Segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
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Luigi Galvani, médico, fisiólogo e físico italiano morre em Bolonha em 4 de dezembro de 1798. Seus estudos permitiram decifrar a natureza elétrica do impulso nervoso. Foi membro da Ordem Franciscana Seglar.

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A partir de 1780 (aproximadamente), Galvani começou a incluir em suas conferências pequenas experiências práticas que demonstravam aos estudantes a natureza e propriedades da eletricidade. Em uma dessas experiências, o cientista demonstrou que, aplicando uma pequena corrente elétrica na medula espinhal de uma rã morta, se produziam grandes contrações musculares em seus membros. Essas descargas podiam fazer com que as patas, inclusive separadas do corpo, saltassem igual que quando o animal estava vivo.
 
O médico tinha descoberto este fenômeno enquanto dissecava uma pata de rã. Seu bisturi tocou acidentalmente num gancho de bronze que sustentava a pata. Produziu-se uma pequena descarga e a pata se contraiu espontaneamente. Mediante repetidos e consequentes experimentos, Galvani se convenceu de que o que se via eram os resultados do que chamou de “eletricidade animal”. Galvani identificou a eletricidade animal com a força vital que animava os músculos da rã e convidou seus colegas que reproduzissem e confirmassem o que fez.
 
Assim o fez na Universidade de Pavia o colega de Galvani, Alessandro Volta, quem afirmou que os resultados eram corretos mas não ficou convencido com a explicação de Galvani.
 
Os questionamentos de Volta fizeram ver a Galvani que ainda restava muito por fazer. A principal trava à sua explicação era o desconhecimento dos motivos pelos quais o músculo se contraia ao receber eletricidade. A teoria óbvia era que a natureza do impulso nervoso era elétrica, porém restava demonstrá-la.
 
O fisiólogo chamou a essa forma de produzir energia de “bioeletrogênese”. Por meio de numerosos e espetaculares experimentos, como eletrocutar cadáveres humanos para fazê-los dançar a “dança das convulsões tônicas”, chegou à conclusão que a eletricidade necessária não provinha do exterior e sim que era gerada no interior do próprio organismo vivo que, uma vez morto, seguia conservando sua capacidade de conduzir o impulso e reagir a ele consequentemente.
 
Pensou corretamente que a eletricidade biológica não era diferente da produzida por outros fenômenos naturais como o raio ou a fricção e deduziu, com acerto, que o órgão encarregado de gerar eletricidade necessária para fazer contrair a musculatura voluntária era o cérebro.
 
Demonstrou, outrossim, que os “cabos” ou “conectores” que o cérebro utilizava para canalizar a energia até o músculo eram os nervos.

Experimento acidental fez com que ele percebesse posteriormente que corpo também produzia impulsos elétricos

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Com suas explicações, Galvani derrubava afinal as antigas teorias de Descartes, que pensava que os nervos eram tão somente canos que transportavam fluidos. A verdadeira natureza do sistema nervoso como um dispositivo elétrico enormemente eficiente havia sido por fim compreendida.

Desafortunadamente, nos tempos de Galvani não existiam instrumentos de medição capazes de determinar os escassíssimos níveis de voltagem que circulam pelos nervos. A tarefa coube aos cientistas que se seguiram, dotados de uma tecnologia mais avançada.

Os estudos de Galvani inauguraram uma ciência inteira que não existia até então: a neurofisiologia, estudo do funcionamento do sistema nervoso em que se baseia a neurologia.

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Diagrama dos anos 1780 mostra o experimento de Galvani com as pernas de rã

Galvani conservou sua cátedra de professor titular da disciplina de anatomia em sua universidade durante 35 anos (1762-1797). Em pouco tempo, sua enorme capacidade para a cirurgia lhe valeu também a nomeação como chefe de obstetrícia do Instituto de Ciências e nomeado como seu diretor em 1772.

No entanto, quando todos os professores universitários foram “convidados” a assinar um juramento de lealdade ao imperador estrangeiro Napoleão Bonaparte durante sua invasão da Itália, Galvani, mostrando enorme integridade e nacionalismo, se negou a fazê-lo. Como conseqüência foi demitido de todos os seus cargos. Morreu menos de um ano depois.

A partir da publicação em 1791 de seu livro “De viribus electricitatis in motu musculari commentarius”, o fenômeno do galvanismo se espraiou.

Além da evidente natureza fundacional do descobrimento de Galvani com relação às modernas neurociências, houve outras consequências não menos transcendentes. Sua disputa com Volta acerca da natureza da eletricidade sugeriu a esse último o desenho e desenvolvimento da primeira pilha voltaica, ao mesmo tempo que estimulava outros investigadores como Benjamin Franklin e Henry Cavendish a aprofundarem seus estudos sobre a matéria.

No âmbito literário, o romance “Frankenstein” da escritora adolescente Mary Shelley, reflete, num contexto de terror, as impressionantes experiências de Galvani e seguidores acerca da aparente “reanimação” de cadáveres mediante a aplicação de descargas elétricas.

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