Rússia reage a sanções europeias e confirma nova rodada de negociações com Ucrânia
Terceiro diálogo entre as partes ocorrerá novamente com intermediação da Turquia
A Rússia anunciou nesta terça-feira (22/07) uma nova lista de pessoas proibidas de entra no país, em medida adotada como resposta aos recentes pacotes de sanções lançados pela União Europeia contra o país (desde 2022, já foram implementados 18 pacotes).
Junto com a nova lista, Moscou divulgou um comunicado criticando as sanções europeias, classificadas como “unilaterais e ilegítimas do ponto de vista do direito internacional”, além de afirmar que elas “minam as prerrogativas” do Conselho de Segurança, principal instância da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Em resposta a essas ações hostis, a Rússia ampliou significativamente a lista de representantes de instituições europeias, Estados-membros da União Europeia e de vários Estados europeus que estão se integrando à política antirrussa de Bruxelas”, explicou o governo russo.
Terceira rodada de negociações
A medida adotada pelo Kremlin foi apresentada horas depois de representantes dos governos da Rússia e da Ucrânia confirmaram que participarão da nova rodada de negociações visando um cessar-fogo na guerra entre os dois países.
Esta terceira rodada, previsa para começar nesta quarta-feira (23/07), terá como sede a cidade de Istambul na Turquia, e terá o chanceler turco Hakan Fidan como mediador.
Vale lembrar que a segunda rodada também ocorreu em Istambul, em abril passado, enquanto a primeira, realizada em março, foi sediada em Riad, na Arábia Saudita, e mediada pelos Estados Unidos.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta terça que seu país está pronto “para trabalhar da forma mais produtiva possível pela libertação das pessoas que estão em cativeiro, pelo retorno das crianças sequestradas, e para colocar fim à matança e preparar uma reunião de líderes para um encerramento real deste conflito”.
“Nossa posição é a mais transparente possível. A Ucrânia nunca quis esta guerra, e é a Rússia que deve finalizar a guerra que ela mesma começou”, acrescentou o mandatário ucraniano.

Rússia criticou medidas ‘unilaterais e ilegítimas’ impostas pela União Europeia ao país
Ekaterina Chesnokova / Sputnik
Por sua vez, o porta-voz russo Dmitry Peskov, afirmou que seu país pretende “atingir os objetivos que estabelecemos desde o início do conflito, que é o de proteger os interesses do nosso país”.
Porém, o funcionário do Kremlin agregou uma visão mais pessimista sobre um possível acordo abrangente, alegando falta de vontade de Kiev em “admitir as novas realidades geopolíticas” geradas a partir do conflito.
“Não acreditamos em milagres ou reviravoltas imprevistas, mas gostaríamos de chegar a algum acordo esta semana, mesmo que seja apenas para troca de prisioneiros civis e militares, além da restituição de corpos de soldados de ambos os lados”, completou.
Memorando com a Rússia
Também nesta terça, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, classificou como “inspirador” e como “exemplo de consenso internacional” o memorando escrito entre representantes do organismo e diplomatas russos sobre exportações agrícolas, vigente desde 2022, mas que expira nesta mesma terça-feira (22/07).
Guterres também pediu para que o documento seja avaliado o mais rápido possível pelo Conselho de Segurança, principal instância interna da ONU, para que possa ser renovado.
“Esforços como este memorando demonstram o que podemos alcançar por meio da mediação e dos bons ofícios das Nações Unidas, mesmo nos momentos mais desafiadores”, disse Guterres.
No entanto, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Vershinin, chamou a atenção, no início de julho, sobre o fato de que Moscou estava insatisfeita com a implementação do memorando, citando a falta de avanços em áreas como a exportação de amônia e a importação de peças para equipamentos agrícolas.
Moscou também acusa os países do Ocidente de defenderem uma “posição negativa” que teria sido responsável por falhas na execução do acordo.























