Hoje na História: 1870 – Manipulado por Bismarck, "Despacho de Ems" provoca Guerra Franco-Prussiana
Através dessa mensagem, é relatado o encontro entre rei prussiano e o embaixador francês na Prússia
Wikicommons

Chanceler prussiano Otto von Bismarck
Em 13 de julho de 1870, um despacho habilmente manipulado por Bismarck levanta uma tempestade na opinião pública francesa e também alemã. Dos dois lados do rio Reno, exige-se a guerra contra o vizinho. É o início de um terrível encadeamento que iria mudar a face da Europa, até então despreocupada e próspera.
O caso teve início em setembro de 1868, quando a rainha Isabel II da Espanha, 38 anos, renuncia ao trono para viver com seu último amante.
O chanceler prussiano Otto von Bismarck vislumbra a chance de colocar em seu lugar o príncipe Léopold de Hohenzollern-Sigmaringen. Crispação em Paris.
O ministro da Guerra, marechal Leboeuf, assegurava que o exército francês, “admirável, disciplinado, experiente e valente” estava preparado para qualquer eventualidade. A perspectiva da guerra se insinuava em todos os espíritos.
O rei da Prússia, Guilherme I, naquele momento, fazia um tratamento de saúde em Ems, uma cidade próxima de Coblença e do rio Reno.
Discretamente, tenta fazer com que Leopold renuncie a sua candidatura. Favoravelmante surpreso, em 12 de julho o pai de Leopold telegrafa ao embaixador espanhol que seu filho retirava a candidatura.
A moderação de Guilherme I e de Napoleão III parecia ter prevalecido.
Mas eis que o duque de Gramont, ministro dos Negócios Estrangeiros, pede, inopinadamente, ao seu embaixador em Berlim, que exija do rei Guilherme I a garantia em boa e devida forma que ele se associava à renúncia do príncipe de Hohenzollern.

NULL
NULL
Em 13 de julho de 1870, o embaixador Benedetti é recebido pelo rei Guilherme I no passeio em torno das fontes em Ems. Um pouco mais tarde, o rei recebe uma carta do príncipe de Hohenzollern confirmando a retirada de sua candidatura. Envia incontinente seu ajudante de campo para informar o embaixador. E o ajudante, em alto e bom som, precisa ao embaixador: “Sua Majestade considera o caso como encerrado”.
Em Berlim, Bismarck jantava naquela mesma noite com seu Chefe de Estado-Maior, marechal-de-campo Helmuth von Moltke e seu ministro da Guerra, general Albrecht von Roon. Chega um telegrama de Sem que relata em termos gerais a entrevista daquela manhã entre o rei e o embaixador, a carta do príncipe de Hohenzollern e a visita do ajudante de campo a Benedetti.
O chanceler, a princípio frustrado, se recompõe e redige um resumo do telegrama a sua maneira sem nada suprimir ou acrescentar:
Ems, 13 de julho de 1870. Depois que as notícias da renúncia do príncipe-herdeiro de Hohenzollern tivessem sido comunicadas ao governo imperial francês pelo governo real espanhol, o embaixador da França ainda exigiu de Sua Majestade, em Ems, a autorização de telegrafar a Paris que Sua Majestade o rei da Prússia se comprometia por todo o futuro a jamais dar sua autorização se os Hohenzollern quisessem novamente colocar sua candidatura. Nesse instante, Sua Majestade, o rei da Prússia, recusou-se a receber uma vez mais o embaixador e lhe mandou dizer, por intermédio do ajudante-de-campo que Sua Majestade nada mais tinha a comunicar ao embaixador”.
Estava tudo na mensagem de Bismarck mas em termos rigorosamente humilhantes para a França como para a opinião pública alemã. Naquela mesma noite, o despacho do chanceler era distribuído nas ruas de Berlim. O clamor de protesto emerge de imediato: Como ousam tratar assim nosso rei!
Em Paris, o Conselho de Ministros se reúne em caráter de urgência. À noite do mesmo dia, o ministro da Guerra convoca os reservistas. No dia seguinte, de seu lado, Guilherme I assina um decreto de mobilização. Em 19 de julho de 1870, por fim, a França declara oficialmente guerra à Prússia. Que perderia.
Também nessa data
1881 – Czar Alexandre II é morto em atentado terrorista
1988 – Japão inaugura maior túnel subterrâneo do mundo
1891 – Estreia peça “Espectros”, de Henrik Ibsen























