Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo russo informou nesta quarta-feira (18/12) que prendeu o responsável pela morte do chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas da Rússia, o tenente-general Igor Kirillov.

Trata-se de um cidadão do Uzbequistão, de 29 anos, que confessou ter instalado e detonado o explosivo que matou o Kirillov e seu assistente.

A bomba foi colocada em um patinete elétrico estacionado diante do edifício residencial onde o tenente-general morava.

O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) assumiu a responsabilidade pelo atentado, o que foi confirmado pelo suspeito.

Ele disse que os agentes ucranianos lhe ofereceram 100 mil dólares e residência em um país europeu. No dia anterior (16/12), o SBU havia emitido mandado de prisão para Kirillov por supostos crimes de guerra.

Segundo os investigadores russos, o suspeito explicou que alugou um veículo e instalou nele uma câmera wifi para observar quando o general sairia do edifício.

Os organizadores do atentado acompanharam as imagens desde a cidade ucraniana de Dnepropetrovsk e, à distância, detonaram os explosivos no momento exato.

Os responsáveis pela investigação na Rússia disseram que estavam buscando outros envolvidos, e o jornal Kommersant informou que havia ao menos outro detido.

Outros atentados

O general é o russo de mais alta patente assassinada pelo SBU longe do front desde o início da guerra.

Moscou atribui à Ucrânia também a morte de Darya Dugina, filha de um ideólogo nacionalista russo, do blogueiro pró-guerra Vladlen Tatarsky e de um comandante de submarino russo.

Os Estados Unidos e Reino Unido acusam Kirillov de ser parcialmente responsável pelo suposto uso de armas químicas contra as tropas ucranianas.

Ambos os países chegam a mencionar o uso de cloropicrina, outro agente tóxico. O uso de ambos está proibido no campo de batalha.

Em outubro, o Reino Unido submeteu o general a sanções por essas acusações. Moscou nega veementemente ter feito uso de armas químicas contra tropas ucranianas.

Palácio Kremlin

Diego Delso / Wikimedia Commons
Governo russo prendeu suspeito e chamou atentado de terrorismo

Armas biológicas dos EUA

O general, por seu lado, fez inúmeras denúncias nos últimos anos sobre o desenvolvimento de armas biológicas pelo Pentágono em território ucraniano.

As acusações foram feitas depois que as tropas russas entraram em laboratórios norte-americanos instalados naquele país.

Em março de 2022, ele apresentou documentos que, segundo o general, mostravam como laboratórios financiados pelo Pentágono estavam desenvolvendo na Ucrânia armas biológicas usando morcegos e aves.

Esses documentos descreveriam experimentos feitos com a população ucraniana, além da exportação aos EUA de mostras biológicas destinadas a fins ofensivos.

Kirillov qualificou, em setembro de 2023, os laboratórios biológicos norte-americanos de ameaça biológica, citando um laboratório ilegal da Califórnia de estaria armazenando patógenos de covid-19, HIV e hepatite.

Ele também disse que a Ucrânia usou munição química DM-15 camuflada como projéteis de fumaça em Sudzha, na região russa de Kursk.

‘Ucrânia é ferramenta dos anglo-saxões’

Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que Moscou levaria o assassinato de Kirillov para ser discutido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 20 de dezembro.

“Vemos que o regime de Kiev mais uma vez assumiu a responsabilidade por um novo ataque terrorista. Todos esses perdedores do SBU e o regime louco de Kiev são todos ferramentas gerenciadas pelos anglo-saxões. Eles são os principais beneficiários do terrorismo de Kiev”, disse Zakharova.

O Departamento de Estado dos EUA disse na terça-feira (17/12) que o país não tinha qualquer relação ou conhecimento do atentado.

Um porta-voz do primeiro-ministro britânico Keir Starmer disse que Kirillov havia “propagado uma invasão ilegal e imposto sofrimento e morte ao povo ucraniano”.

O presidente russo, Vladimir Putin, reafirmou que as ações de seu país na Ucrânia visam unicamente proteger a Rússia contra a expansão da OTAN