Zelensky condecora militares da Brigada neonazista Azov

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, condecorou militares da Brigada Azov – grupo ultranacionalista do país e considerado como neonazista e terrorista pelo governo da Rússia.

A cerimônia, que ocorreu na última terça-feira (04/11), foi divulgada no canal do Telegram do mandatário ucraniano. Em um espaço similar a um bunker, Zelensky encontrou o chamado 1º corpo da Guarda Nacional da Ucrânia “Azov”, liderou uma reunião e entregou os prêmios aos combatentes.

“Encontrei-me com nossos guerreiros no posto de comando, que, junto com unidades adjacentes, estão defendendo Dobropillya [cidade localizada em Donetsk, região do Donbass reivindicada pela Rússia]”, escreveu o presidente.

Zelensky afirmou ter “ouvido sobre relatórios militares que discutiram a situação na linha de frente e as necessidades mais urgentes, dedicaram muita atenção às questões de armamento, à ampliação da produção de drones, a necessidades das brigadas e à experiência” do batalhão de Azov e outras unidades.

“Agradeci aos combatentes pelo serviço e os condecorei pessoalmente com prêmios estatais. Os defensores estão servindo em uma direção importante. Agradeço aos guerreiros pela defesa da Ucrânia e da nossa integridade territorial. Este é o nosso país, este é o nosso Leste, e faremos o máximo para mantê-lo ucraniano”, escreveu.

O Batalhão de Azov foi formado por militantes da extrema direita ucraniana em 2014, com filiações neonazistas, na esteira dos conflitos separatistas no leste da Ucrânia. O site do grupo diz que “a proteção do Estado ucraniano, sua independência e a segurança de seus cidadãos, assim como o patriotismo, a lealdade ao Estado e a dignidade humana, constituem os valores fundamentais da 12ª Brigada Azov”.

No mesmo dia, Zelensky foi ao posto de comando da 4ª brigada de designação operacional da Guarda Nacional da Ucrânia “Rubezh”, que também atua na região de Dobropillya, e também condecorou os militares com medalhas do governo.

“Concedi condecorações estatais aos guerreiros. Agradeço a cada um pelo serviço, pela defesa do nosso país”, concluiu o presidente ucraniano.

“Nazistas premiam nazistas”, afirma Rússia

A homenagem do presidente ucraniano aos grupos ultranacionalistas provocou reação do governo russo. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que “a essência neonazista do regime de Kiev, das Forças Armadas da Ucrânia e de outras formações armadas ucranianas” já foi “repetidamente relatada”.

“Não apenas foi relatado, mas também foi apoiado por fatos, incluindo evidências fotográficas e em vídeo”, declarou a representante russa em seu canal no Telegram. A declaração foi acompanhada de imagens da cerimônia de premiação disponibilizadas por Zelensky.

Zakharova destacou o emblema inscrito no uniforme de um dos militares ucranianos da Brigada de Rubezh. O ícone traz o escrito “СИЛА”, que pode significar “força” em português, um tridente característico das Forças Armadas Ucranianas, e abaixo a escrita “СВОБОДИ”, que em tradução significa “liberdade”.

Zelensky em frente à bandeira do Batalhão Azov, denunciado pela Rússia de fazer “rebranding” e se promver na mídia ocidental
Zelenskiy/Official/Telegram

A autoridade russa ainda chamou atenção para outro item no emblema: um símbolo que remete a Schutzstaffel, organização paramilitar nazista conhecida como “SS” e responsável por diversos crimes no Holocausto, como o confinamento e repressão de judeus no Gueto de Varsóvia.

“A premiação pelo Zeloführer [em analogia a Zelensky a Aldof Hitler] de mais membros das SS, não importa como ele disfarce suas insígnias com o número 44, é apenas mais uma prova da natureza nazista do regime de Kiev”, denunciou Zakharova.

Vale destacar que a similaridade do símbolo à grafia do número 44 costuma ser usada como argumento para refutar a ligação dos grupos ao nazismo.

Segundo a porta-voz russa, as “premiações” dadas pelo presidente ucraniano aos militares “lembram dolorosamente os eventos de promoção da liderança do Terceiro Reich durante a ocupação fascista da Ucrânia soviética”.

Também afirmou que “tanto naquela época quanto hoje, nazistas premiam nazistas”. A declaração foi acompanhada de um registro em que Hitler condecora um soldado nazista, bastante similar às fotos divulgadas por Zelensky.

Por fim, Zakharova denunciou “o uso generalizado da simbologia do Terceiro Reich” pelo governo ucraniano, ao mesmo tempo em que o grupo Azov, considerado terrorista e neonazista por Moscou desde 2022, “realizou um ‘rebranding’ e continua a se promover no espaço midiático ocidental”.

A condecoração também foi denunciada pelo cientista político norueguês Glenn Diesen. Em seu perfil na rede social X, o acadêmico disse ser “velho o suficiente para lembrar de quando os símbolos da SS nazista eram recebidos com condenação em vez de desculpas”.

I am old enough to remember when the Nazi SS insignia would be met with condemnation instead of excuses. Whitewashing this is not “support” for Ukraine, as it is rejected by most Ukrainians and has been a source of the conflict. pic.twitter.com/wceQC8FKIS

— Glenn Diesen (@Glenn_Diesen) November 5, 2025