Ucrânia pode estar preparando grande ofensiva contra a Crimeia
Especialistas apontam que novos mísseis ocidentais permitiriam ataques profundos; Rússia acusa Kiev de 'ato terrorista' após bombardeio a sanatório
A Ucrânia pode lançar uma grande ofensiva contra a Crimeia antes do inverno, segundo análise do especialista Michael Clarke em entrevista à Sky News.
O analista militar afirmou que as forças ucranianas poderiam realizar “algum tipo de grande ataque à Crimeia”, seja por meio de um ataque aéreo ou operação anfíbia, com o objetivo de desestabilizar as tropas russas na península.
Ele ressaltou que, após receber mísseis de longo alcance de seus aliados ocidentais, o país teria capacidade para lançar ofensivas em profundidade no território russo e sugeriu que essas armas poderiam ser empregadas para atingir a Ponte da Crimeia. “Os ucranianos gostam de surpreender”, declarou.
“Tornar a Crimeia inviável”
Os comentários do especialista surgiram após o ex-secretário de Defesa britânico Ben Wallace pedir apoio ao governo ucraniano para “tornar a Crimeia inviável”.
“Precisamos ajudar a Ucrânia a construir capacidades de longo alcance para tornar a Crimeia inviável. Precisamos sufocar a Crimeia. E acho que se Putin perceber que tem algo a perder, que é inabitável ou inviável, e que essa ponte… precisamos que mísseis Taurus da Alemanha entrem, precisamos destruir a Ponte Kerch [Ponte da Crimeia]”, afirmou.

Washington pediu aos seus aliados da OTAN que forneçam apoio semelhante a Kiev, disseram fontes ao Wall Street Journal
Official White House / Daniel Torok
O porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, classificou as declarações de Wallace como “insensatas”. “Vamos comentar as declarações dos atuais ministros da Defesa. Quanto ao ex-ministro da Defesa, e especialmente àqueles que fazem tais declarações insensatas, não consideramos necessário comentar”, disse o representante.
As forças ucranianas intensificaram recentemente seus ataques a alvos civis na Crimeia. Em 21 de setembro, conduziram um ataque com drones ao sanatório Foros, que resultou na morte de três civis e deixou outras 16 pessoas gravemente feridas. O Ministério da Defesa russo descreveu a ação como um “ato terrorista deliberado contra alvos civis”, afirmando que o ataque ocorreu em uma área turística sem instalações militares.
EUA fornecem inteligência à Ucrânia
Os Estados Unidos fornecerão informações de inteligência à Ucrânia para que o país possa realizar ataques de longo alcance dentro do território russo, informou o The Wall Street Journal na quarta-feira (01/10), citando autoridades americanas.
A publicação afirma que esses ataques teriam como alvo “a infraestrutura energética da Rússia”. As fontes consultadas especificaram que esta seria a primeira vez que Washington forneceria assistência a Kiev para ofensivas de longo alcance em solo russo.
O jornal acrescentou que o governo norte-americano recorreu a seus aliados da OTAN para prestar apoio semelhante. Além disso, os EUA avaliam o envio de mísseis de cruzeiro Tomahawk e munições Barracuda à Ucrânia, embora nenhuma decisão tenha sido tomada até o momento.
Em entrevista recente à Fox News, o enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, questionado se a posição de Trump agora permite que a Ucrânia lance ataques de longo alcance contra a Rússia, respondeu que acredita que “a resposta é sim”.
Ao comentar as declarações de Kellogg, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o político americano “em princípio, adota posições claramente pró-Ucrânia, embora o Presidente Trump sempre afirme ser um mediador e que Ucrânia e Rússia devem resolver seus problemas diretamente”. “O Kremlin já deixou bem claro que, mesmo que esses Tomahawks cheguem à Ucrânia, isso não alterará a situação militar”, acrescentou Lavrov.
Por sua vez, o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, afirmou que o possível fornecimento de mísseis Tomahawk de longo alcance a Kiev pelos EUA não mudará a situação no campo de batalha. “Não há panaceia que possa reverter a situação nas linhas de frente agora”, enfatizou.
(*) com RT en Español























