Hoje na História: 1380 - Morre Catarina de Siena, personagem influente no Grande Cisma do Ocidente
Nascida em 1380, ela foi declarada padroeira da Itália por Pio XII em 1939, e da Europa por João Paulo II em 1999
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Morre em Roma em 28 de abril de 1380 Catarina de Siena, jovem mulher analfabeta que se tornou confidente, e até conselheira, dos papas. Sua fervorosa fé impressionava mais do que seu nível de instrução. Ditou uma obra monumental que lhe valeu ser proclamada Doutora da Igreja por Paulo VI em 1970.
Catarina Benincasa nasceu em Siena, na Toscana, em 1347. Era a 23ª de uma família de 25 irmãos. Em 1347-1348, uma terrível epidemia de peste negra assola a Europa. A Toscana não seria poupada. Seguiu-se um longo período de instabilidade, miséria e banditismo. Era também o começo da Guerra dos 100 anos.
À época – e durante 40 anos – os papas deixam Roma para se instalar às margens do rio Ródano em Avignon, onde podiam desfrutar do clima e da tranquilidade provençal.
Aos 6 anos, Catarina teve uma primeira visão : Jesus, vestido com ornamentos pontificais, cabelos presos por uma tiara, lhe aparece majestático, sobre o trono imperial. Desde logo mesclam-se o místico e o político. No ano seguinte, dedica em segredo sua vida a Cristo e faz voto de castidade. Esses são relatos de seu confessor, Raimundo de Cápua, escritos após sua morte.
Mais tarde, seus pais desejam casá-la. Ela se opõe. Impressionado pela sua determinação, seu confessor do momento lhe aconselha a cortar os cabelos. Ela o escuta e entre em conflito com os pais. Sujeita-se a privações de sono e alimentação e seu físico se deteriora. Um novo sonho indica que cumpriria sua vocação se entrasse na Ordem de São Domingos.
Existia em Siena uma terceira ordem dominicana, um tipo de fraternidade laica de damas pias que portavam um manto negro sobre suas vestes brancas. Catarina solicita admissão, que lhe é negada. Consideram-na muito jovem e sobretudo muito exaltada. Em 1363, após muitas peripécias, é enfim recebida e veste o hábito. Vive reclusa num pobre quarto de família, que só deixa para assistir aos ofícios da igreja de São Domingos.
Eis que tem uma nova crise de êxtase. Enquanto o Carnaval corria pelas ruas de Siena, recebe em seu quarto uma suntuosa visão. Cristo cercado por Maria e um cortejo nupcial de santos e de músicas a toma por esposa e lhe passa um anel ao dedo. Pouco tempo depois, uma outra aparição lhe pede para assumir uma existência de caridade e apostolado.
Rapidamente, Catarina junta um pessoal, sua “Bela Brigada”, que passa a ser conhecida pela piedade e devoção de seus membros. Ela mesma não teme sequer as pestes que assolam a região. Passa a dar conselhos espirituais e sua reputação alcança a ‘entourage’ do papa e do próprio papa Gregório XI. Os próprios dominicanos ficam intrigados com seu modo de vida e pela veneração que suscita. Convocam-na a um capítulo reunido em Florença, ouvem-na e decidem dar-lhe um orientador espiritual, Raimundo de Cápua que a acompanharia até o fim da vida.

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Gregório XI desejava restabelecer em Roma a sede pontifical a fim de reforçar a unidade da Igreja. Esta intenção encontra oposição dos príncipes italianos que não manifestaram descontentamento quando autoridades espirituais, sempre prontas a intervir nos negócios temporais, estavam distantes. Para Catarina, porém, dois grandes projetos a animavam : a Cruzada para reconquistar Jerusalém e a reforma da Igreja com o retorno do papa a Roma.
Encontro com Gregório XI
Em maio de 1376, parte com sua brigada para Avignon. Deseja convencer o papa a voltar à Cidade Eterna, negociando a adesão dos florentinos a essa iniciativa. Gregório XI a recebe talvez por simples curiosidade, alertado sobre seus dons de vidência. Em 13 de setembro de 1376, Gregório XI deixa Avignon e empreende por terra e mar uma viagem à embocadura do rio Tibre. Em 17 de janeiro de 1377, o povo romano, encabeçado por Catarina, acolhe seu bispo triunfalmente.
A alegria teria curta duração. A reinstalação romana logo abre uma das mais graves crises de sua longa história : o Grande Cisma do Ocidente. Com a morte do francês Gregório XI, o povo de Roma exige a eleição de um papa italiano. É escolhido o papa Urbano VI em 7 de abril de 1378. Ao cabo de algumas semanas, os cardeais franceses declaram nula a eleição de Urbano. Com apoio do rei da França, Charles V, escolhem como substituto um cardeal francês que adota o nome de Clemente VII e se reinstala em Avignon. O cisma iria durar 40 anos.
Catarina dedica todas as suas forças para tentar convencer os soberanos europeus da legitimidade de Urbano VI. Instalada em Roma, entre o outono de 1377 e o começo de outono de 1378, dita a sua obra-prima, o Diálogo ou Livro da Doutrina Divina onde reuniu suas intuições místicas e sua experiência espiritual.
Ela falece em 28 de abril de 1380, no domingo anterior à Ascensão. Tivera tempo ainda de se comunicar com Raimundo de Cápua, confiando-lhe o cuidado de conservar o essencial de sua mensagem espiritual, o que abriu o caminho para a canonização de Santa Catarina de Siena pelo papa Pio II em 1461. Declarada padroeira da Itália por Pio XII em 1939, e da Europa por João Paulo II em 1999, ela é igualmente a padroeira de todos os ofícios da comunicação em razão de sua obra epistolar a serviço do papado.
Também nesta data:
1945 – Mussolini é executado em Milão
1789 – Navio inglês Bounty é palco de motim
1965 – Tropas dos EUA invadem a República Dominicana























