Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Os Estados Unidos anunciaram sanções contra as duas maiores companhias petrolíferas da Rússia, Rosneft e Lukoil nesta quarta-feira (22/10). É a primeira ação punitiva direta contra Moscou do atual mandato do presidente Donald Trump, apresentada como uma pressão de Washington para que o Kremlin encerre a Guerra na Ucrânia.

O anúncio foi dado pelo secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent: “dada a recusa do presidente Putin em acabar com esta guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia que financiam a máquina de guerra do Kremlin”.

Ele disse que o Tesouro está preparado para tomar outras medidas, “se necessário” e pediu aos países aliados que “se juntem a nós e adotem medidas semelhantes”. Segundo a decisão, todos os bens relacionados às duas empresas que estejam nos Estados Unidos “estão bloqueados e devem ser comunicados à OFAC [Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA]”.

Trump, que vinha alternando gestos de conciliação e advertências em relação ao presidente russo Vladimir Putin, busca atingir as receitas provenientes da exportação de petróleo, principal fonte de financiamento das operações militares no leste europeu. O anúncio foi reforçado com o cancelamento da reunião planejada entre ele e Putin, em Budapeste.

Mísseis

Pouco antes do anúncio, o Wall Street Journal havia noticiado que o governo norte-americano teria suspendido as restrições ao uso de mísseis Storm Shadow fornecidos pela Ucrânia, permitindo que fossem utilizados para ataques dentro da Rússia. Trump negou a informação:

“A história do Wall Street Journal sobre a aprovação dos EUA de que a Ucrânia tenha permissão para usar mísseis de longo alcance nas profundezas da Rússia é FAKE NEWS! Os EUA não têm nada a ver com esses mísseis, de onde quer que venham, ou com o que a Ucrânia faz com eles”, publicou em sua rede Truth Social.

Trump sanciona petróleo russo enquanto Moscou alerta para impactos da medida na economia mundial
Daniel Torok / White House

Embora tenha descrito as sanções como “tremendas”, Trump disse esperar que elas não durem muito tempo e afirmou acreditar que o conflito “se resolverá”, admitindo não saber se as medidas “influenciarão a determinação de Moscou”.

Resposta de Moscou

Em coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou as sanções como “um passo de caráter exclusivamente contraproducente”, inclusive para os “avanços significativos nas negociações sobre o conflito ucraniano”.

Segundo Zakharova, “se a atual administração dos EUA começar a seguir o exemplo de seus predecessores, que tentaram forçar a Rússia a ceder seus interesses nacionais mediante sanções ilegítimas, o resultado será o mesmo: um fracasso político interno e consequências negativas para a estabilidade da economia mundial”.

A diplomata afirmou ainda que as medidas não causarão “problemas significativos” à Rússia. “Nosso país desenvolveu uma imunidade firme às restrições ocidentais e continuará a fazer progressos seguros no desenvolvimento de seu potencial econômico, incluindo energia”, disse, ao reiterar que o Kremlin está preparado para resistir a uma nova rodada de isolamento econômico.

“Comentaremos em detalhes todas as consequências quando ficar claro quais restrições essa decisão contém”, acrescentou, ao frisar que Moscou não vê “obstáculos significativos para continuar o processo iniciado pelos presidentes da Rússia e dos EUA para concordar com a estrutura política para um acordo na Ucrânia e preenchê-lo com resultados concretos”.

Ela também frisou que os objetivos declarados no início da operação militar não são negociáveis. “Este é o ponto de partida do nosso diálogo com os EUA e outros países que desejam contribuir construtivamente para a resolução do conflito”, afirmou.

“Precisamos de uma configuração de soluções negociadas que elimine as causas profundas do conflito e garanta uma paz sólida no contexto da construção de um sistema de segurança eurasiano e global indivisível”, acrescentou.

Bruxelas

The Guardian informa que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, elogiou o novo pacote de sanções após conversar com o secretário Bessent. “Com a adoção iminente do 19º pacote de sanções da UE, este é um sinal claro de ambos os lados do Atlântico de que manteremos a pressão coletiva sobre o agressor”, disse em comunicado.

O Reino Unido já havia imposto sanções à Rosneft e à Lukoil na semana anterior, enquanto a União Europeia manteve restrições apenas à estatal Rosneft, poupando a Lukoil — empresa privada — devido a exceções concedidas à Hungria e à Eslováquia, fortemente dependentes do petróleo russo.

Bruxelas prepara agora seu 19º pacote de sanções, que deve incluir a proibição da importação de gás natural liquefeito russo, restrições a navios da chamada “frota paralela” de petroleiros e medidas adicionais contra bancos e empresas que ajudam Moscou a contornar as punições existentes.