Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em 30 de dezembro de 1922, é fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), incluindo a Rússia, a Ucrânia, a Bielorússia, repúblicas da Ásia Central e a Transcaucásia (subdividida em 1936 nas repúblicas da Geórgia, Armênia e Azerbaijão). O poder central estabelecido em Moscou passa a comandar todos os órgãos da imensa nação soviética. O governo socialista instaura a “ditadura do proletariado” e se atribui a missão de destruir as antigas classes dominantes, a burguesia e a aristocracia. 

Politicamente, a URSS esteve formada, de 1940 a 1991, por 15 repúblicas constituídas ou autônomas – Armênia, Azerbaijão, Bielorússia, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguízia, Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomênia, Ucrânia e Uzbequistão – aparentemente agrupadas numa união federativa. Entretanto, até o final da União Soviética, as repúblicas tinham realmente pouco poder. A Rússia – oficialmente, República Socialista Federal Soviética Russa (RSFSR) – era apenas uma das repúblicas constituintes, apesar de os termos “Rússia”, “URSS” e “União Soviética” serem utilizados nos noticiários indistintamente. 

A União Soviética foi o primeiro Estado erigido com base no socialismo científico marxista e o primeiro Estado proletário da História. Até 1989, o Partido Comunista controlou indiretamente todos os níveis de governo; o Politburo efetivamente governava o país e seu secretário-geral era o líder mais poderoso da nação. A economia soviética, propriedade do Estado, era dirigida centralizadamente pelos membros da máquina estatal que elaborava os planos de desenvolvimento. A agricultura era dividida em três tipos de propriedade: fazendas estatais (sovkhoz), fazendas coletivas (kolkhoz) e pequenos lotes de propriedade privada. 

A URSS foi o Estado que sucedeu ao império czarista russo e ao governo provisório de curta duração chefiado por Aleksandr Kerensky. Durante o período que se seguiu ao triunfo da revolução bolchevique em 1917, o novo regime teve de adotar drásticas medidas para enfrentar a invasão de 13 países e do exército branco da burguesia interna para defender sua revolução. Uma das providências mais duras foi a submissão forçada dos camponeses aos objetivos militares e em favor dos operários urbanos. Milhões de camponeses da região do rio Don, na Ucrânia, morreram de inanição entre 1918 e 1920, quando o exército confiscou os grãos necessários à manutenção dos trabalhadores nas cidades. Esta política que seria levada ao extremo num período posterior, o da coletivização forçada e da implementação dos planos quinquenais. 

A URSS havia começado com a conquista do poder pelo Congresso dos Sovietes, dirigido pelo partido bolchevique. Toda a terra seria nacionalizada e se constituiria o Conselho dos Comissários do Povo (SovNarKom), que atuaria como primeiro governo dos trabalhadores e dos camponeses presidido por Lenin. Os sovietes garantiram o direito à igualdade e à autodeterminação das inúmeras nacionalidades. 

Mas as potências mundiais estrangeiras não viam com bons olhos o triunfo da revolução bolchevique e decidiram sufocá-la no nascedouro. Apesar dos reveses iniciais, os bolcheviques conseguiram repelir os ataques dos invasores e do exército branco no início de 1920, quando o incipiente Exército Vermelho iniciou a contra-ofensiva. A guerra com a Polônia terminou com a assinatura, em 1921, do Tratado de Riga, e a Guerra Civil, após a expulsão das tropas de ocupação japonesas da Sibéria Oriental, no final de 1922. 

A essência da política do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) era, desde o começo, a completa socialização da economia e da sociedade. Entre 1918 e 1921, num período denominado de “comunismo de guerra”, o Estado assumiu o controle de toda a economia. Este processo e a inexperiência dos dirigentes provocaram ineficiência e confusão na economia. Em 1921, houve um retorno parcial à economia de mercado com a adoção da NEP (Nova Política Econômica), que produziu um período de relativa estabilidade e prosperidade.

Primeiro Estado proletário da História teve como base socialismo científico marxista após suceder império czarista

Wikimedia Commons

Após vitória na Batalha de Berlim, na II Guerra Mundial, soldados do Exército Vermelho içaram bandeira soviética na capital alemã

No plano político, o tratado de paz com a Polônia, as declarações de independência da Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia e a anexação da Bessarábia pela Romênia reduziram significativamente as dimensões do antigo Império Russo, estabelecendo o que os governos dos países da Europa Ocidental chamaram de “cordão sanitário”, separando a Rússia comunista do restante da Europa. Lenin aceitou temporariamente essa quarentena e tratou de reparar os danos causados pela guerra civil. 

Em 1922, a Alemanha reconheceu a União Soviética (Tratado de Rapallo), sendo seguida pela maioria dos Estados ocidentais – com exceção dos Estados Unidos, que só fizeram o mesmo depois de dois anos. A constituição adotada em 1924 baseava-se teoricamente na ditadura do proletariado e era economicamente fundada na propriedade pública da terra e dos meios de produção de acordo com a proclamação revolucionária de outubro de 1917. 

Só em 1928 teve início um período de economia planificada dirigida pelo Comitê de Planificação Estatal (GosPlan, criado em 1921), colocando em prática o primeiro dos planos quinquenais aplicados por Stalin. Os objetivos básicos eram transformar a URSS de um país agrícola em uma potência industrializada, completar a coletivização da agricultura, transformar profundamente a natureza da sociedade e preparar-se militarmente contra agressões externas que se avizinhavam.

(*) Publicado originalmente em 30 de dezembro de 2009.