formas de aumentar o papel das mulheres na vida da igreja amazônica. Hummes ainda denunciou que a floresta está “cada vez mais ameaçada por interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade”.

O cardeal apontou o dedo contra “empresas que extraem de modo predatório e irresponsável – legal ou ilegalmente – as riquezas do subsolo e alteram a biodiversidade, frequentemente com a conivência ou a permissividade de governos locais e nacionais, e às vezes até com o consenso de algumas autoridades indígenas”.

Segundo Hummes, o Sínodo também deve tratar de questões como o assassinato de líderes ambientalistas, megaprojetos de infraestrutura e a violência contra as mulheres.