Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O jornal de Tel Aviv Haaretz descreveu as conversas entre o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o ministro das Relações Exteriores da Síria, Asaad al-Shibani, como um “teste decisivo” para o rumo das relações entre Damasco e Israel. O veículo destacou que o encontro recente recebeu cobertura oficial sem precedentes por parte da agência de notícias oficial síria, SANA.

O relatório indicou ainda que a reunião entre Dermer e al-Shibani contou com a presença do enviado norte-americano Tom Barrack, que posteriormente se reuniu separadamente com o líder espiritual da comunidade drusa na Palestina ocupada, Sheikh Mowafaq Tarif, como parte dos esforços mais amplos dos EUA para estabelecer novos acordos de segurança no sul da Síria.

Em julho, os líderes se encontraram, mediado por Barrack, e discutiram assuntos sobre medidas de segurança e atividades militares israelenses na Síria. Segundo a declaração da SANA abordaram principalmente “a redução das tensões, a não interferência nos assuntos internos sírios, a renovação do Acordo de Desligamento de 1974 e a supervisão do cessar-fogo na região de Sweida”.

O jornal israelense acrescentou que o comunicado deixou claro que tais reuniões integram “esforços diplomáticos para aumentar a segurança e a estabilidade na Síria e preservar sua unidade e integridade territorial”.

Exceção do Hezbollah e do Irã

Outro assunto da reunião foi sobre impedir o envio de militantes do Hezbollah, de forças iranianas ou de qualquer grupo considerado hostil a Israel para o sul da Síria. Fontes informam ao Haaretz.

As propostas englobam que a fronteira permaneça livre do exército sírio regular, sendo em vez disso ocupada por forças de segurança locais, desprovidas de armamento pesado e encarregadas apenas de manter a ordem.

Enviado dos EUA articula negociações entre Israel e Síria em meio a crise em Gaza

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O site de Tel Aviv vê as negociações como uma oportunidade para o regime sírio estabelecer um canal direto com o governo israelense e aprofundar seus laços com Washington. Entretanto, também vê como desafios internos, devido às concessões feitas pelo regime de Assad que podem ser interpretadas pela opinião pública como “traição”, ameaçando sua legitimidade.

Relação EUA e Síria

Em meio aos apelos internos e externos da província de Sweyda, o Haaretz informou que o governo sírio busca se apresentar como protetor dos drusos contra supostos ataques de tribos beduínas, enquanto líderes comunitários enxergam a situação como um cerco destinado a puni-los e reprimir protestos contra o regime.

Damasco considera essa possibilidade uma ameaça à unidade nacional, receio que se estende a eventuais demandas de autonomia por parte dos curdos no nordeste do país.

Barrack e Sheikh Tarif discutiram a criação de um corredor humanitário entre a Síria e Israel para facilitar o envio de ajuda internacional à comunidade drusa em Sweyda, projeto que Washington acompanha de perto.

Pessoas próximas a Barrack reafirmaram que os EUA continuarão apoiando qualquer iniciativa que promova estabilidade e paz duradouras entre Israel e seus vizinhos, posição consistentemente alinhada com a visão do ex-presidente Donald Trump de um Oriente Médio próspero, no qual a Síria estaria estável, segura e em paz consigo mesma e com países vizinhos, incluindo Tel Aviv.

Paralelamente, a liderança drusa espera que tanto Israel quanto os EUA apoiem sua comunidade, acreditando que essas potências poderiam usar o desejo de Damasco por legitimidade internacional como alavanca para influenciar o futuro de Sweyda.

Israel, cujas forças de ocupação controlam atualmente parte da área fronteiriça, não deseja assumir responsabilidade pela população local e pretende transferir essa incumbência para o regime sírio.