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Atualizado em 31/12/2016 às 13h10

Gustave Courbet, pintor, máximo representante do Realismo francês, morre em La Tour-du-Peilz, em 31 de dezembro de 1877, devido a uma cirrose hepática, produto do consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Para além das artes, era um comprometido ativista democrático, republicano e muito próximo dos ideais do socialismo revolucionário.

Foi encarregado da administração dos museus da capital francesa durante a Comuna de Paris. Derrotada a Comuna, foi responsabilizado pelo governo no poder pela destruição da Coluna Vendôme, dedicada a Napoleão Bonaparte, sendo condenado a seis meses de prisão e a pagar uma multa de 300 mil francos. Depois de cumprida a sentença, Courbet  foge para a Suíça em 1873, evadindo-se do pagamento da multa, que era tão alta que só poderia ser paga em 30 anos.

Wikimedia Commons

Auto retrato (ou “O Homem Desesperado”) entre 1843 a 1845

Nasceu em 10 de junho de 1819 em um povoado perto de Besançon, cuja paisagem refletiu em suas telas. Estudou na cidade e, em seguida, em Paris (1840). Seus pais desejavam que empreendesse a carreira de direito, porém ao chegar na capital inclinou-se inteiramente pela arte.

Como ele, suas amizades eram contrárias ao academicismo artístico e literário; entre eles conta-se Baudelaire, Corot e Daumier. A partir da Revolução de 1848, Courbet foi marcado como “revolucionário perigoso”.

Em 1845, expôs algumas de suas obras no Palácio das Artes da Exposição Universal de Paris, porém ao ver a rejeição do júri a alguns de seus quadros decidiu inaugurar uma exposição individual localizada nas proximidades do Campo de Marte, batizada de “Pavilhão do Realismo”. Entre as telas que exibiu cabe mencionar “O Ateliê do Pintor”, em que retratava todas as pessoas que haviam exercido certa influência em sua vida.

Tinha fama de arrogante e sensacionalista. Afirmava que “se deixo de escandalizar, deixo de existir”. Alguns o acusavam de provocar escândalos somente para entreter as classes intelectuais e que, na realidade, sua arte se mantinha fiel a certo refinamento formal. No entanto, outras vozes, como Delacroix lamentavam que Courbet desperdiçasse sua habilidade ao eleger temas sem um conteúdo elevado e de não depurar suas telas de muitos detalhes desnecessários.

Influi e aconselha os primeiros impressionistas. Sua pintura reflete o trabalho e o trabalhador como novo herói, além da vida cotidiana

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Apesar das polêmicas, ele chegou a desfrutar êxitos. Foi-lhe outorgada a medalha da Legião de Honra, que rejeitou. Afirmava que queria morrer “como homem libre, sem depender de nenhum poder nem religião”, se bem que concordou em participar do breve governo da Comuna de Paris de 1871. Dele, o filósofo Proudhon, pai do anarquismo, quis fazer um pintor proletário. Acreditava que a arte poderia sanar as contradições sociais. Admitia seu compromisso com o socialismo e com o realismo quando afirmava: “Aceito com muito gosto esta denominação. Não somente sou socialista como também sou republicano. Em uma palavra, partidário de qualquer revolução e, acima de tudo, um realista (…) realista significando sincero com a verdadeira verdade”.

Em um primeiro momento, Courbet pintou paisagens, especialmente os bosques de Fontainebleau e retratos com alguns rasgos românticos. Todavia, a partir de 1849, torna-se decididamente realista. Foi de fato o “fundador” do realismo e a ele se atribuí a invenção de tal termo aplicado à pintura.

Escolhe temas e personagens da realidade cotidiana sem cair no “pintoresquismo” no “folclorismo” decorativo. Sua técnica era rigorosa com o pincel plano e com a espátula, porém sua maior inovação é a seleção de temas do dia a dia como motivos dignos dos grandes formatos, que até então eram reservados a “temas elevados”: religiosos, históricos, mitológicos e retratos de personalidades das classes abastadas. Reivindicava a honestidade e a capacidade de sacrifício do proletariado e afirmava que a arte devia estampar a realidade.

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“A Origem do Mundo”, uma das obras mais conhecidas de Courbet

Courbet participou da Revolução de 1848, embora não intervindo em feitos sangrentos. A partir de 1849 torna-se realista. Rejeitaria a idealização da arte e a beleza arquetípica, nega-se a criar um mundo ideal à margem da vida e se posicionou a favor da representação direta do entorno, da reprodução natural, anti-acadêmica e anti-clássica.

Em 1867 expõe novamente na Exposição Universal de Paris. Influi e aconselha os primeiros impressionistas. Sua pintura reflete o trabalho e o trabalhador como novo herói, a vida ao ar livre, a cidade com suas ruas, cafés e casas de dança, a mulher e a morte. Acreditava que a arte poderia resolver as contradições sociais. Sua pintura suscitou enormes polêmicas de setores conservadores da arte e da sociedade em virtude da seleção de “temas vulgares”.

O naturalismo combativo ficou patente em seus nus femininos, em que evitava as texturas mascaradas e irreais tomadas da pintura e da escultura neoclássica. Reproduz formas mais carnais, inclusive a pelugem corporal das “partes íntimas” que habitualmente eram omitidas nos nus acadêmicos. Exemplo claro é a famosa tela “A Origem do Mundo”.

Suas referências foram os mestres do passado como Velazquez, Zurbarán ou Rembrandt. Seu realismo se converteu em modelo de expressão de muitos pintores, contribuindo, por exemplo, para o enriquecimento da obra do mestre Paul Cézanne.

Também nesta data:
406 – Bárbaros cruzam fronteira do Império Romano
1961 – Plano Marshall expira
1991 – São assinados acordos de paz de Chapultepec, encerrando guerra civil em El Salvador
1999 – EUA entregam controle do Canal do Panamá