Sábado, 6 de dezembro de 2025
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As ondas de calor dos oceanos estão levando corais à morte em um ritmo muito mais rápido do que o imaginado, revelou um estudo divulgado nesta sexta-feira (09/08) na revista especializada Current Biology. Pesquisadores da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido analisaram os impactos do aquecimento global da Grande Barreira de Corais australiana.

Os cientistas já sabiam que o aumento da temperatura da água do mar, atribuído ao aquecimento global, pode danificar os corais por meio de um fenômeno chamado de branqueamento, processo no qual a espécie perde microalgas fotossintetizantes localizadas na sua superfície, sua principal fonte de energia, causando a sua morte.

Com a perda das microalgas coloridas em vários eventos seguidos de branqueamento, como ocorreu com a Grande Barreira de Corais em 2016 e 2017, os corais podem ser destruídos em poucos meses ou anos. Se a temperatura da água diminuir, no entanto, os recifes conseguem se recuperar.

O estudo revelou, porém, que ondas de calor marinho severas podem degradar internamente o esqueleto de corais, potencialmente matando os organismos em poucos dias ou semanas. A degradação de recifes coloca ainda em riscos outras espécies que vivem nestes locais.

Estudo revela que aumento da temperatura do mar leva à degradação de esqueletos de corais

picture-alliance/dpa/G. Torda

Em 2016, branqueamento atingiu parte da Grande Barreira de Corais

“A gravidade das ondas de calor vai além do processo de branqueamento, é, na verdade, um ponto no qual a própria espécie está morrendo”, afirmou a coautora do estudo Tracy Ainsworth, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.

Segundo o pesquisador Scott Heron, da Universidade australiana James Cook, a rápida dissolução dos esqueletos de corais após ondas de calor severas foi uma surpresa. “Cientistas do clima falam de incógnitas desconhecidas, ou seja, impactos que não podemos prever a partir de conhecimento e experiência existentes. Essa descoberta se encaixa nesta categoria”, destacou.

Em 2016 e 2017, o branqueamento de corais afetou quase a metade dos 2,3 mil quilômetros do recife australiano, que é o maior sistema de corais do mundo e faz parte da lista de Patrimônio Mundial da Unesco.

A Grande Barreira de Corais cobre uma área maior do que a Itália e é um dos ecossistemas mais diversos do planeta.