Domingo, 7 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Um ano após ter concordado em realizar eleições gerais, o governo da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional) da Nicarágua é derrotado no pleito levado a efeito em 26 de fevereiro de 1990. As eleições puseram um fim a mais de uma década de esforços dos Estados Unidos em derrocar o governo sandinista.

Os sandinistas conquistaram o poder em 1979, quando derrubaram o ditador Anastácio Somoza.

Wikicommons

Depois de perder em 1990, sandinista Ortega voltou ao poder em 2007 pela via eleitoral

Desde o início, Washington se opôs ao novo regime, afirmando que ele era marxista em sua orientação política. Diante da oposição dos Estados Unidos, os sandinistas voltaram-se para o bloco socialista em busca de assistência econômica e militar.

Em 1981, o presidente Ronald Reagan deu sinal verde para o apoio norte-americano dissimulado aos assim chamados “Contras” – grupos paramilitares rebeldes anti-sandinistas, baseados principalmente em Honduras e Costa Rica. Esse respaldo logístico e militar perdurou por quase todo o mandato de Reagan, apesar da desaprovação da opinião pública norte-americana. Ademais, relatos de abusos e crimes dos Contra forçaram o Congresso a cortar-lhes o envio de fundos.

Em 1989, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, encontrou-se com os presidentes de El Salvador, Costa Rica, Honduras e Guatemala a fim de negociar um plano de paz para seu país, em troca de promessas das outras nações de acabar com as bases dos Contras dentro de suas fronteiras. Ortega concordou em celebrar eleições dentro de um ano, que foram celebradas em 26 de fevereiro de 1990.

Ortega e os sandinistas sofreram uma surpreendente derrota quando Violeta Barrios de Chamorro, viúva de um editor de jornal, alcançou 54,74% dos votos presidenciais contra 40,82% dados a Ortega. A oposição conquistou também maioria na Assembleia Nacional.

A eleição de Chamorro foi caracterizada pelos analistas como rejeição aos 10 anos de governo sandinista e um forte desejo de se por fim a uma destruidora guerra contra os Contras, além de desejar uma mudança diante das dificuldades econômicas vividas pelo país.

Os Estados Unidos viram a vitória de Chamorro como uma validação de seu duradouro apoio aos Contras. Muitos analistas, por outro lado, ligaram a derrota eleitoral dos sandinistas à derrocada dos regimes comunistas na Europa Oriental naquele mesmo período.

Anos que precederam pleito foram marcados por pressão dos Estados Unidos, que financiaram os "Contra"

NULL

NULL

Críticos da política norte-americana em relação à Nicarágua insistiram que somente as negociações entre os países da América Central é que conseguiram convencer o governo sandinista a caminhar para as eleições, coisa que dez anos de apoio financeiro e militar aos grupos armados de oposição foram incapazes de alcançar.

Na esteira dessa eleição, o presidente George Bush anunciou em seguida o fim do embargo contra a Nicarágua.

Embora corressem rumores de que as forças de segurança e o exército controlado pelos sandinistas não iriam entregar o poder, Chamorro tomou posse sem nenhum incidente.

Os sandinistas, porém, continuaram a desempenhar relevante papel na política nicaraguense de sorte que o ex-guerrilheiro Daniel Ortega voltaria à presidência da Nicarágua, quase 17 anos depois de tê-la perdido nas urnas, numa cerimônia prestigiada por 14 chefes de Estado e de governo.

O retorno ao poder do líder sandinista, vencedor nas urnas em 5 de novembro de 2007, levou novamente o pequeno país de 5,4 milhões de habitantes, ao centro das atenções mundiais.