Hoje na História: 1914 - Alemanha declara guerra à França
Há 100 anos, países europeus envolviam-se na Primeira Guerra Mundial, conflito que durou quatro anos
*Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.
Atualizada em 24/07/2017 às 11:54
Em 3 de agosto de 1914, a Alemanha declara guerra à França. Em confronto já há dois dias contra a Rússia, Berlim queria prevenir um ataque conjunto da Rússia e da França contra seu território e põe em marcha, sem mais delongas, o plano delineado 20 anos antes por um oficial do Estado-Maior: o plano Schlieffen.
Dias de intensa agitação, confusos e de escalada diplomática e militar iriam arrastar os países mais civilizados e prósperos do planeta a um conflito suicida de mais de quatro anos, apropriadamente denominado de A Grande Guerra.
Considerando que a vantagem pertenceria a quem a desencadeasse primeiro, a Alemanha declara guerra à França. Invade de pronto Luxemburgo e lança um ultimato à Bélgica, exigindo passagem de suas tropas pelo território belga.
O chefe do Estado-Maior alemão, Ludwig von Moltke, era sobrinho do célebre militar Helmut von Moltke, também chefe de Estado-Maior na origem das vitórias germânicas da Prússia sobre a Áustria e a França, em Sadowa e Sedan, nos anos 1870. Empregou o plano Schlieffen – nome de outro chefe de Estado-Maior prussiano, o conde Alfred von Schlieffen, morto 18 anos antes –, que preconizava a invasão da Bélgica, país neutro, e o ataque pela retaguarda ao exército francês, concentrado na fronteira leste.
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Primeira guerra mundial ficou conhecida como guerra de trincheiras

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Contudo, na hora decisiva, von Moltke hesitou, não tendo a audácia de seus predecessores. Ao invés de concentrar todo o ataque no flanco direito sobre a Bélgica, von Moltke preferiu, por precaução, manter dois exércitos na Alsácia. Esses dois exércitos fariam tremenda falta, um mês depois, quando os franceses lançaram uma poderosa contraofensiva sobre o rio Marne.
Porém esta não seria a única derrapagem que iria afetar o desempenho dos alemães. Ao esboçar seu plano, von Schlieffen negligenciou o fato de que este implicava na invasão de um pequeno país neutro, a Bélgica.
Os chefes militares e os dirigentes políticos não se preocupavam com a Bélgica. O chanceler Bethmann-Hollweg qualificava de “papel molhado” o protocolo de 1831 que garantia a neutralidade belga quando suas tropas entrassem à força no país.
Ora, a Inglaterra, que até então mantinha-se à margem dos acontecimentos, considerando que nada tinha a ver nem a fazer num conflito entre países do continente, não tolerou a invasão de um país com o qual mantinha estreitas relações políticas e econômicas.
Nesse mesmo dia, 4 de agosto, a Inglaterra declara por seu turno guerra à Alemanha. Era uma amarga surpresa para o imperador germânico, neto da finada rainha Victoria, que esperava que Londres se mantivesse à margem do conflito.
Foi nestas condições que se desenrolaria a Batalha das Fronteiras, entre 14 e 24 de agosto de 1914. Tratou-se de uma série de batalhas travadas ao longo da fronteira oriental da França e sul da Bélgica, que representou a colisão entre as estratégias militares do Plano XVII francês e as do Plano Schlieffen alemão. A batalha foi vencida pelos alemães que, atraindo o centro do exército francês para a Lorena e Alsácia, invadiram o norte da França pela Bélgica com a intenção de envolver e vencer de forma definitiva a guerra.
Contudo, a entrada da Inglaterra no conflito mudaria o curso dos acontecimentos.























