Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Atualizado às 18h56

O diretor norte-americano Orson Welles estreou seu primeiro filme, Cidadão Kane, em Nova York, no dia 1º de maio de 1941, apesar de todas as tentativas do magnata da imprensa William Randolph Hearst em proibir a exibição – já que o personagem principal, Charles Foster Kane foi inspirado nele. O filme, saudado unanimemente pela crítica e, ao mesmo tempo, um fracasso de bilheteria, marca o início do cinema moderno, rompendo com o ritmo e a temporalidade clássicos em voga.
 
Meses antes de seu lançamento, o filme de Welles já provocava controvérsia a ponto de a Radio City Music Hall se recusar a exibi-lo. Um dos maiores filmes da história acabou por fazer sua estreia num cinema bastante menor, o RKO Palace Theater.

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Orson Welles como Charles Foster Kane
 
À época em que começou a trabalhar o filme, Welles, então com 24 anos, já era conhecido como o ‘enfant terrible’ de Holywood. Havia conquistado sucesso na Broadway e no rádio. Sua versão radiofônica de outubro de 1938 do clássico da ficção científica “A Guerra dos Mundos” foi tão realista que muitos ouvintes acreditaram de verdade que os marcianos haviam invadido Nova Jersey.

Tendo assinado um vultoso contrato com os estúdios da RKO, Welles esforçava-se para encontrar um tema para o seu primeiro filme, quando seu amigo, o escritor Herman Mankiewicz, sugeriu-lhe que se baseasse na vida de Hearst. O barão editorial era dono de um império jornalístico e editorial hegemônico que cobria todo o país.

Uma pré-estreia do Cidadão Kane em fevereiro de 1941 recebeu comentários amplamente favoráveis de praticamente todos os críticos. Contudo, uma das assistentes, a principal colunista de fofocas do meio artístico de Hollywood, Hedda Hopper, mostrou-se indignada com o filme e com a caracterização por Welles de seu protagonista, Charles Foster Kane. Levou suas preocupações ao próprio Hearst, que logo desencadeou uma campanha em larga escala contra Welles. Proibiu os jornais da cadeia Hearst de anunciá-lo e obteve apoio de chefões de Hollywood.

Welles começou a trabalhar no filme com 24 anos; película foi indicada a nove categorias do Oscar, mas Welles foi vaiado

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Conta-se que Hearst ficou particularmente irritado com o perfil de uma personagem baseada em sua amante, Marion Davies, uma ex-showgirl que ele ajudou a se tornar uma popular atriz de Hollywood.

De seu lado, Welles ameaçou processar Hearst, pela tentativa de proibir o file, e a própria RKO, caso a companhia não exibisse a película.
 
O filme acabou indicado em nove categorias do Oscar, mas Welles foi vaiado durante a cerimônia de premiação daquele ano. A RKO valeu-se do ocorrido para dissimuladamente arquivar o filme. Somente anos mais tarde, quando foi re-estreado, é que começou a colher os elogios por seu trabalho de câmera e de som, assim como pela complexa mistura de drama, humor negro, história, biografia e mesmo cinejornal fajuto e sequências de documentários falsos, que influenciaram centenas de filmes rodados posteriormente.

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Orson Welles em 1937 

Cidadão Kane mantém-se consistentemente na lista de melhores filmes, habitualmente feita pelos críticos. Também alcançou o 1º lugar na lista dos ‘100 Maiores Filmes’ organizada pelo Instituto Americano de Cinema.

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